Vota em um, elege quatro: ala do PT apresenta candidatura coletiva para a Câmara de Ouro Preto

Du Evangelista encabeça candidatura ao legislativo depois de diretório municipal decidir não lançar candidato a prefeito em 2020

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Douglas, Sidnéa, Du e Fredda compõem candidatura à Câmara de Ouro Preto - Foto: Divulgação/Coletivo OutroPreto

Com o lema Juntos para cuidar de Ouro Preto, pela primeira vez no Partido dos Trabalhadores (PT), uma candidatura coletiva é feita para concorrer ao Poder Legislativo, tendo como candidato majoritário o nome de Du Evangelista e como co-candidatos, Fredda Amorim, Sidnéa Santos e Douglas Aparecido. A decisão foi tomada depois de não ter sido confirmada a candidatura de Du Evangelista à Prefeitura de Ouro Preto.

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Lançado oficialmente em janeiro de 2019, o coletivo “OutroPreto” promove discussões sobre a importância dos negros e negras na mineração do ouro e na metalurgia, seja sobre o ponto de vista histórico ou diante dos impactos atuais da mineração na Região dos Inconfidentes.

Neste ano, as campanhas de pré-candidaturas às Eleições 2020 confirmaram uma mobilização política do movimento, em torno, principalmente, dos nomes de Du Evangelista como pré-candidato a prefeito, além de Fredda Amorim, Sidnéa Santos e Douglas Aparecido como pré-candidatos a vereador.

Porém, as resoluções eleitorais das últimas semanas indicaram que o PT não lançará candidatos ao Poder Executivo em 2020. Diante dessa frustração, o coletivo optou por uma proposta de candidatura coletiva (composta pelos quatro) a uma vaga na Câmara Municipal de Ouro Preto, tendo o nome e a foto de Du Evangelista como registrados para aparecerem na urna eletrônica.

Segundo Du, em 2006 foi feito um trabalho de pesquisa que resultou na criação da Mina do Veloso, inaugurada oficialmente em 2014 e predecessora do coletivo. “Percebemos que esse diálogo era uma mudança na perspectiva de formação do nosso país e tivemos a ideia de criar o coletivo OutroPreto. E essa ideia foi amadurecendo, até que em janeiro de 2019, a gente lança oficialmente o coletivo, comumente ao ano de preparação eleitoral de 2020”, disse Du.

Contudo, uma deliberação da coordenação do PT nacional, em razão da pandemia do novo coronavírus, decidiu transferir a decisão de se ter uma candidatura própria aos diretórios municipais do partido. Antes disso, a decisão era deliberada por todos os filiados presentes na convenção municipal. Isso possibilitou o que Du classificou como uma barreira “nem um pouco democrática” à sua candidatura. “Nessa estrutura estão pessoas acostumadas à velha política e o diretório já havia sido montado há um tempo atrás, alguns com cargos na atual gestão o que influenciou na decisão deles”, ressaltou.

Coletivo questiona o apoio a Júlio Pimenta

Douglas Aparecido enfatizou que, para o coletivo, foi difícil aceitar a decisão do diretório municipal do PT de manifestar apoio à chapa do MDB. “Foi difícil entender que um partido de esquerda não conseguiu olhar para as causas dos trabalhadores da maneira que elas deveriam ser tratadas. E por isso decidimos parar e pensar na possibilidade do coletivo para continuar nossa luta e não deixar que ela tenha sido em vão”.

Douglas também fez duras críticas à atual gestão. “Temos diversos elementos que demonstram que o tipo de política que o atual prefeito assumiu, é contrária a todos os anseios de uma política focada nas questões sociais e de melhorias na condição de vida da população”, concluiu.

Du Evangelista garante que, apesar do que foi manifestado pelo diretório municipal do PT, não apoiará a reeleição de Júlio Pimenta. “Essa administração atual é um fiasco, e não apoiarei essa candidatura. Não houve consulta da base de filiados, que é a maior de Ouro Preto, com registro no TSE de, aproximadamente, 1000 pessoas”, disse.

