Notícias de Mariana, Ouro Preto e região

Hoje é sábado, 4 de maio de 2024

ELEIÇÕES 2024 – Manoel Douglas (Partido Verde)

Entrevista inaugura a série relacionada às eleições de 2024, em Mariana

Manoel Douglas, durante entrevista concedida à Agência Primaz
Foto: Captura de tela/Agência Primaz

Em entrevista gravada no estúdio da Agência Primaz, em 18 de abril, Manoel Douglas, vereador e presidente do Partido Verde, fala de sua trajetória, da atuação na Câmara Municipal, analisando ainda o quadro político de Mariana, com vistas às eleições de outubro deste ano. Confira, neste texto, algumas das declarações do vereador e confira, no link, o vídeo completo da entrevista.

*** Continua depois da publicidade ***

Banner Anuncie aqui, versão 6

Quem é Manoel Douglas?

Eu sou nascido em Sete Lagoas, morei por um tempo do Norte de Minas. Meu pai também é do Norte de Minas, da região de Montes Claros. Minha mãe é nordestina, cearense, batalhadora, criou cinco filhos com muita garra.

Desde os 11 anos de idade, sempre trabalhamos na área do comércio. Iniciei, inclusive, como vendedor ambulante, então, a vida inteira nossa é pelas ruas, com o povo, correndo atrás do sustento de cada dia.

E acabou que vim trabalhar, quando saí do Norte de Minas, que vim trabalhar na região de Coronel Fabriciano. Foi onde que iniciei minha carreira profissional, quando eu estava ganhando a maioridade.

E depois passei por Ponte Nova por um período. E acabou que trabalhei no Laticínio Porto Alegre, lá em Ponte Nova. Acho que com carteira assinada foi o meu primeiro emprego. Lá eu iniciei virando lata de leite, passei por todos os setores até chegar na expedição, na parte de contabilidade e saí de lá como chefe de expedição, chefe de faturamento.

Aí eu vim para Mariana, porque Mariana sempre foi uma potência, aqui sempre girou mais recurso financeiro, tanto que a arrecadação nossa é bem alta, acabou que isso me trouxe para a Mariana. Isso há mais ou menos uns 20 anos atrás.

E aí, aqui, apaixonei com a cidade. É uma cidade aconchegante, uma cidade acolhedora. E a cidade que eu nasci, eu não cheguei a ficar um ano. Então, assim, Mariana passou a ser a minha cidade, então, hoje eu considero Mariana como minha casa.

Ver mais entrevistas

Inscreva-se nos grupos de WhatsApp para receber notificações de publicações da Agência Primaz.

Ingresso na política

A gente já vinha fazendo um trabalho por todos esses anos, junto ao comércio, sempre tentando ajudar a nossa comunidade. Nós somos idealizadores do Arraiá Santa Rita de Cássia, lá no bairro Santa Rita, onde eu tinha o meu comércio. E aí, acabou que essa ideia foi expandindo, e, quando passou a pandemia, acabou que eu estava como vereador, e aí se tornou Arraiá Cidade Alta.

Esses eventos a gente fazia na comunidade, sempre muito próximo da população, sempre praticante de esporte também, jogava futebol nos times do bairro, sempre em apoio ali à comunidade, como comerciante mesmo. E nunca com intuito político, não tinha nada assim, essa pretensão política.

Aí resolvi entrar no curso de Direito, e é onde você começa, como se diz, entender mais da política. Quando você está como comerciante, muitas vezes você quer falar assim, eu não dependo de política, eu tenho meu trabalho e muitas das vezes você quer afastar da política. E eu era dessa forma, o que é um erro da nossa população, que é um erro do cidadão.

Tipo assim, olha, eu não quero, inclusive era uma fala minha, eu não quero mexer com política, tem muita coisa errada e eu não vou mexer com isso.

Eu posso até dizer, dentro da nossa faculdade, eu tinha alguns professores ali, excelentes professores, que orientavam muito. Eu posso dizer um, que é o Israel Quirino, que era professor de Direito Constitucional.

