- Mariana
Hospital Universitário de Mariana contará com 225 leitos
Financiado com recursos da repactuação pelo rompimento da barragem de Fundão, o projeto representa o primeiro hospital 100% público da Região dos Inconfidentes em mais de 300 anos

Uma visita ao terreno de 35.000m² onde será erguido o futuro Hospital Universitário da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) nesta segunda-feira (29), revelou a nova e impressionante dimensão do projeto e reforçou seu caráter de reparação histórica para a região. A confirmação da ampliação foi feita durante uma diligência de deputados e autoridades ao local da obra. Anunciado pelo presidente Lula no dia 12 de junho, quando visitou a cidade de Mariana, o hospital universitário será financiado com recursos da repactuação pelo rompimento da barragem de Fundão e orçado em R$ 220 milhões, é um marco por ser o primeiro hospital 100% público da Região dos Inconfidentes em mais de três séculos.
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Ampliação do hospital universitário
Localizado às margens da MG 129, o terreno onde o hospital será construído é o mesmo local onde seriam construídas as 1600 moradias prometidas no final de 2019, pelo então prefeito, Duarte Júnior. A expectativa é que o projeto do hospital, aproveite os platôs já existentes no terreno para a construção do novo hospital.
A principal novidade, no entanto, foi anunciada pelo reitor da UFOP, Luciano Campos, que confirmou a significativa ampliação da estrutura de atendimento. “A proposta entre a UFOP, a EBSERH (Estatal que gerencia os hospitais universitários) e a Prefeitura de Mariana já está fechada, é um hospital com 225 leitos“, revelou o reitor. Ele expressou entusiasmo com o salto: “Então vocês imaginam, a gente sai de 120 que a gente já estava assustado, a gente vai para 225 leitos. É um megaempreendimento“, comemorou.
Nessa mesma perspectiva, o deputado federal Padre João (PT) destacou a singularidade e a importância do empreendimento no contexto regional. “Esse será o primeiro hospital público de uma região inteira. Em 330 anos de história, nós não temos na região inteira um hospital público. Então a reparação é também histórica, porque ela fortalece o Sistema Único de Saúde“, pontuou o parlamentar.

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Diligência de autoridades e vontade política
A visita, chamada de “diligência” pelos parlamentares, reuniu uma comitiva diversa com o objetivo de acompanhar de perto o andamento do projeto e acelerar o processo. O deputado estadual Leleco Pimentel ressaltou a importância de ter “o pé da gente pisando na realidade.“
Estiveram presentes ainda o deputado estadual Celinho do Sinttrocel (PcdoB), a vice-reitora, Roberta Fróes, além de diretores e técnicos da universidade, representantes do Corpo de Bombeiros e o secretário de Saúde de Ouro Preto. Representantes dos atingidos pelo rompimento da barragem, como Mônica dos Santos, de Bento Rodrigues, e de movimentos sociais como o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) também participaram ativamente do encontro.

A celeridade do projeto de construção do hospital universitário é amparada por uma forte decisão política, conforme explicou o reitor Luciano Campos. “Existe aqui uma vontade política. Esse hospital está saindo porque o presidente Lula, porque o ministro Camilo Santana e porque o ministro Padilha bateram o martelo que tinha que sair um hospital em Mariana com recurso da repactuação“, pontuou.
O financiamento robusto foi garantido graças à nova repactuação, como informou o deputado estadual Celinho do Sinttrocel: “No acordo do governo passado estava previsto para a saúde R$ 500 milhões de reais. Do valor repactuado pelo governo presidente Lula para a saúde vai ser garantido R$ 12 bilhões de reais. Olha a diferença do que que um governo que pensa no povo, que pensa em fazer justiça“, celebrou o deputado.
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Memorial e compromisso com a memória das vítimas
A origem dos recursos, provenientes da reparação, foi um ponto de forte emoção durante o encontro. Mônica dos Santos, atingida da comunidade de Bento Rodrigues, fez um apelo para que a memória das vítimas da tragédia seja eternizada na construção.
“Eu gostaria de fazer um pedido quando ele for inaugurado, a gente colocar uma plaquinha com o nome das 20 pessoas, porque é através de lutas, é através de sofrimento que essa obra vai ser construída“, disse Mônica. Ela complementou, emocionada: “Não é uma obra política, mas é para as pessoas, pro mundo inteiro, saber de onde saiu o recurso para essa obra tão importante ser concluída. É uma obra que vem do sangue e da lama.“
A diretora da Escola de Medicina da UFOP, Keila Deslandes, aproveitou sua fala para firmar um compromisso com Mônica. Ela assegurou que o memorial será pensado no projeto desde o início para que ninguém se esqueça da importância das pessoas que perderam suas vidas na construção do hospital que certamente salvará outras tantas.

A diretora resumiu a expectativa coletiva, esperando que o hospital “seja de fato uma medida restauradora que possa aí oferecer algum conforto a mais, né, para especialmente para vocês aí que representam essa população tão sofrida“.
Saúde e desenvolvimento regional
A discussão durante a diligência também abordou necessidades específicas de saúde da população local. O deputado Leleco Pimentel levantou a urgência da criação de uma unidade de hemodiálise pública, citando o aumento de doenças renais após a contaminação da bacia do Rio Doce.
“O número de casos de pacientes com hemodiálise na bacia é astronômico. Então é o pedido que a gente faz aqui, a hemodiálise tem que ser pública“, defendeu Pimentel. A expectativa é que o novo Hospital Universitário ajude a suprir essa demanda crítica de alta complexidade.
Durante o encontro, foi esclarecido ainda que a expectativa é lançar a pedra fundamental do empreendimento no próximo dia 5 de novembro, data que marca os 10 anos do rompimento da barragem de Fundão e o próximo passo para que isso seja possível, é a doação do terreno, hoje em nome da Prefeitura de Mariana, para a UFOP. Apenas após a doação que as licitações podem ser lançadas.
O deputado Leleco Pimentel aproveitou para cobrar o governo estadual e se comprometeu a pressionar o governo Zema para que os R$300 milhões economizados no leilão que escolheu a empresa que irá duplicar a Rodovia dos Inconfidentes, seja direcionado para a duplicação do trecho da MG 129, “pelo menos até Antônio Pereira”.
Com a previsão de gerar cerca de 1.500 empregos diretos, o hospital universitário é visto não apenas como um avanço fundamental na saúde pública da região, mas como um motor para o desenvolvimento regional e impulsionamento da economia local.