- Mariana e Ouro Preto
Incêndio de grandes proporções atinge Parque do Itacolomi
Combate às chamas atravessou a noite e a BR 356, entre Ouro Preto e Mariana, precisou ser interditada
- Joyce Campolina
- Supervisão: Lui Pereira

Um trabalhador responsável pela manutenção da BR-356 foi preso em flagrante na noite desta segunda-feira (22) suspeito de causar incêndio florestal. O fogo se espalhou pela vegetação às margens do KM-102, em Mariana, as chamas, que chegaram a atingir cerca de 10 a 15 metros de altura, foram controladas apenas na manhã desta terça (23), após mais de 12 horas de combate. O caso foi detalhado em coletiva de imprensa, realizada no início da tarde pelas autoridades locais.
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Incêndio de grandes proporções
Dois homens foram detidos em flagrante sob suspeita de iniciar o incêndio, mas apenas um foi preso, devido ao relato de testemunhas. Segundo o delegado Marcelo Bangoim, trata-se de trabalhadores ligados a uma empresa terceirizada responsável pela manutenção da rodovia. “Um trabalhador, de maneira imprudente e criminosa, assumiu o risco ao estar com cigarro e isqueiro em área de vegetação seca. Foi feito auto de prisão em flagrante no artigo 41 da Lei de Crimes Ambientais, que prevê até quatro anos de reclusão”, afirmou. O delegado estipulou ainda fiança de R$15 mil, não paga pelo suspeito, que foi encaminhado ao presídio de Mariana. Ele nega envolvimento com o crime.
Segundo foto divulgada nas redes sociais, o suspeito vestia uniforme com a logomarca da Ethos Engenharia, terceirizada do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Questionado sobre o vínculo, Bangoim negou o envolvimento do DNIT e ressaltou que a foto do uniforme divulgada não é material oficial da Polícia Civil. “Essa identificação aí não é oficial, não foi tirada pela Polícia Civil”, disse.
Tiago Lage, presidente do Instituto Habitat, uma das brigadas responsáveis pela debelação do incêndio afirma que o acionamento ocorreu através do Jonas, coordenador da Ethos Engenharia, responsável pela manutenção da BR-356. “Ele acionou a gente ontem e pediu um apoio no combate e condução da pessoa pela tentativa, que não é um alinhamento com o que a empresa preconiza e depois disso questionamos a Polícia Municipal”, relata. Foi feita uma tentativa de contato com a empresa Ethos Engenharia, mas não obtivemos retorno até a publicação desta matéria.
Além da destruição ambiental, houve registro de danos materiais em uma residência próxima ao local, após o vento forte deslocar partes de um telhado metálico sobre a rede elétrica. A Defesa Civil acompanha a situação.
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Coletiva de Imprensa

Na tarde desta terça-feira (23), uma coletiva de imprensa para esclarecer detalhes sobre o incêndio florestal foi realizada na delegacia, com a presença do delegado Marcelo Bangoim, do secretário de Segurança Municipal, Ramon Magalhães, e do secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Proteção Animal, Alexandre Carneiro. Dentro do do encontro, Bangoim enfatizou a magnitude do crime ambiental. “Não sei se já teve algum incêndio aqui na região desse tamanho, mas desde quando eu cheguei, foi o maior aqui na região que eu vi”, afirmou.
Segundo as autoridades, o incêndio começou no início da noite de segunda-feira e ganhou grandes proporções por conta da vegetação seca, do vento forte e da proximidade com a área de mata nativa. As chamas chegaram a atingir de 10 a 15 metros de altura e ameaçaram a segurança de motoristas que trafegavam pela rodovia, que precisou ser interditada. O trabalho de combate envolveu o Instituto Habitat, o Corpo de Bombeiros Militar e Voluntários, as Brigadas Voluntárias e o IEF. O fogo foi considerado debelado às 10h30 da manhã desta terça-feira (23).
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Durante a coletiva, o secretário Ramon Magalhães detalhou a ação da Polícia Municipal, que precisou solicitar o envio de mais três viaturas, para tranquilizar a população e garantir o flagrante dos suspeitos. “Foi uma resposta rápida e o objetivo nosso é esse, dar uma resposta rápida à comunidade principalmente nessas questões ambientais cujo impacto é irreparável”. O secretário Alexandre Carneiro reforçou ainda os danos ambientais causados pelo incêndio, classificando a perda de biodiversidade como “gigantesca”.
O caso segue em investigação e tanto o delegado quanto o secretário de Meio Ambiente reforçaram que a empresa responsável poderá ser responsabilizada judicialmente, caso seja confirmada a relação formal de trabalho do suspeito. “A empresa responde pelos atos de seus prepostos”, declarou Carneiro.
Ainda sobre os prejuízos causados, Alexandre enfatizou a responsabilidade municipal e estadual sobre a reverberação de um incêndio dessa magnitude. “Então, logo que isso seja aquilatado, o que nós faremos juntamente com o Estado de Minas Gerais, com a CEMAC, com o IF, nós certamente tomaremos as providências para reparação desses danos causados.”, completou.
Monitoramento
Segundo o Secretário de Meio Ambiente, as duas brigadas estão mobilizadas 24 horas, cada uma destinada a uma parte da cidade, no objeto de cobrir de maneira abrangente o território municipal. “Nenhum foco até ontem tinha sido permanente por mais de duas ou três horas. As brigadas tinham conseguido conter os focos antes de se alastrar e virar um incêndio em grandes proporções, ontem, por força dos ventos e da condição meteorológica, essa realidade infelizmente não se manteve”, afirmou.
De acordo com Tiago Lage, o monitoramento se intensificou por volta das 6h desta terça (23). Segundo ele, diversos focos que aparentavam ser possíveis focos de reignição já foram identificados e foram monitorados. “Então identificamos vários focos, como troncos, locais com matéria orgânica, com possibilidade de reignição, então no momento não há indícios de incêndio ativo, já está debelado já”, disse.
Aumento do número de incêndios em Minas Gerais
O incêndio em Mariana ocorre em meio a um cenário de alerta em Minas Gerais. Segundo o Corpo de Bombeiros, apenas nos primeiros cinco dias de agosto foram registrados 656 focos de incêndio em vegetação no estado. Desde o início do ano, já são quase 10 mil ocorrências, impulsionadas pela estiagem, vegetação seca e ventos fortes. Em setembro de 2024, Minas Gerais registrava 446 focos ativos de incêndio.
Em matéria para o portal do G1, a corporação reforçou que a maioria dos incêndios é causada por ação humana, ainda que não intencional. A população pode denunciar queimadas criminosas ou situações de risco através do telefone 153, da Polícia Municipal, ou pelo Corpo de Bombeiros no 193.
