Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação....

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Nossa cidade, Mariana, possui credenciais para ser reconhecida como uma das Cidades brasileiras que tem oferecido ao País um expressivo número de personalidades com inegáveis dimensões históricas. Que pela inteligência, heroicidade e insurgência justificariam a edificação de um monumento, onde repousariam suas cinzas e seus nomes ali apostos, inspirariam as gerações e dariam orgulho e pertencimento de nascer em uma cidade de grande importância para o Brasil.

Nesta semana da comemoração do 198º aniversário da proclamação da Independência do Brasil, destaquei três marianenses que trabalharam intensamente no processo de independência. Os nomes desses homens e suas imagens podem ser visto no conjunto de telas dos artífices da Independência pintadas por Domenico Failutti, que integram o Museu Paulista (Museu do Ipiranga em São Paulo) e retratam personalidades diretamente envolvidas com a independência do Brasil.

Em todos os momentos, as circunstâncias da nossa história inspiram homens que se tornaram emblemáticos, lutando pela liberdade, igualdade e fraternidade.

Dentre os marianenses que marcaram a nossa história, destacando-se pela singularidade de suas ações e por suas ideias sociais, políticas e pela luta para independência do Brasil. Entre estes marianenses, nesta data cívica, podemos citar: Capitão-mor José Joaquim da Rocha, João Severiano Maciel da Costa, o Marquês de Queluz, e Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Horta, Marquês de Barbacena.

O Capitão-mor José Joaquim da Rocha, integrante do conselho de Sua Majestade, o Imperador Dom Pedro I, e dignitário da ordem imperial do Cruzeiro, nasceu na cidade de Mariana em 19 de outubro de 1777 e fez seus estudos no seminário Nossa Senhora da Boa Morte. Casou-se em 25 de abril de 1798 e, por este motivo, deixou de seguir para a Universidade de Coimbra, onde pretendia se formar em Direito. Serviu vários cargos da governança e ofícios de justiça e ao bispo Dom Frei Cipriano de São José. Posteriormente foi oficial do regimento de milícias da cidade e capitão de ordenanças.

Em 1808, quando a família real portuguesa chegou ao Rio de Janeiro, veio ele procurar algum emprego que estivesse à altura de seus conhecimentos. Aqui se fixou e, ainda que não formado em Direito, estabeleceu banca de advocacia. Em 1821, quando se proclamou no Rio de Janeiro a Constituição de Portugal, o capitão-mor aderiu a ela como o meio mais seguro de manter-se a união das províncias do Brasil e elegeu-se deputado suplente às Cortes de Portugal pela província de Minas.

Em dezembro de 1821 chegaram ao Rio de Janeiro os decretos das Cortes de Portugal, editados em 29 de setembro do mesmo ano, entre eles um que destituía o Brasil da categoria de reino, condição a que fora elevado pela carta de lei de 16 de dezembro de 1815. Diante disso, José Joaquim da Rocha foi o primeiro a pedir ao príncipe regente que suspendesse sua partida até que fossem dirigidas representações dos povos do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas e outras províncias do Brasil às Cortes de Portugal. Foi idealizador e principal articulador no Brasil para permanência de Dom Pedro I no Brasil. É atribuído ao Capitão José Joaquim da Rocha o texto do pronunciamento de Dom Pedro I ao povo brasileiro no episódio que ficou conhecido como Dia do Fico. A célebre frase “Se é par o bem de todos e felicidade geral da Nação, diga ao povo que fico!”é atribuída ao Capitão José Joaquim da Rocha.

Em atenção aos serviços prestados ao país pelo capitão-mor, foi ele agraciado pelo novo imperador com a insígnia de dignitário da ordem imperial do Cruzeiro, criada no dia 1º de dezembro de 1922. É a independência, tal qual a concebeu José Joaquim da Rocha, e tal qual a realizaram os brasileiros, o monumento de glória que ilustrará eternamente a memória desta ilustre vítima de uma inqualificável modéstia, em uma época em que se pede o prêmio antes da vitória, e o salário antes do trabalho.

Outro marianense no processo de Independência foi Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Horta, primeiro Visconde com Grandeza e Marquês de Barbacena. Nascido em Mariana, a 19 de setembro de 1772, foi militar, diplomata e político. Frequentou o Seminário de Mariana e posteriormente o Colégio dos Nobres, em Lisboa, e a Academia de Marinha. Transferiu-se para o Estado-Maior do exército português e foi ajudante de ordens do governador de Angola.

Voltou ao Brasil em 1807 junto com a corte de Dom João VI. Após trabalhar no processo de independência do Brasil, foi nomeado por José Bonifácio de Andrada e Silva, em 12 de agosto de 1822, encarregado de negócios do Brasil em Londres para tratar do reconhecimento da independência do Brasil pelo Reino Unido, tendo sido ainda o pioneiro na navegação a vapor no Brasil.

Ministro da Fazenda, ministro do Império, deputado geral e senador do Império do Brasil de 1826 a 1842, Felisberto Caldeira Brant foi enviado como comandante-chefe das tropas brasileiras na guerra Cisplatina, onde atuou bravamente na batalha do Passo do Rosário, em 27 de fevereiro de 1827, onde apesar da derrota, o exército brasileiro não sofreu um revés considerável e as tropas argentinas retomaram a província Cisplatina, atual Uruguai.

Há historiadores que o elogiam como o mais inteligente dos amigos e colaboradores de D. Pedro. Teve a ideia de aprumar o governo pela simples prática do regime, ou seja, pelo único expediente compatível com a monarquia constitucional: o de dar satisfações ao Parlamento.

O terceiro destaque é João Severiano Maciel da Costa, Marquês de Queluz, nascido em 1760, em Mariana. Bacharel em Leis pela Universidade de Coimbra, seguiu a carreira judicial e era desembargador quando a família real portuguesa chegou Brasil. Foi deputado à Assembleia Constituinte pela província de Minas Gerais. Dissolvida a Assembleia, foi nomeado Ministro do Império e ocupou o cargo de 10 de novembro de 1823 a 14 de outubro de 1824. Integrou o Conselho Estado, composto por dez membros e nomeado pelo imperador para redigir o novo projeto de Constituição.

Foi ministro da Fazenda, conselheiro de Estado, presidente da província da Bahia e senador do Império do Brasil de 1826 a 1833. Feito dignitário da Imperial Ordem do Cruzeiro em 1824, havia publicado em Coimbra, três anos antes, o livro. “Memória sobre a necessidade de abolir a introducção dos escravos africanos no Brazil, sobre o modo e condições com que esta abolição se deve fazer, e sobre os meios de remediar a falta de braços que ella póde ocasionar”

Assim, deixo uma pequena pincelada para aguçar a memória e o interesse de nós, marianenses, sobre a história de nossa cidade.

 

Observação: O material utilizado neste texto foi baseado no livro “O Fico: Minas e os Mineiros da Independência”, de Salomão de Vasconcelos.

(*) Cristiano Casimiro dos Santos é editor da Revista Mariana Histórica e Cultural

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