- Mariana
Agentes culturais participam de Conferência Municipal de Cultura
Com o tema democracia e direito à cultura a conferência contou com apresentações culturais e palestras
Na quarta-feira (29) da semana passada, o Centro de Convenções Alphonsus de Guimaraens recebeu a IV Conferência Municipal de Cultura de Mariana, com o tema Democracia e Direito à Cultura. A conferência teve como objetivo discutir e debater com os produtores culturais da cidade as políticas culturais do município, com organização do Conselho Municipal de Políticas Culturais, e apoio da Secretaria de Patrimônio Cultural e Turismo. O encontro contou com a presença de produtores de diferentes áreas da cultura marianense, incluindo a Folia de Reis de Cuiabá e o Zé Pereira da Chácara, entre outros.
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Constituição do Conselho Municipal de Cultura
A conferência foi também o momento de votação dos 16 representantes da sociedade civil no Conselho de Cultura de Mariana, que tem caráter consultivo e é composto por 32 integrantes, sendo os demais 16 indicados pelo poder público. A cada nova eleição, a presidência é alternadamente exercida por representantes da sociedade civil e do poder público. Para o próximo biênio, entretanto, somente foram eleitos 11 representantes da sociedade civil e aguarda-se a nomeação dos integrantes ligados ao poder público, para que, em eleição interna, seja escolhido(a) o (a) presidente.
Membros eleitos do Conselho de Cultura
- Artes visuais: Geraldino Pereira (titular) e José Roberto Magalhães Graomogol
- Artes Cênicas: Alcides Ramos
- Literatura e Pesquisa: João Marcos Pereira (titular) e Jaqueline Antunes
- Música – Caio Duarte
- Artesanatos e produtores caseiros: Raimunda Santos (titular) e Karen Oliveira;
- Cultura popular e Patrimônio: Leandro Henrique dos Santos (titular) e Lorrayne Débora Alves
- Músico de Banda: Leandro Pablo dos Santos Xavier
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Palestras da Conferência Municipal de Cultura
O evento contou com palestras de Xisto Siman e Antônio Caeiro que conversaram com o público sobre a cultura como diferenciação econômica para o município. Antônio é sócio-diretor da Planeta Cultura & Sustentabilidade, empresa de design e projetos em setores criativos, e iniciou sua fala fazendo uma reflexão sobre trabalhar com cultura ser uma tarefa coletiva e que todos os produtores culturais devem trabalhar em conjunto e não uns contra os outros.
Ao continuar a palestra o sócio-diretor da Planeta Cultura & Sustentabilidade trouxe sua preocupação sobre a escassez de dados sobre produção cultural na cidade, deixando como sugestão, para os próximos delegados do conselho, o mapeamento e a criação de dados que auxiliem a entrada de recursos para a área cultural. Antônio ainda comentou sobre a potência da economia criativa como diversificação econômica de Mariana.
“Fomento é o conjunto de instrumentos e políticas públicas que garantem o estímulo à criação e à circulação dos bens culturais. Fomento é fermento. Quando você coloca o fermento em um bolo, o que vai acontecer? Então, o fomento é fermento. Se não tiver fomento, encolhe o grupo, qualquer grupo cultural que vocês participam. Se não tiver estímulo das pessoas, ânimo, o que é que acontece? Encolhe”, declarou Caeiro.
Xisto Siman foi o segundo palestrante da manhã, responsável por ser o exemplo dos dados trazidos por Antônio Caeiro. Xisto é multiartista, palhaço e um dos fundadores do Circo Volante, responsável pelo Encontro Internacional de Palhaços. Durante sua apresentação na Conferência Municipal de Cultura, ele falou sobre todo o labor que é necessário para construir todos os projetos que ele realiza.
O multiartista descreveu sua trajetória até chegar em Mariana, inclusive a oficina que participou, quando era jovem, e que o fez se encantar pela arte. Outra parte de sua trajetória foi o Grupo Stronzo, responsável por sua vinda e de muitos outros agitadores culturais para Mariana.
