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Hoje é terça-feira, 25 de novembro de 2025

Inauguração da Galeria Gameleira abre IX SeMANA AFROfeminista

A Exposição Resgate reúne obras de Dani dos Anjos e Gessimara Barbosa, galeria está localizada no Antônio Dias

A equipe realizadora do da IX SeMANA AFROfeminista é formada por Klevilaini, Bárbara Gonçalves, Dani dos Anjos, Mallu Caetano, Anita Pedroso e Regiana Nunes
A equipe realizadora do da IX SeMANA AFROfeminista é formada por Klevilaini, Bárbara Gonçalves, Dani dos Anjos, Mallu Caetano, Anita Pedroso e Regiana Nunes - Foto: Amanda Gomes

No último domingo, 23 de novembro, durante a abertura da IX SeMANA AFROfeminista, aconteceu um momento histórico para a cena cultural de Ouro Preto: a inauguração da Galeria Gameleira, primeira galeria de arte negra e periférica da cidade. A primeira exposição da galeria é a Exposição Resgate, de Dani dos Anjos e Gessimara Barbosa, com obras que resgatam um olhar de si, da memória e das experiências enquanto mulheres negras e pode ser visitada de segunda a sábado, das 10h às 16h30.

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Um espaço para a exposição da arte negra

A chuva que caiu no início da noite não impediu que a abertura da IX SeMANA AFROfeminista fosse marcada por um grande público. Localizada no bairro Antônio Dias, a galeria é o primeiro espaço expositivo voltado à arte negra e periférica da cidade, um marco que representa a possibilidade de ocupar o território com autonomia e narrativa própria. “A gente estava com um pouco de receio, em relação ao público, porque acabou chovendo, mas ficamos muito surpresas, porque foram muitas pessoas da comunidade ouropretana e isso foi muito importante. Geralmente os eventos da cidade acontecem no centro da cidade e, como tava acontecendo ali no Antônio Dias, descentralizou”, comenta Kevilaini, integrante da equipe organizadora. 

A inauguração integrou-se à programação da SeMANA AFROfeminista com show de Marina Anacleto, feira de empreendedoras negras e mediação das organizadoras. A diretora criativa da galeria, Luana Brunely, afirmou que a expectativa para a semana “é muito alta” e que a proposta é que cada detalhe seja vivido com atenção pelo público.

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A Exposição Resgate apresenta telas e gravuras das artistas Dani e Gessimara, parte delas inéditas. Ambas exploram o direito de se autorretratar explorando versões diferentes do que é ser uma mulher negra, esbarrando diretamente na proposta de criação da Gameleira, que segundo Mallu Caetano, que faz parte da organização da SeMANA AFROfeminista e da Gameleira, é  “o desejo de respeitar a narrativa criada por pessoas negras e periféricas, dentro de um espaço onde podemos fazer uso da arte e da educação, para criarmos e explorarmos as perspectivas de saberes presente dentro da diáspora”. 

“A gente sabe se comunicar muito bem a partir da arte, a partir dessa montagem dessa galeria, desse processo educativo e da mediação que a gente vê como parte fundamental é para para ocorrer essa essa afetação com o público”, Luana Brunely
“A gente sabe se comunicar muito bem a partir da arte, a partir dessa montagem dessa galeria, desse processo educativo e da mediação que a gente vê como parte fundamental é para para ocorrer essa essa afetação com o público”, Luana Brunely - Foto: Amanda Gomes

Para as organizadoras, iniciar essa história com duas artistas negras demonstra o compromisso de enxergar o que elas veem no espelho, uma vez que a Gameleira vem da junção de força de três mulheres negras – Dani dos Anjos, Mallu Caetano e Luana Brunely, comprometidas com a arte educação no território, que já haviam trabalhado juntas no projeto Ser Barroca, em que as três trabalharam juntas como arte-educadoras. 