Aí, foi automaticamente ali, a gente conversando mais de política, mostrando as ideias que a gente tem em política e muitas das vezes, eles, né, eu acho que é um papel muito importante do professor mostrar o que é a realidade política ‘pra’ gente.

Ah, eu não quero isso, eu não vou mexer com isso. E, às vezes, tem um professor virando ‘pra’ gente. “Pô, você é um cara que tem potencial, é um cara que tem uma boa presença, é um cara que tem uma boa articulação. Eu acho que você falar que não quer entrar e apenas criticar, aí eu te pergunto, o que você está fazendo? Se você está ruim, o que você está fazendo para mudar?

Isso juntando com a comunidade que tinha aquela carência de não ter um representante, que hoje tem, hoje está eu e tem o Maurício da Saúde, que também é morador lá da comunidade, mas naquele período não tinha nenhum representante ali no maior bairro da cidade.

Juntando essa carência, junto com esse trabalho que eu estava tendo dentro do curso de Direito, as pessoas procurando…Aí, como se diz, um me mostra o que é política lá na faculdade, e a população me cobra que eu tenho que entrar.

E acabou que aquilo ali foi aos poucos, eu fui um pouco resistente, vou te dizer que eu fui até bem resistente. As pessoas enxergavam em mim essa liderança, mas eu tentando transmitir isso, e você sabe que transferir voto é a coisa mais difícil que tem, né?

Um dia, certo momento, eu tive uma reflexão, eu entendo a necessidade, eu entendo que o bairro precisa também e tudo mais. Não só o bairro, mas cidade também, né, sempre batia naquela tecla de renovação e renovação às vezes não é troca, às vezes também é renovação de ideias e tudo mais. E aí, eu falei assim: “Vamos de mansinho então, vamos fazer o seguinte, já que vocês estão insistindo, o pessoal está comentando, vamos ver, porque eu não estou muito confiante nisso não. Vamos começar a conversar com os amigos mais próximos”.

Para que eu fui falar isso? Aí o apoio apareceu. Aí começou, as pessoas paravam na porta e foi aquele incentivo. Toda hora, eu nem passava nas ruas, eu estava limpando ali a entrada da garagem e vinha: “Aqui, estou sabendo aí, você vem mesmo [como candidato]? Pode contar comigo, nós estamos precisando de um cara igual a você aqui”. E acabou que esse incentivo natural dos amigos, da população fez com que eu entrasse na política.

Governos municipais interinos

Durante o governo interino de Edson Agostinho, Manoel Douglas ocupou a vice-presidência da Câmara de Mariana
Durante o governo interino de Edson Agostinho, Manoel Douglas ocupou a vice-presidência da Câmara de Mariana – Foto: Luiz Loureiro/Arquivo Agência Primaz

Eu sempre fui muito de encarar a realidade. Não me abati, fui fazer o meu trabalho, mas foi triste para a Mariana, porque esse período que o Celso ficou fora, não foi respeitada a soberania popular do voto.

Eu tenho uma crítica ao nosso ordenamento jurídico. Se um candidato vai às urnas, ele tem que assumir, tem que respeitar a soberania popular, ou que seja resolvido antes. Porque se o candidato não pode, se tem algum problema, então deveria ser resolvido antes mesmo, porque a população escolheu, confia nele. Se a população votou, confia nele, ou seja, ele deveria ter assumido. E se ele não tivesse o direito, eu acredito que ele também não teria ido para a urna.

Então, infelizmente, o nosso ordenamento tem várias brechas, vários entendimentos, e Mariana perdeu muito com isso.

Não foi fácil, eu falo assim que não foi fácil, mas eu acho que me ensinou muito. Eu aprendi de forma muito… Eu acho que foi uma faculdade diferente ‘pra’ mim, porque essas mudanças me fizeram aprender de forma bem mais rápida, porque eu tive vários momentos diferentes. Teve um mandato de 2021 para 2022 até o meio de 2022, que foi com o Juliano, depois entrou o Ronaldo concluindo o ano de 2022, e o Leitão até o mês de agosto assumiu no ano de 2023.

