Eleições 2020: pela primeira vez eu vou cobrir a minha copa do mundo

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “editoriais”

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Eu vou me esforçar muito nessa prosa pra encerrar por aqui as minhas metáforas futebolísticas. Só quis mesmo ilustrar o quanto eu estou empolgado com a chegada das Eleições 2020. Eu explico: mesmo que a política regional faça parte da minha vida desde que me entendo por gente, é a primeira vez que eu vou cobrir um processo eleitoral enquanto repórter.

Eu nasci em 1991 e o meu pai ganhou a primeira eleição de vereador no município de Ataleia no ano seguinte. Foram três mandatos, o que fez de mim um filho de político de interior até os meus 12 anos de idade. Dito isso, você pode imaginar o quanto eu gosto do que carinhosamente chamamos no Tipiti de “fuxico da política”. Me divirto com o boca a boca, com os debates e até com o horário eleitoral.

Durante a graduação, nasceu a primeira conexão que fiz entre a política e o jornalismo. Eu estagiei na Prefeitura de Mariana e isso me abriu portas para trabalhar em assessoria de candidatos em 2012 e 2014. O sonho então era brilhar como marketeiro político e, se tudo desse muito certo, me mudar para Brasília. Eu conto ou vocês contam para o meu eu daquela época o pardieiro que virou Brasília nos anos seguintes?

Tempo vai, tempo vem, terminei a graduação e mestrado em Comunicação e virei repórter da Agência Primaz. Eu ainda não tinha me dado conta de que cobriria as eleições municipais na Região dos Inconfidentes em 2020. Além disso, a pandemia já nos deu trabalho o suficiente para não sentir o calendário eleitoral passando, mesmo que tenha-se inaugurado no Brasil as tais campanhas de pré-candidatura (cês me respeitem que eu não saio de casa pra ouvir pré-candidato, por motivos de: ia fazer só isso até novembro).

O negócio é que, esse andar do calendário e as tais campanhas de pré-candidatura têm feito começar aquela fagulha em mim de que a eleição tá chegando, enfim! E eu não vou cobrir qualquer eleiçãozinha, né muchacho? Terei o privilégio e o desafio de acompanhar o processo eleitoral de Mariana, que teve candidato a prefeito assassinado em 2008 e quase uma dezena de prefeitos diferentes entre 2009 e 2013. E cobrir ainda no meio da pandemia de Covid-19.

Sobre desafios e privilégios, melhor falar de “poder” e “responsabilidade”. Nunca antes na história dessa minha breve vida, eu tive a oportunidade de ouvir políticos de diferentes espectros ideológicos sob a chancela de falar em nome de um veículo de comunicação. Isso, inevitavelmente, abre portas, ainda que não tenhamos a pretensão de fazer campanha disfarçada de notícia na Agência Primaz.

Justamente por ser um jornal sério, e por respeitarmos o leitor que acredita no nosso conteúdo, é que temos uma responsabilidade enorme com a cobertura das próximas eleições. Mais do que a defesa de nossa credibilidade, a vida de mais de 60 mil pessoas está em jogo, a depender do resultado do próximo pleito, só em Mariana. Mas, se tem uma coisa que é difícil de deixar de lado, é a nossa preferência política, né?

Eu tenho a sorte de poder desafogar as minhas paixões políticas lá nas eleições de Ataleia. Talvez isso me ajude a cumprir com primazia a missão que me foi dada de cobrir com isenção as próximas eleições aqui na Região dos Inconfidentes. Enquanto outros jornalistas estarão, ainda que de forma velada, torcendo pela vitória desse ou daquele time, eu estarei torcendo pela peleja.

Assim, eu termino sem conseguir cumprir o compromisso de não fazer mais metáforas cafonas de futebol neste texto. Estou trabalhando muito para cumprir o outro grande acordo regional feito aqui, com o leitor, de fazer a melhor cobertura possível do pleito eleitoral que se aproxima.

(*) Marcelo Sena é jornalista e pesquisador do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFOP

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