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Hoje é domingo, 19 de maio de 2024

Projeto Gualaxo Vivo faz apresentação oficina cultural na Casa da Arte Aldravista

Iniciativa tem proposta criativa baseada na audição de mapas sonoros sobre as fases do Rio Gualaxo

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Integrantes do projeto Gualaxo Vivo e membros da Academia Marianense de Letras ao final da oficina cultural – Foto: Alexandre Coelho/Agência Primaz
O projeto “Gualaxo Vive? Por um Gualaxo Vivo”, relacionado ao Rio do Norte, mais conhecido como Gualaxo, foi apresentado na última quarta-feira (20), na Casa da Arte Aldravista, Academia de Letras, Artes e Ciências do Brasil, em Mariana. A apresentação contou com a presença de Andreia Donadon, presidente, e de alguns membros da Academia Marianense de Letras, como Hebe Maria Rôla Santos, Anício Chaves, Israel Quirino, Raimunda Maria dos Anjos Castro, entre outros.

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O projeto, desenvolvido por pesquisadores da UFOP (Departamentos de Música e História), em parceria com a UFRJ e UFF, utilizando recursos da chamada lançada em 2020 pela Fapemig (Fundação de Pesquisa de Minas Gerais), com recursos da Fundação Renova, tem o nome de “Cartografias Histórico-Sensoriais de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira”, e também tem a proposta chamada de “Gualaxo Vive? Por um Gualaxo Vivo”. A iniciativa tem como objetivo fazer o percurso sonoro do Rio do Norte, que é localizado no norte de Mariana e passa por diversos distritos, até confluir com o Rio Gualaxo do Sul e posteriormente formar o rio Doce. O rio é conhecido pela região desde o século XVII, devido a extração de ouro que se dava nos leitos e nas montanhas ao redor. Porém, em 2015, com o rompimento da barragem do Fundão, de propriedade da mineradora Samarco, toneladas de lama contaminada foram derramadas no rio, causando danos irreparáveis e inimagináveis.

A fim de explicitar os problemas ocasionados ao rio, o projeto foi criado para que se demonstrasse como havia vida em seu entorno. Sons característicos da região, e que foram se alterando através dos anos, deixaram de existir, dando espaço ao barulho das máquinas de extração de ouro e, posteriormente, à tragédia ocasionada que calou o rio e tudo à sua volta. Com isso, foram soterradas as comunidades de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira, 19 pessoas morreram, várias centenas ficaram desalojadas e danos gravíssimos foram gerados ao meio-ambiente.

Marcone Guedes, integrante do projeto Gualaxo Vivo, foi um dos encarregados da apresentação feita para os membros da Academia Marianense de Letras – Foto: Alexandre Coelho/Agência Primaz

A partir disso, a iniciativa do projeto é a criação de cartografias histórico-sensoriais, performances histórico-musicais e propostas de práticas pedagógicas, subsidiadas por material e roteiro didáticos. Foram confeccionados nove mapas com a cartografia do rio através do tempo, e utilizado símbolos que significam sons específicos de diferentes períodos do rio. Além disso, foi produzido um site com diversas informações a respeito do projeto, que fornece uma interação multimídia e didática com os mapas. Além disso, também está disponível na página do projeto uma série de vídeos com apresentações, informações, músicas, e rodas de conversa.

A oficina cultural realizada na Casa Aldravista constou de uma audição de sons característicos do entorno do rio, por meio dos mapas sonoros que contêm cantos indígenas, bem como sons de aves, animais, veículos e mãos de obra do período colonial, entre outros. Além disso, os integrantes do projeto, Marcone de Souza Guedes, Elvis Henrique Firmino Santos e Laura de Figueiredo Ribeiro, realizaram uma apresentação musical e uma dinâmica com os convidados para que a experiência com o mapa fique ainda mais completa, e possibilitasse, com a participação deles, incluir mais sons específicos do entorno do Rio Gualaxo.

Para Marcone de Souza, além de conscientizar sobre a importância do rio para a região e o crime ambiental já ocorrido, a intenção do projeto é também contar com a participação da população para que os mapas sonoros estejam cada vez mais preenchidos de sons, ambientações e peculiaridades, de modo a deixar o trabalho cada vez mais completo, aproximando do que o rio já foi um dia, bem como proporcionar esperança para que a revitalização da região seja a melhor possível.

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