Infelizmente, eu acho que fica aquela tristeza do grupo político que estava com a ideia, estava não, está, mas só que o tempo encurtou muito, estava com a ideia naquele momento de alavancar a Mariana.

Foi uma situação bem difícil aquele momento de gestão, mas eu acho que quem perdeu com isso, infelizmente, foi Mariana. Porque pelo recurso financeiro que entrou, pelo tempo que teve, eu acho que Mariana poderia ter feito muito mais do que foi feito nesses anos, se tivesse assumido o prefeito eleito.

*** Continua depois da publicidade ***

Banner Anuncie Aqui versão 5

Manoel Douglas transitou da oposição para a base de governo

O Celso tem tentado, mas tem tido também dificuldade, já que ele assumiu no final de agosto, né? Aí é uma situação que, muitas das vezes, as pessoas criticam a situação do governo agora. Olha, tem coisa que ‘tá’ ruim, é buraco, são várias situações, mas são situações que não foram criadas pelo Celso Cota, né? Então as pessoas têm que ter esse entendimento, principalmente na situação que ele assumiu.

Vamos relembrar aqui, em agosto para setembro, quando ele assumiu, no finalzinho de agosto, a gente lembra que tinha aquela questão do hospital que estava para parar por falta de pagamento, tinha problema com cooperativa, eram vários fornecedores da cidade que reclamavam, inclusive vários meios de comunicação, jornalistas… Não sei se você tinha esse tipo de problema de pagamento também, mas vários me procuraram falando que estava tendo um problema de nota.

Então estava aquele caos em questão de pagamento e também, além de ter mais de 30 milhões de notas para pagar, tinha um déficit previsto de fechamento do ano de 2023 de 60 milhões de reais.

Inclusive, eu escutei do Romulo Passos um dia, que falou: “Olha, o maior feito desse governo será conseguir pagar. Só de apagar as contas que tem para pagar, será o maior feito desse governo”.

E o Celso, mesmo diante disso tudo, você pegar com 60 milhões de déficit, o serviço já vem comprometido, a situação de Mariana já não estava legal naquele momento. E aí você tem que chegar e falar assim, vou ter que reduzir ainda mais o serviço, ou seja, vou ter que piorar ainda mais? Às vezes a população não consegue ter essa leitura do que que vinha acontecendo, do quê que enfrentou, mas ele encarou isso com muita experiência, né? O Celso já tem essa experiência de vários mandatos, né?

E eu fiquei até muito surpreso da forma que ele conduziu essa questão dessa crise, desse déficit, dessas notas que tinha para pagar e conseguiu fechar o ano de 2023 ainda com as contas equilibradas. Quando você encontra essa situação, você não vai conseguir melhorar de forma veloz. E eu vejo que o Celso fez isso nesse momento. Colocou a casa em ordem, equilibrou as contas para falar assim, agora nós podemos melhorar os serviços na nossa cidade. Isso aí mostra, só esse período, mostra o quanto teria sido diferente se o Celso tivesse assumido no ano 2021.

Federação PT/PV/PcdoB

A gravação da entrevista com Manoel Douglas foi feita dia 18, no estúdio da Agência Primaz
A gravação da entrevista foi feita dia 18, no estúdio da Agência Primaz – Foto: Gustavo Ferreira/Assessoria Manoel Douglas

Por mais que seja uma federação, o PV continua com as discussões, com as bandeiras do Partido Verde, o PT continua com a mesma caminhada do PT e o PCdoB também com a sua caminhada, né?

Só que nessa federação, que não é uma coligação que é feita aqui, é uma coisa que vem de cima para baixo, ficou como obrigatório caminhar os três partidos juntos para montar uma chapa dentro dos três partidos.

Eu acredito que em outros locais tiveram mais dificuldades que aqui em Mariana.

Primeiro porque a gente tem uma facilidade muito grande de diálogo, acho que pela conjuntura de Mariana. Então como já tinha esse alinhamento em 2020 [PT e PV participaram da coligação que elegeu Celso Cota, então no MDB], ‘pra’ gente já foi muito mais fácil.

