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Hoje é quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Atos e políticas públicas: a luta por mulheres vivas em MG

Mobilizações nacionais contra o feminicídio ecoam em Ouro Preto e se conectam a dados alarmantes e avanços na rede de proteção à mulheres em Minas Gerais e Mariana

Ouro Preto foi a única cidade da região a registrar atos em defesa da vida das mulheres no último dia 7 - Foto: Marina Ferreira/Agência Primaz

Atos do movimento Mulheres Vivas, realizados em diferentes partes do país no último dia 7 de dezembro, reuniram milhares de pessoas em defesa da vida das mulheres e pelo enfrentamento à violência de gênero, diante de um cenário que já configura emergência no Brasil. Em mais de 15 cidades e capitais, os protestos colocaram novamente nas ruas a exigência por políticas públicas efetivas contra o feminicídio e demais formas de violência contra as mulheres. Em Minas Gerais, essas mobilizações se refletem em manifestações locais e se cruzam com dados oficiais e iniciativas institucionais de proteção às mulheres no estado, como as da Assembleia Legislativa. 

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Mulheres vivas

As manifestações convocadas por movimentos feministas foram às ruas para pedir, além do fim do feminicídio, a implementação de políticas públicas e leis que contribuam para o fim da violência contra a mulher. Entre as solicitações estavam espaços de acolhimento, lugares de denúncia funcionais e com aumento do horário de funcionamento, rapidez nas decisões judiciais e prevenção eficaz. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, “ao menos 121 mulheres foram mortas nos anos de 2023 e 2024 com Medidas Protetivas de Urgência ativas no momento da morte”.

Segundo um levantamento feito pela deputada federal Sâmia Bomfim, 13 municípios mineiros tiveram mobilizações, mas Ouro Preto não entrou para a lista. Na cidade a mobilização contra feminicídios foi organizada por Priscila Gambi, estudante de Geografia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e aconteceu na Praça Tiradentes. Mariana não registrou nenhum levante em conjunto em prol do Mulheres Vivas, mas durante a saideira do Festival Botecando uma única mulher levantou cartazes em frente ao palco de apresentações. 

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Minas Gerais e a violência contra mulher

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025 apresenta dados alarmantes sobre feminicídios em Minas Gerais, em 2024 o estado ficou em segundo lugar em números de casos de feminicídio com 163 casos, em comparação com 2023 houve uma queda de aproximadamente 12,4%. Entretanto, houve um aumento de aproximadamente 46,4% do número de tentativas de feminicídio.

Em 2025, a Pesquisa Nacional de Violência Contra a Mulher, realizada pelo DataSenado, diz que a percepção das mulheres brasileiras é que a minoria das vítimas de agressão denunciam o fato à polícia. Os espaços de denúncia e acolhimento públicos mais utilizados e citados na pesquisa são: delegacia da mulher, defensoria pública, CRAS ou CREAS, ligue 180 e casa da mulher brasileira. 

Segundo a Agência Minas, em dezembro de 2025, durante o evento de aniversário de 40 anos da primeira Delegacia de Mulheres em Minas Gerais, o vice-governador, Mateus Simões (PSD) disse que existem 70 delegacias especializadas em atendimento da mulher no estado.

Em Mariana, segundo o delegado da Polícia Civil, Marcelo Bangoim, durante entrevista à Agência Primaz, a delegacia atende cerca de três a cinco casos de violência doméstica por dia.

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Mariana e Região dos Inconfidentes

As demandas declaradas nos atos também chamavam o poder público para ação, solicitando que a epidemia de feminicídios e violência contra a mulher fosse uma temática central a ser discutida nas casas legislativas pelo país. 

Em Minas Gerais, a Assembléia Legislativa de Minas Gerais criou o Programa Sempre Vivas em 2019, que, junto com outras frentes, luta pelo fim da violência contra a mulher, com ações, debates e campanhas voltadas para a temática. A Assembleia ainda criou a Procuradoria da Mulher, que recebe e analisa denúncias as encaminhando para os órgãos responsáveis.

Já em Mariana, o enfrentamento da violência contra a mulher continua. Em 2025, a Câmara dos Vereadores aprovou a instituição do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Mulheres e do Fundo Municipal de Defesa dos Direitos das Mulheres. 

O conselho tem caráter consultivo, deliberativo e fiscalizador. Neste ano, o município também inaugurou o Núcleo Especializado de Atendimento à Mulher da Polícia Civil em Minas Gerais, por lá as vítimas contam com atendimento humanizado e feito por mulheres do atendimento à oitiva, de lá é encaminhada para atendimento psicológico e social. 

O espaço é pensado para receber mulheres com crianças. Segundo a Pesquisa Nacional de Violência Contra a Mulher, 71% dos crimes contra a mulher as testemunhas são crianças. 

O ato em Ouro Preto reuniu centenas de pessoas, principalmente mulheres em luta contra a violência de gênero - Foto: Marina Ferreira/Agência Primaz

Saiba onde denunciar

Casos de violência contra a mulher podem ser denunciados pelos seguintes órgãos:

 

190, em situações de emergência;

181, de forma anônima;

Portal Fala.BR, de forma anônima;

180, para a Central de Atendimento à Mulher;

153, para acionar a GCM;

3558-5356, whatsapp Polícia Municipal de Mariana;

(31) 9 8866-7678, whatsapp da Ouvidoria Feminina da UFOP

Foto de Ana Beatriz Justino
Graduanda em jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e estagiária na Agência Primaz. Possui grande atração por gênero, cultura e politica.