- Ouro Preto
CineOP destaca o humor das mulheres e homenageia Marisa Orth
A 20ª cerimônia reuniu artistas, curtas dirigidos por mulheres e premiou grandes nomes da educação e preservação audiovisual.

A cerimônia de abertura oficial da 20ª CineOP aconteceu nesta quinta-feira (26), na Praça Tiradentes. O público foi recepcionado pela Banda Sociedade Musical Senhor Bom Jesus das Flores, seguida da apresentação audiovisual “Preservação e Educação: a alma viva do cinema brasileiro”, que buscou articular preservação, história e educação, os três eixos da mostra. Além das apresentações, a programação também contou com a presença dos homenageados de 2025 e de uma sessão de curtas dirigidos por mulheres. A programação da Mostra de Cinema de Ouro Preto segue até segunda-feira (30).
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A apresentação em sons, imagens e movimentos dos eixos centrais da 20ª CineOP captou a atenção do público, que se encantou principalmente com a voz de Adrianna, uma das maiores cantoras de Belo Horizonte, e com o carisma de Inês Peixoto, atriz, diretora e dramaturga integrante do Grupo Galpão, uma das companhias mais importantes do cenário teatral brasileiro.
Também estiveram presentes na noite de abertura grandes aliados do CineOP, como a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ), a produtora executiva e criativa Joelma Gonzaga, também secretária de audiovisual do Ministério da Cultura e muitos outros.
Temática Histórica da 20ª CineOP
“O que o humor pode revelar sobre a cultura brasileira quando quem cria, atua e dirige são mulheres? Quem são esses corpos femininos que lideram os processos, que pensam as curadorias, que nos ajudam a ampliar e até subverter o que a gente entende por humor e por feminino?” Essas foram as principais questões da temática histórica na noite de abertura.
Partindo desse pressuposto a multiartista e atriz Marisa Orth foi a principal homenageada da noite e levou o prêmio da Temática Histórica do CineOP deste ano, que teve como tema o “humor das mulheres no cinema brasileiro”.
Marisa ficou muito agradecida pela homenagem. “É uma honra imensa. Quanta gente importante e relevante do cinema, que eu tenho tanto respeito. Ser artista reconhecida e estar fazendo parte desse evento tão importante é um sonho realizado”, comemora a atriz.

A intenção da temática foi destacar mais de uma geração de realizadoras e de atrizes na prática do humor no cinema, evidenciando carreiras extensivas à televisão. A partir disso, a 20ª CineOP já vem provocando uma reflexão irreverente, divertida, necessária e profunda sobre o lugar das mulheres no audiovisual brasileiro.
A atriz premiada e homenageada da noite comentou ainda que a cultura era muito importante na sua casa e o humor muito importante na sua vida. “Eu gosto do humor como ferramenta crítica. Eu não estou brincando quando faço piada. Humor é um negócio do cérebro, é inteligência. Dá um tesão aqui ó [apontando o dedo na testa] quando você acha uma piada”, relata.
Júlia Martins, estudante de jornalismo na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), participou pela primeira vez do evento, influenciada principalmente pela vinda de Marisa Orth. “Achei muito interessante a iniciativa de homenagear as mulheres do humor, porque é tido como um gênero menos importante e intelectual. O evento também é muito importante para democratizar o acesso e incentivar o interesse das pessoas pelo cinema brasileiro”, afirma animada com a programação.
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Homenageados da 20ª CineOP
Como parte das comemorações dos 20 anos da CineOP, foram concedidos outros dois prêmios como parte das homenagens a grandes nomes do cinema e da educação.
Nesse contexto, o Prêmio Cinema e Educação foi entregue à socióloga e educadora Maria Angélica dos Santos, servidora pública que usa o cinema como ferramenta de emancipação e transformação social, com uma trajetória entrelaçada à construção de políticas públicas de cultura e educação em Porto Alegre.
O prêmio reconhece sua dedicação à integração do cinema no ambiente escolar, uma vez que promove a alfabetização audiovisual e a formação crítica de alunos e professores.
Além de Maria Angélica, o professor associado da Universidade Federal Fluminense e doutor em Cinema Studies pela Universidade de Nova Iorque, João Luiz Vieira, também foi homenageado com o Prêmio Preservação, idealizado a partir da crescente necessidade de ações concretas para a salvaguarda dos acervos audiovisuais do país.
O professor é, portanto, um personagem central para a construção de um modelo de formação voltado à preservação audiovisual na universidade, dedicado também à formação, à valorização da memória e à construção de redes que sustentam o audiovisual como patrimônio coletivo.