Eu tenho um diálogo muito bom tanto com a presidente do PT, Aída, a gente tem uma conversa muito estreita, tem um entendimento muito bom junto com os pré-candidatos também com a frente do partido. O nosso partido também dialogou muito com o PcdoB, o Dinei [presidente do PcdoB] é um cara muito bom de diálogo, veio para contribuir

Tanto que inicialmente o combinado, dentro da federação seria, cinco homens e duas mulheres para o PT, cinco homens e duas mulheres para o PV, que daria 14, e um homem e u mulher para o PCdoB. Quando eu falo assim, essa proporção de um para o outro, é porque também não é a federação que é obrigatória lançar 30% de mulheres, não. 00:25:51

Cada partido tem a obrigação de lançar os 30%, então foi dividido dessa forma por isso.

Mas também ficou muito bem alinhado, né, para o fortalecimento de grupo, o fortalecimento da federação, que se caso tivesse também candidatos, assim, com maior potencial, vamos supor, olha, algum que foi testado, que vem com trabalho, que isso aí você vai fazer uma leitura dentro do partido. Nós vamos analisar o perfil e a gente pode ceder uma vaga de um para o outro.

Mas a gente procurou tentar tratar o máximo possível para a gente deixar já bem encaminhado, bem ajustado com os pré-candidatos possíveis, para também não frustrar pessoas que possam vir para o partido e depois falar que não possam ser candidato. Então a gente também teve esse cuidado dessa construção, de quem almeja ser um pré-candidato.

É lógico que ainda é só na convenção que vai decidir. Mas já tem um entendimento dos nomes, praticamente, que o grupo entende que vai poder ser os candidatos futuros.

Mas, lógico, nada impede que possa mudar algo. Eu só acredito que não mude muita coisa, porque já foi um trabalho muito bem ajustado e muito bem dialogado.

Quadro político atual e perspectivas para as eleições em outubro

Olha, eu acho que é natural, quando você fala em base de governo [chapão composto por nove dos atuais 15 vereadores], eu falo que em 2021 eram 11 vereadores na base. Era a mesma situação, praticamente a mesma situação de hoje.

Então, automaticamente, esse modo de pensar que tudo que [Celso] mandar vai ser aprovado. Eu acho que é natural disso acontecer, mas não significa que exatamente tem que ser assim, porque o Celso é muito aberto ao diálogo.

Mas, automaticamente, quando você tem um alinhamento de base de governo, você tem um alinhamento de ideias, qualquer divergência que tem é muito fácil de ser tirada de um grupo. Então, essa harmonia, hoje eu vejo junto com todo grupo, os projetos que estão vindo são todos para beneficiar a população.

Em relação ao posicionamento da federação, a tendência, até por aquela análise que a gente fez, de como foi encontrado o município, pelo trabalho que está se desenvolvendo, por a gente já ter sido parte, já fazer parte desse grupo que acompanhou em 2020, a gente faz parte da base do governo Celso.

Então, a gente está ali para defender, vamos dizer assim. Defender não quer dizer que é defender o governo, porque muitas vezes as pessoas acham que quem está na base do governo, é simplesmente ir lá e defender. Não, pelo contrário. Vai lá, fala amém e pronto? Não, não, não. Aqui o que eu falo é que é defender o interesse da população.

Então, tudo que chega, a gente está ali para contribuir, e a gente faz um trabalho muito forte de base. Eu sempre falo de não ter dificuldade de trabalhar com nenhum prefeito que queira fazer o bem para a população. Você está ali e quer fazer o bem? Lógico que eu vou trabalhar. Se eu estiver ali, eu vou trabalhar para tentar fazer o melhor.

Lógico que, quando tiver uma divergência, eu entender que não está fazendo bem, aí a gente vai acabar comprando a briga. E eu vejo, assim, que hoje a federação, esse alinhamento que a gente tem, o PV e o PT, a gente faz parte do governo Celso Cota. A gente tem o grupo que está caminhando juntos.

Banner Anuncie aqui, versão 4