- Mariana
“Ser Barroca” une afeto, ancestralidade e ressignificação
Exposição, sob uma perspectiva de baixo para cima, evoca mulheridade e negrura ao recontar o Barroco a partir de narrativas historicamente marginalizadas

De 06 a 20 de setembro, na Sala de Exposições Cássio Antunes de Oliveira, no Terminal Turístico de Mariana, na sala o Barroco brasileiro ganha novas cores e narrativas com a mostra Ser Barroca. Surgido a partir do encontro de três educadoras negras na exposição da artista Sonia Gomes em Ouro Preto, o projeto propõe uma experiência artística que une corpo, memória e educação, convidando o público a repensar o passado colonial das histórias de mulheres e pessoas negras.
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Da mediação à criação do Ser Barroca
O projeto nasceu do encontro entre Luana Brunely, Mallu Caetano e Dani dos Anjos três arte-educadoras que atuaram como mediadoras na exposição da artista mineira Sonia Gomes, na galeria do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto.
A galeria do museu, que no período colonial funcionava como cadeia feminina, tornou-se um espaço de acolhimento e criação. Dentro da exposição, enquanto equipe educativa, o trio desenvolveu materiais teóricos e artísticos, desencadeando a reflexão do papel educativo da arte. “O educativo é a última coisa pensada dentro de um processo expositivo, normalmente é a contrapartida, aquilo que vai ser pensado por último. Então a gente pensou ‘como que é criar uma exposição a partir do educativo, construindo desse lugar?’”, explica Dani.
Ao trazer a experiência para Mariana, as educadoras mantiveram o cuidado de pensar o Barroco contemporâneo não apenas pelas obras ou pelo patrimônio histórico, mas pelas pessoas e suas experiências de vida. O conceito de negrura, presente na mostra, que exerce papel de eixo central do olhar das arte-educadoras, é mais do que a cor da pele, é um modo de existir, resistir e se relacionar em sociedade. Brunely diz que o Barroco está, majoritariamente, na população negra, nas suas contradições e exageros.
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Obras em diálogo com o processo
Entre os destaques da exibição, estão os uniformes, camisas bordadas criadas ao longo de toda a experiência, e que incorporam elementos de trabalhos individuais das artistas, e os autorretratos, que refletem a identidade de cada integrante.

A mostra inclui ainda cartinhas produzidas por crianças que participaram das oficinas educativas oferecidas, além de registros e materiais desenvolvidos durante essas atividades. Esses elementos reforçam o caráter participativo e pedagógico da exposição, onde cada gesto e criação se tornam parte da memória coletiva.
Todo esse processo também incentivou Brunely, Mallu e Dani a criarem a Galeria Gameleira, que ainda está em construção, como um espaço permanente de compartilhamento de suas pesquisas, oficinas, palestras e rodas de conversas, relacionado às epistemologias negras, ao feminismo interseccional e à religião de matriz africana.