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Sessão de filmes
A 20ª CineOP vai exibir, durante sua programação, uma seleção de filmes dirigidos ou protagonizados por mulheres. Dessa forma, a sessão de abertura contou com o protagonismo feminino em ação.
O primeiro curta exibido foi “A Mulher Fatal Encontra o Homem Ideal” (1987), da diretora Carla Camurati, seguido por “A Origem dos Bebês Segundo Kiki Cavalcanti” (1995), de Anna Muylaert, que estava presente no evento.
Eliana Fonseca, diretora do curta “Esconde-Esconde” (1988), e Sandra Kogut, diretora do curta “Lá e Cá” (1995), também estiveram presentes para exibição dos seus curtas.

Vale mencionar que a Universo Produção, idealizadora da CineOP, e a Cinecolor fizeram uma parceria e entregaram à diretora Eliana o prêmio Preservação, que consistiu no processamento da cópia em 35mm para arquivo digital de “Esconde-Esconde”, o que viabilizou a sua exibição na 20ª edição.
Para fechar a sessão, o último curta exibido foi “A Má Criada” (1993), de Sung Sfai.
CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto
A CineOP foi criada em 2006 e idealizada pela Universo Produção, com o objetivo de tratar o cinema como patrimônio ao preservar o audiovisual, a memória e a história.
Desde sua fundação, o evento é palco de encontros e decisões do setor de preservação, que exige cada vez mais atenção e políticas públicas. Também constitui um fórum privilegiado do patrimônio cinematográfico brasileiro ao ocupar um lugar de destaque no cenário nacional de festivais e mostras de cinema.
Em anos anteriores, o evento já lançou luz sobre diferentes vozes e narrativas, como na 17ª edição, relembrada com destaque na noite de abertura, que teve como destaque a produção audiovisual indígena.
Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordenadora geral da CineOP, defende que nenhuma nação se sustenta sem memória e nenhuma sociedade se constrói apenas pelo que produz no presente, por isso a preservação é uma ação fundamental para o desenvolvimento de uma nação. “Imagens e sons do passado, documentados, estudados e transmitidos que constroem o tecido simbólico de uma cultura. Por isso a preservação deve integrar a vida social e política do Brasil. A CineOP nasceu com essa vocação histórica”, afirma.

Nesse sentido, o evento chegou à sua 20ª edição, reafirmando o propósito de ser um espaço de reflexão e luta pela salvaguarda do rico e vasto patrimônio audiovisual brasileiro.
Programação da 20ª CineOP
O tema central deste ano é “Preservação e Educação: A Alma Viva do Cinema Brasileiro”, seguido de três temáticas, sendo a de preservação “criar memória”, a histórica “o humor das mulheres no cinema brasileiro” e a de educação “lugares de memória: acervos e acesso”.
A programação segue até segunda-feira (30) e vai ser realizada na Praça Tiradentes, no Centro de Artes e Convenções e no Cine-Museu da Inconfidência. Vão ser exibidos mais de 100 filmes e também vão ser realizados debates, homenagens, oficinas, exposições, shows musicais, atrações artísticas e muito mais.
Além disso, vai acontecer ainda o 20º Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e o Encontro da Educação: XVII Fórum da Rede Kino, a Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual.
Toda a programação é oferecida gratuitamente.
