Estudantes da UFOP criam série audiovisual sobre o cotidiano das pessoas com deficiência

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As estudantes Cleyfane Morais, Cíntia Soares e Cristina Araújo são bolsistas do projeto - Arquivo Pessoal

Já pensou que pode ser diferente? Esse é o nome da série audiovisual em desenvolvimento por estudantes atendidas pelo Núcleo de Educação Inclusiva da UFOP, (NEI). Com sete episódios, os vídeos têm como objetivo trazer discussões sobre cotidiano, sociedade, educação, gênero, raça, sexualidade e família com foco nas pessoas com deficiência (PCDs).

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Há alguns anos, o NEI desenvolve uma série de ações voltadas à divulgação sobre a situação das pessoas com deficiência. Para contornar as dificuldades de atividades presenciais e dar uma maior visibilidade ao projeto, a pedagoga do NEI, Adriene Santanna criou em conjunto com as bolsistas do núcleo a proposta de uma série de vídeos para o Youtube.

De acordo com uma das coordenadoras, Christianne Miranda, o objetivo é “demonstrar que há formas diferentes de viver, que muitas vezes desconhecemos e pelo desconhecimento, muitas vezes mantemos ideias estereotipadas sobre a vida dessas pessoas”.

Para que o conteúdo seja disponibilizado de forma acessível para o maior número de pessoas, os vídeos são divulgados no canal do NEI no Youtube, com legenda, interpretação para Libras, e posteriormente serão inseridos vídeos com audiodescrição.

Cíntia Soares é estudante de jornalismo, tem paralisia cerebral motora e é uma das bolsistas do projeto. A estudante vê na iniciativa a possibilidade de trazer à discussão rótulos e preconceitos geralmente associados às pessoas com deficiência, “é importante mostrar que não somos coitados e nem heróis, apenas pessoas. Essa coisa de herói, a figura do superador só atrapalha”.

“A sexualidade é repleta de tabus, somos vistos com infantilidade e incapazes de constituir uma família ou atrair alguém. Devemos ser respeitados e nossa sexualidade também. Somos pessoas e temos direito de nos expressar. Se somos héteros, gays, lésbicas, etc. e com deficiência, não vamos nos reprimir para nos encaixarmos em um padrão” (Cíntia Soares)

Cleyfane Morais, também bolsista, é estudante do curso de administração e deficiente auditiva, para ela, o projeto “estimula não só as pessoas com deficiência como as pessoas sem deficiência a nos verem como “pessoas”, que antes das deficiências somos seres humanos, e todos somos iguais na diferença”, afirma.

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Sobre os episódios, Cíntia esclarece a necessidade de tratar de temas que tangenciam a realidade de PCDs, como a maternidade e a sexualidade, “Vejo que as pessoas têm que parar de ver a maternidade que evolve PCDs como algo ruim ou castigo, pois é algo lindo, assim como qualquer outra maternidade. A sexualidade é repleta de tabus, somos vistos com infantilidade e incapazes de constituir uma família ou atrair alguém. Devemos ser respeitados e nossa sexualidade também. Somos pessoas e temos direito de nos expressar. Se somos héteros, gays, lésbicas, etc. e com deficiência, não vamos nos reprimir para nos encaixarmos em um padrão”.

Outro episódio irá tratar de alguns pontos positivos em se ter deficiência auditiva, pedimos gentilmente a Cleyfane que nos adiantasse algum desses pontos, “Muitas vezes as pessoas vêem as deficiências como algo ruim, como um impedimento. Então queremos mostrar pra elas, que com nossas limitações temos pontos positivos para usufruir. E quais são esses pontos positivos? Surpresa!”, faz mistério.

Haverá também um vídeo com o tema: “Como devemos agir quando estamos diante de uma pessoa com deficiência?”, dessa vez Cleyfane nos deu um pequeno spoiler: “Na dúvida sempre pergunte a própria pessoa com deficiência” e encerra: “O mundo está em constante mudança e quanto mais cientes as pessoas se tornarem, menos capacitista será a sociedade. mudanças são possíveis, mas tudo tem o seu tempo”.

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