Até a Ferrari está em crise
Nada está tão ruim que não possa piorar, mas se você for um fã da escuderia italiana, está percebendo que pode piorar, e muito.
- Luiza Boareto (*)
- 11/09/2020
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Treze de maio de 1950, Silverstone, Inglaterra, primeiro Grande Prêmio da temporada de inauguração do campeonato mundial de pilotos, a famosa Fórmula 1, que hoje, no conturbado 2020, comemorou 70 anos sem festas nas pistas.
Ao longo das sete décadas, a escuderia Ferrari é a maior campeã da F-1, são 16 títulos mundiais de construtores e 15 títulos de pilotos, sendo o último conquistado em 2008, com Kimi Räikkönen em primeiro e o brasileiro Felipe Massa em segundo.
Entretanto, desde que a temporada 2020 começou, a Ferrari já era um desastre esperado. A equipe italiana se apresentou sem carro, sem motor e sem comando. Estava nítido que não era a mesma de antigamente.
Como sempre há um culpado, podemos dizer que o nome por trás da má fase é Mattia Binotto, atual chefe de equipe da Ferrari. Na temporada passada, Mattia era diretor-técnico e, justamente em 2019, a Federação Internacional de Automobilismo, FIA, após uma investigação técnica, descobriu uma suposta irregularidade nos motores.
Bom, o que se sabe é que a equipe italiana fez um acordo sigiloso com a Federação, além disso, foi proibida de usar as alterações implantadas no motor de 2019 em 2020.
A “irregularidade”
Oficialmente, nunca saberemos a verdade, mas o que se sabe é que as investigações começaram após o GP de Abu Dhabi de 2019. Na época, os juízes técnicos encontraram 4,88 kg a mais de combustível que o declarado no carro de Charles Leclerc. E, claramente, não há nenhum sentido em colocar mais gasolina, já que o peso extra poderia prejudicar o desempenho.
Mas, após uma denúncia feita por um suposto funcionário insatisfeito da Ferrari, foi descoberto um inteligente esquema que burlava o medidor do fluxo de combustível instalado em todos os carros que competem na F-1.
A equipe italiana utilizava sensores que enganavam os medidores obrigatórios de fluxo de gasolina e, assim, podia queimar mais combustível. Dessa forma, o carro ganhava potência extra, fazendo a Ferrari ser a mais veloz nas retas.
Temporada 2020
Após todo problema que surgiu em 2019, a equipe italiana mancha cada vez mais sua história, ficando mais distante do controle do Mattia Binotto, que nega que a Ferrari esteja em uma má fase.
Mesmo com o diretor negando, desde 2015 a equipe não fazia um início de temporada tão ruim. Com 61 pontos, a italiana é a sexta colocada no Mundial de Construtores, conquistando apenas dois pódios no campeonato.
Nesse final-de-semana, a Ferrari disputa sua milésima corrida na F1 e precisa fazer muito mais do que tem feito. A última vez que a equipe ficou fora do top 4 do Mundial foi em 1984, e, tenho certeza que ninguém quer ter seu nome gravado em histórias como essa.
(*) Luiza Boareto é jornalista formada pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), comentarista profissional de programas de TV e apaixonada por esportes. Espero que “o teu desejo seja sempre o meu desejo”. Mas se não for, é culpa do meu sol em Leão