Moradores de Antônio Pereira pedem apoio da Prefeitura de Ouro Preto sobre situação da Barragem de Doutor

Comunidade sofre com medo de rompimento da barragem de rejeitos da Vale no distrito ouro-pretano

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Comunidade de Antônio Pereira se reúne com Prefeitura de Ouro Preto para tratar sobre a barragem de Doutor - Foto: Neno Vianna/PMOP

Há meses, o distrito ouro-pretano de Antônio Pereira vive um impasse com a mineradora Vale em relação à elevação do nível de emergência da barragem de Doutor, da Mina de Timbopeba, no Complexo de Mariana. A comunidade pede mais diálogo com a empresa e uma definição clara do risco de rompimento da barragem, com a remoção dos moradores de suas casas considerando a Zona de Autossalvamento (ZAS). Membros da Comissão de Atingidos da Barragem de Doutor reuniram-se com a Prefeitura de Ouro Preto, nessa segunda-feira (18), na Casa de Gonzaga, para pedir o apoio da Administração Municipal.

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Durante o encontro, diversas mulheres do distrito relataram os problemas enfrentados com o que chamam de “lama invisível”, referência ao medo de um rompimento da barragem, como ocorrido em Brumadinho e em Mariana. Algumas pessoas já foram retiradas da chamada ZAS, que inclui uma área de risco de inundação com a lama, estabelecida pela própria Vale, no caso de rompimento da barragem. No entanto, famílias cadastradas para remoção ainda se encontram no local. As manifestantes cobraram providências e um diálogo transparente por parte da empresa.

Antônio Pereira é uma terra de gente sofrida. Nós estamos doentes emocionalmente”, afirmou Maria Helena Rocha Ferreira, uma das representantes mais ativas do grupo. Ainda há uma indefinição sobre quem será ou não removido do local, para onde os moradores serão encaminhados, futuras indenizações. “Cada região sente os impactos da mineração de forma diferente, mas todos estão agoniados. Queremos respeito!”, acrescenta Maria Helena.

Durante a reunião, as integrantes da Comissão de Atingidos disseram que, pelo menos, 25 famílias ainda precisariam ser retiradas do local. Segundo a Vale, essas moradias estão no entorno da ZAS e não seriam atingidas pela lama em um eventual rompimento. Em nota à Agência Primaz, a mineradora afirmou que “A Vale informa que das 144 famílias residentes da Zona de Autossalvamento (ZAS) da barragem Doutor, em Ouro Preto, 137 já foram realocadas preventivamente para moradias temporárias, escolhidas por elas próprias, em  fevereiro de 2020, como medida de segurança para o início das obras de descaracterização da estrutura, e em agosto do mesmo ano, em decorrência da ampliação da ZAS da barragem, cuja mancha de inundação revista passou a considerar a hipótese de 100% do carreamento de rejeitos. As outras sete já estão em processo de remoção”.

Todavia, a população ainda não tem dúvidas quanto à sua segurança e ao futuro. Os relatos foram bastante emocionantes, como o de Cida Rosa, que morava na Vila Samarco e hoje foi transferida com sua família para a sede de Ouro Preto: “Hoje, eu tenho dois adjetivos: eu sou atingida e eu sou removida”. Ela falou sobre como a retirada de seu lar afeta a rotina e da falta que sente dos amigos e vizinhos. “Nós estamos pedindo socorro!

Carta compromisso

Na oportunidade, o prefeito Angelo Oswaldo assinou uma carta-compromisso criada pela Comissão de Atingidos na qual confirma o empenho da Prefeitura de Ouro Preto em apoiar a comunidade do distrito de Antônio Pereira na busca de uma solução em relação à barragem de Doutor.

Para Angelo, “é fundamental que a Vale tome uma providência imediata e nós vamos trabalhar nesse sentido. Nós queremos ter um excelente diálogo com a comunidade do Pereira, pedindo as instâncias diversas, tanto com o Ministério Público e com a Justiça, como com a própria empresa, para que o povo de Antônio Pereira seja respeitado”. Ele complementa que o compromisso dele e da vice, Regina Braga, conforme assinado no documento, é com a comunidade.

As moradoras também relataram a infraestrutura precária de parte do distrito, que é responsável por uma grande parcela da arrecadação municipal, mas não recebe o retorno com investimentos no local. Sobre o assunto, Angelo Oswaldo garante que “nós queremos priorizar Antônio Pereira dentro de um critério de justiça tributária, com recursos aplicados efetivamente em ações no distrito”.

Também participaram do encontro servidores da Defesa Civil; o promotor Flávio Jordão Hamacher; o padre Marcelo Santiago, da Paróquia de Sagrado Coração de Jesus (da qual faz parte o Santuário Nossa Senhora da Lapa, de Antônio Pereira); o vereador Vander Leitoa; o representante do Projeto Manuelzão, Ronald de Carvalho Guerra; além dos secretários municipais de Defesa Social, Juscelino Gonçalves, de Desenvolvimento Social, Habitação e Cidadania, Edvaldo Rocha; e de Meio Ambiente, Chiquinho de Assis.

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[Prestigie] Prefeitura também se reúne com mineradora

A Vale não compareceu ao encontro com a comunidade de Antônio Pereira na manhã da segunda (18). Porém, no período da tarde, a prefeitura também se reuniu com representantes da mineradora a fim de entender o posicionamento da empresa. Nem a imprensa, nem os moradores participaram dessa reunião.

Segundo o Executivo, “os representantes da Vale se comprometeram a realizar um estudo técnico para apurar a situação de risco envolvendo as moradias, com o objetivo de tranquilizar as famílias”. A população aguarda a resolução dessa questão, tendo em vista, principalmente, a segurança dos moradores da região.

Nesta quarta-feira (20), haverá uma reunião on-line, às 19h, com representantes da Vale, da Defesa Civil de Ouro Preto e da comunidade, para continuar a discutir sobre a situação da barragem de Doutor.

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