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A pandemia mudou a vida de tutores e pets de estimação por todo o mundo. Agora, muitos tutores estão tendo que lidar com o trabalho em casa e a companhia constante dos bichos, enquanto os pets experimentam rotinas mas reclusas. Mas, pior que o isolamento, é não ter uma casa para se proteger.
Nesta reportagem, a Agência Primaz ouviu alguns tutores sobre as rotinas com seus pets durante a pandemia. Também conversamos com a auxiliar de veterinária Daysa Horta sobre os cuidados que precisamos ter com nossos bichos em quarentena e com Luciana Sales, presidente da ONG IDDA, sobre a situação de cães e gatos de rua de Mariana.
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Nina, uma jovem senhora de 7 anos, está mais estressada em casa depois que os passeios noturnos foram suspensos. Quem conta isso é Daniel Almeida, um de seus tutores: “Bom, a Nina está mais estressada por ficar tanto tempo dentro de casa. Os passeios noturnos fazem muita falta para ela. Desde o início do isolamento social, percebi que ela tem se coçado mais e, qualquer barulhinho na porta de entrada, já é motivo para gastar toda energia acumulada durante esses dias. A animação é fora do comum”.
Nina mora na República Capitu e Daniel conta como os moradores que ficaram em Mariana tentam amenizar a falta dos passeios. “A Nina faz parte da família Capitu, somos em 7, agora 4 por causa da quarentena. Eu e os outros moradores estamos investindo mais tempo nas brincadeiras com bola e corrida, para que ela gaste mais energia. Ela fica mais calma depois dessas atividades, mas não tanto quanto depois de uma boa volta no quarteirão”.
Muito agitado, o border collie Duke também sente falta dos passeios nas praças e caminhadas na pista. Seu tutor, Antônio Freitas (Toninho), conta como tem feito para gastar a energia do filhote de 15 meses. “Junto com a gente, o Duke assumiu o isolamento social também, então acabaram os passeios diários. Além da gente, tem um treinador que passeava com ele duas vezes por semana e fazia uns exercícios, A gente teve que cancelar e também os passeios de praças e na pista. A gente teve que se resguardar e ficar todo mundo em casa mesmo. Ele tem um pouco a mais de ansiedade para sair e a gente vai se virando. Vai brincando com ele, tem um quintal que acabou sendo o lugar dele mesmo”.
Toninho também comentou as necessidades maiores de gastar energia que a raça demanda. “A gente tem tentado reforçar as brincadeiras. Principalmente as de correr, como subir e descer escadas. O border tem uma necessidade danada de correr e de estar cuidando de tudo. Então a gente tá buscando corresponder com as brincadeiras”.
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Apesar de aumentar o confinamento em casa, o isolamento social fez com que muitos tutores tivessem mais tempo com seus pets. É o caso de Thomaz Dantas, que mora com seus dois cães, Cléo e Nelson. “A quarentena nos fez bem. Consigo viver o dia dos dois, em casa. Geralmente saio de casa 8:30h e volto 19h, fico pouco tempo com eles nos dias úteis. Final de semana temos mais tempo, mas nada comparado ao agora. Cléo e Nelson aparentam mais alegria. Brincam o tempo todo, comem bem, estão aparentemente mais entrosados. Digo isso pois, minha vizinha, que trabalha em casa, diz que os dois ficavam muito mais quietos, em suas casinhas ou até mesmo dormindo, que ficaram mais alertas com a minha presença. E que agora, estão mais ativos, brincando mais e brigando menos. Isso é muito bacana!”
Enquanto Nelson é jovem e tem 2,5 anos, Cléo já é uma senhora de 9 anos. Assim, Thomaz explica que tem preocupações específicas com ela. “Ela é mais sistemática, passou por mais adaptações que ele. Então, pelo que observei e pelo que minha vizinha Maria disse, a Cléo fica mais tranquila quando eu estou por aqui, e isso é bom, com o passar dos anos precisarei ter mais cuidados com ela, devido a idade, e entender essa personalidade dela nos ajudará muito”.
Ainda que os níveis de estresse dos pets aumentem durante o isolamento em casa, é muito mais grave a situação de cães e gatos que vivem nas ruas. Quem comenta o assunto é a presidente da ONG IDDA, Luciana Sales. “Infelizmente a gente ainda tem feito resgates de animais e a gente teve que reforçar mais esses casos de proteção. Temos recebido muitas denúncias de maus-tratos e abandono;. Principalmente de animais de raça. A gente tem tido pedidos de socorro de vários animais com um certo ‘pedigree’, que é um tipo de animal que tem muita procura [para adoção]. Os vira-latinhas então, não tem nem o que falar. São os que mais sofrem nesse período, pois são os que mais são discriminados também”.
Luciana Sales também pontuou as transformações causadas no trabalho da ONG pela pandemia de Covid-19. “O trabalho da ONG permanece restrito. A gente realizava muitos eventos presenciais: eventos de adoção, campanhas de castração, campanhas de arrecadação. A gente teve que suspender todos esses eventos presenciais, que é o que impulsionava muito esse nosso trabalho. Com o distanciamento social, a gente teve que moldar parte do nosso trabalho. A gente já realizava parte dele dessa forma, mas agora tivemos que centralizar nossas ações no trabalho online. A nossa maior ferramenta hoje é o Instagram”.
A ONG IDDA ajudou Thiago Caldeira a adotar Tesla, um gatinho de 2 meses. “Eu adotei o gato com 3 semanas de pandemia. Eu ia adotá-lo antes da pandemia, mas resolvi esperar. Quando eu vi que ia demorar muito, eu adotei. Eu entrei no instagram da ONG IDDA e lá tinha umas fotos e o telefone.”
Thiago, que morava sozinho, agora tem a companhia do novo amigo. “Apesar de ser filhote e agora estar brincando muito, ele é a minha companhia. Ele fica me seguindo pela casa e eu tenho que me preocupar com ele. Tenho que colocar comida, limpar a caixinha, comprar ração, semana que vem tem a segunda dose da vacina. É um bicho que depende de mim, então a gente acaba ficando até um pouco mais responsável, de certa forma”.
A auxiliar de veterinária Daysa Horta, do Recanto do Animal, listou 6 cuidados básicos que temos que ter para manter os animais felizes e saudáveis em casa. “Com a pandemia do coronavírus, tanto a nossa rotina como a dos nossos animaizinhos de estimação sofrem mudanças, e com algumas delas os nossos pets acabam despertando alguns sintomas de ansiedade e inquietação.
Daysa também apontou iniciativas que podem ser tomadas por comércios ou pessoas que não podem adotar um animal que mora na rua. “Como a maioria das pessoas está em quarentena e os comércios permanecem fechados, as opções de alimentação para os animais de rua diminuem. Coloque na porta de sua casa ou do seu comércio comedouros e bebedouros coletivos. O Recanto do Animal mantém comedouros e bebedouros na porta de nossa loja que alimenta diariamente vários cãezinhos e gatinhos de rua. Apoiamos também campanhas de adoção responsável de cães e gatos nesta quarentena. Nada melhor que um amigo de verdade para ser nossa companhia e nos dar amor incondicional em tempos tão difíceis”.
Os interessados em adotar um animal de estimação ou ajudar no trabalho da ONG IDDA podem ter mais informações pelo Instagram @ong.idda, ou pelo Facebook ONG IDDA Ouro Preto/Mariana.