“A gente era todo mundo classe média baixa. Para a gente dar certo, a gente precisava sobreviver das coisas que a gente fazia. Para a gente dar certo, a gente precisava ganhar dinheiro para sobreviver. Qual foi a nossa opção na época, vamos começar a investir no teatro de rua”, revelou Xisto.
O palestrante ainda contou sobre os sucessos que os projetos realizados por ele alcançaram, tais como aparições em televisão, prêmios e a conquista de uma sede. Durante a palestra ele trouxe, em números, a quantidade de empregos gerados em todas as edições do Encontro Internacional de Palhaços. “Uma coisa importante, mais de 950 trabalhos diretos gerados nesses 13 anos de encontro”, declarou, ressaltando que o entorno, os patrocínios e as leis de incentivo contribuem muito para que os eventos culturais aconteçam.
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Mesa de abertura
A mesa de abertura teve a presença do secretário de Patrimônio Cultural e Turismo, Marcos Eduardo Batista; do vereador Ítalo de Majelinha (PSB); do representante da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Thiago Caldeira; da atual presidente do conselho, Ana Cláudia Rôla Santos e do representante da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fernando Mencarelli.
A presidente do conselho, Ana Cláudia Rôla, iniciou sua fala relembrando a importância da participação dos agentes culturais da cidade na Conferência Municipal de Cultura. “Essa conferência, o Conselho de Cultura, é dele que depende toda a gestão da cultura do município, no sentido de investimento, de políticas públicas para os fazedores de cultura da cidade”, afirmou.
Ana Cláudia frisou a necessidade de pensar coletivamente as ações públicas para a cultura do município, destacando que “a gente aqui pensa, infelizmente, individualmente, na minha carreira individual, eu sou um artista individual, eu ‘tô’ produzindo individualmente. Mas a gente precisa de uma política coletiva. E essa política coletiva, gente, ela vai influenciar muito nos recursos que virão para esse município”.
Durante seu discurso o vereador Ítalo ressaltou a importância dos conselhos como forma da sociedade civil ser ouvida para construção das políticas públicas para diferentes áreas. Para o vereador a cultura vem passando por uma forte expansão democrática de público. “Por muitos anos a cultura foi elitizada, ela foi, às vezes, colocada para a população que só uma parcela dela poderia ter acesso, quando é exatamente o contrário. A cultura é feita para todos, a cultura pertence a todos”.
O secretário de Patrimônio Cultural e Turismo, também representando o Prefeito Municipal, falou sobre a construção da primeira conferência realizada durante seu mandato, e sobre o processo de participação do conselho, baseado na escuta. “Dez meses de gestão cada vez mais sobre a possibilidade de uma escuta coletiva, sobre um trabalho de conjunto para construção de política pública”.
Eduardo Batista fez observações sobre a função de artistas como observadores e a respeito de como essa função tem que estar em consonância com as políticas públicas. “O artista, ele é um constante observador, porque a gente absorve da nossa relação cotidiana para transfigurar na energia extra cotidiana e apresentar o nosso ofício. E essa constância da observação, ela tem que dialogar diretamente com a política pública“, refletiu o secretário.
O representante da Ufop, Thiago Caldeira, iniciou sua fala comentando sobre o tempo de atuação da instituição em Mariana, frisando o compromisso da universidade como um espaço aberto ao público e que também ajuda a fomentar a cultura da região. Já o representante da UFMG, Fernando Mencarelli, reforçou o papel da universidade pública como um espaço de cultura, além de frisar que a instituição está de portas abertas para contribuir com a cultura da cidade na medida do possível.
Atrações culturais
Antes da mesa de abertura, a Folia de Reis de Cuiabá fez uma apresentação guiando os participantes para a sala de reuniões. O coral do Recriavida iniciou as solenidades cantando o hino nacional e o hino de Mariana, antecedendo a formação da mesa de abertura do evento, seguida pela apresentação do grupo de dança Quilombola Nicolinas, agitando os ouvintes ao som de “Tá chovendo Fulô” e “Peneirei Fubá”.
Durante o evento os bonecos gigantes do Zé Pereira da Chácara ficaram expostos no Centro de Convenções e aconteceu uma feira de artesãos de produtores locais no corredor da sala das palestras.