Embora a inauguração da Galeria Gameleira tenha acontecido em paralelo ao evento AFROfeminista, a intenção é manter uma programação contínua e futura, com abertura a novos artistas. De acordo com Danielle dos Anjos, a Galeria está com edital aberto para artistas negros e periféricos interessados em expor no espaço, as inscrições podem ser feitas através do link disponível em: https://www.instagram.com/galeriagameleira/

Aquilombamento Artivista: a IX SeMANA AFROfeminista

Nesta edição, a SeMANA AFROfeminista acontece sob o tema “Aquilombamento Artivista”, em homenagem à intelectual e Beatriz Nascimento, escolhida como ancestral deste ano por sua contribuição histórica sobre o conceito de quilombo como organização política e forma de vida. 

O evento é organizado pelas Núcleo de Investigações Feministas da UFOP (NINFEIAS), e em sua nona edição, a SeMANA AFROfeminista, celebra também a conquista de um financiamento por edital público da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB). Como afirmou Mallu Caetano, é a primeira vez que o evento acontece com dinheiro público, o que representa um avanço para a valorização da arte da intelectualidade negra em Ouro Preto.

A SeMANA AFROfeminista acontece até sábado (29) e você pode conferir a programação completa abaixo:

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Programação da IX SeMANA AFROfeminista

24/11 – Segunda-feira

Oficina “Teatro: é tudo um jogo. O resto é composição”, com Joyce Malta, na Escola Estadual Desembargador Horácio Andrade (Sessão fechada com estudantes)

 

19h – Bate papo “A intelectualidade transatlântica de Beatriz Nascimento na contemporaneidade de nossas escolhas”, com Brunely, Dani dos Anjos e Deolinda dos Santos

Local: Casa de Cultura do Padre Faria – Aberto ao público

 

25/11 – Terça-feira

Oficina “Teatro: é tudo um jogo. O resto é composição”, com Joyce Malta, na Escola Estadual Desembargador Horácio Andrade (Sessão fechada com estudantes)

 

15h – Ação performática: “Mulheres do lar: mortes anunciadas” de Lucimélia Romão 

Local: Casa de Cultura Negra

 

Oficina “Slam: voz e resistência”, com Bárbara Gonçalves, na Escola Estadual Dom Pedro II (Sessão fechada com estudantes)

 

Oficina “Sentimentos em tela: um trabalho com o inconsciente”, com Anita Pedroso e Francielle Pedroso, na Escola Estadual Dom Pedro II (Sessão fechada com estudantes)

 

26/11 – Quarta-feira

9h – Oficina “METENDO CONVERSA: Dispositivos performáticos que contraficcionam narrativas coloniais”, com Marcinha Baobá

Local: Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP) –  Aberto ao público

 

15h – Ação performática: “Cavala dada não se olha os dentes”, com Marcinha Baobá

Local: Casa de Cultura do Padre Faria –  Aberto ao público

 

19h – Bate-papo “Mulheres que mandingam com o sagrado”, com Luana Mol, Marize Guimarães e Lolô Nagô

Local: Casa de Cultura Negra  –  Aberto ao público



27/11 – Quinta-feira

9h – Oficina “Kokedama – A arte japonesa de plantar sem vaso”, com Regiana Nunes

Local: CRA LGBT – Aberto ao público

 

15h – Ação performática: “Quitute das Mina”, com Dani dos Anjos e mallu caetano

Local: saída da Rua 15 de Agosto –  Aberto ao público

 

19h – Bate-papo “Mulheridade Negra e saúde mental”, com Gessimara Barbosa e Laís Amaral

Local: Casa de Cultura do Padre Faria –  Aberto ao público

 

28/11 – Sexta-feira

15h – Ação performática “Gênesis 09:25”, com Priscila Rezende

Local: Largo do Coimbra – Aberto ao público

 

19h – Cena curta “Ínterim”, com Ray Ariana

Local: Sala Preta (DEART) – Aberto ao público

 

29/11 – Sábado

A partir das 17h será a festa de Encerramento da IX SeMANA AFROfeminista.

Teremos: Aulão de dança com Gabi Augusta e muita música boa com DJ Viviane Barcellos, DJ Osupa, Djahi Amani e Jô Marçal

Local: Galeria Gameleira (Rua Bernardo Vasconcelos) 90, Antônio Dias – Aberto ao público



Foto de Eduarda Belchior
Eduarda Belchior é graduanda de Jornalismo na UFOP e estagiária na Agência Primaz de Comunicação, com interesse em jornalismo cultural, político e de gênero.