Em busca de uma cadeira na Câmara

Aproveitando o engajamento que a pré-campanha do Du já possuía e pensando na somatória dos votos, os quatro integrantes do coletivo entenderam ser mais viável a junção das candidaturas em um só nome.

“Pensamos na matemática dos votos, de lançar apenas uma candidatura, e meu nome devido a minha pré-campanha iniciada. Assim, a Fredda, Douglas e Sidnéa abriram mão da própria candidatura e entram como co-candidatos na chapa coletiva. Um modelo utilizado por muitos movimentos para poder ocupar esses espaços de poder”, enfatizou Du.

Douglas também defendeu a candidatura coletiva. “Se saíssemos cada um por si, nossa votação seria inexpressiva e como o Du bem enfatizou, não poderíamos deixar passar mais uma eleição sem que tenhamos essas bandeiras sendo trabalhadas verdadeiramente. Tivemos que nos concentrar bastante e como todas as decisões são coletivas, paramos essa semana para analisar a viabilidade dessa estratégia”, concluiu.

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Quatro cabeças, um assento

O processo eleitoral não permite que mais de uma pessoa seja candidata a um cargo e esteja na urna, representada pelo número de candidatura. Assim, somente o Du será registrado como candidato. Além disso, o coletivo informou que a parte burocrática ficará a cargo do mandatário, mas as decisões, análises de projetos e todas as ações políticas serão mediadas pelos quatro.

Douglas Aparecido, ressalta que “o objetivo é ocupar um espaço e a partir da nossa junção, e fortalecendo as energias no Du, entendemos que nos organizando dessa maneira, a gente passa a ter uma chance real de estar esse espaço”, disse.

Fredda Amorim defende que “nesse grupo de quatro pessoas, são várias representatividades, lutamos juntos, cada um por suas bandeiras e causas, mas a ideia é que essas pautas sejam convergentes entre a gente”.

A co-candidata também traz uma reflexão sobre a representatividade de negros e negras, LGBT’s e transexuais dentro da política. “Quando pessoas como nós aparecemos nesse cenário só para cumprir cota. Nosso objetivo não é cumprir cota racial ou de gênero, mas sim ocupar esse espaço que é nosso de direito e de tantas outras pessoas, para pensar na nossa população”, salientou.

De acordo com Du, ”cada pessoa vai usar a sua inteligência para atuar no mandato. Por exemplo: se chegar um projeto relacionado a obras, infraestrutura, eu teria uma atuação mais direta. E pautas sobre educação, cultura, patrimônio, das outras áreas, vamos usar a experiência dos outros membros do grupo”, disse.

“É um voto que vale por quatro! São quatro cabeças pensantes, visões diferentes em prol do melhor para a sociedade” (Du Evangelista)

Segundo o coletivo, a participação em comissões, conselhos, reuniões, será dividida de acordo com a especialidade de cada um, para ter mais eficiência no mandato. Além disso, todos terão suas funções dentro do gabinete e o salário será repartido igualitariamente.

Fredda ressaltou que “para além do mandato ser coletivo e executado por quatro cabeças, que ele seja popular. Para que possamos ouvir as pessoas e não só tomar as decisões, mas ouvir a demanda da população”, finalizou a co-candidata a vereadora.

Quais são os próximos passos?

Segundo Du, como a candidatura à prefeitura não foi possível agora, o objetivo é consolidar uma posição política na sociedade, através da Câmara e criar forças para que em 2022, seja fortalecido o campo progressista em Ouro Preto.

“Nossa pré-campanha para prefeito foi muito positiva e agora temos muitas pessoas entendendo que nossa pauta não é somente essa, mas que temos um grupo com várias formações acadêmicas diferentes e de militância há muitos anos, e que as nossas capacidades nos gabaritam para ocupar esses espaços que estamos querendo”, finalizou.

O coletivo deixou bem claro que, por enquanto, não pensa em apoiar oficialmente nenhum grupo.

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