- Mariana
Nonô Metralha mantém viva a essência dos botecos clássicos
A Língua de Boi Recheada, um petisco inusitado mas que surpreende quem se dispõe a experimentar, é a aposta do boteco para o Festival Botecando
- Eduarda Belchior
- Ana Beatriz Justino
O 1º Festival Botecando continua, assim como o caminho da Agência Primaz pelos bares participantes. Desta vez, a visita aconteceu no Nonô Metralha, localizado na Chácara que, desde 1978, é ponto de encontro de moradores de Mariana. Para o festival, o estabelecimento inscreveu a Língua de Boi Recheada, uma receita que marca a trajetória do boteco e que agora compete como um dos petiscos no Botecando.
*** Continua depois da publicidade ***
***
Um prato fora do convencional
Embora cause estranhamento em muitos, a língua de boi é uma carne que faz parte do repertório culinário brasileiro tradicional. De sabor marcante e textura macia, a Língua de Boi Recheada com bacon e pimentão, servida no Nonô Metralha, resgata um tira-gosto emblemático dos botecos. Acompanhada de um cestinho com pedaços de pão para molhar na suculência irresistível que é deixada no prato, a experiência fica ainda mais gostosa.
O prato competidor foi colocado no cardápio do Nonô por Eva, funcionária da época em que os pais de Wagner Gomes, atual dono, comandavam o lugar e, há 47 anos, segue sendo uma grande pedida da clientela. A história do petisco com o estabelecimento, foi fator decisivo na hora da inscrição para o festival. “Eva que ela chamava, ela que foi a inventora desse prato. E com o passar do tempo isso aí pegou, e todo mundo gostou, aí nós acabamos escolhendo esse prato para poder servir para o pessoal. Tem uma saída grande, e com esse movimento aí parece que aumentou mais ainda”, comenta o proprietário.
Há sabores que pedem companhia e, como todo bom boteco, a cachaça e a cerveja bem gelada não poderiam ficar de fora e, segundo Wagner, uma “cachacinha branca, de preferência, e uma geladinha”, é a melhor pedida. Para quem ainda está com medo de experimentar o preparo é importante destacar que a língua é descascada e cozida na panela de pressão, então a textura se transforma em algo macio que quase desmancha na boca. Inclusive o proprietário diz que quem experimenta não se arrepende.
Por apenas R$30 é possível experimentar o quitute do Nonô Metralha e sentir a energia do lugar. Para quem não curte uma cervejinha, pode ficar tranquilo, que o estabelecimento oferece cachaça e caipirinha também.
Ver mais sobre o FEstival Botecando

Armazém Beer apresenta crocância mineira no Festival Botecando

Porquinho na Brasa vem de coração aberto e maçã de peito

Joelho do Carlão: Sabor e Tradição na mesa do 1º Botecando
Inscreva-se no nosso canal de WhatsApp para receber notificações de publicações da Agência Primaz.
Clima de família no Nonô Metralha
O Nonô Metralha é um boteco de bairro, o que significa que por lá os frequentadores são fieis, “tem uns aqui que é todo dia. Segunda a segunda. Eu costumo falar que eles são sócios majoritários do bar”. A experiência de comer e beber no estabelecimento é influenciada pelos regulares, que tratam o lugar com carinho e respeito, mas que já são de casa. Para quem cresceu com família botequeira e agora virou apreciador de uma boa cerveja gelada, o Nonô é uma pedida certa, já que, desde a decoração até aos pratos, tudo remete a um boteco raiz.
*** Continua depois da publicidade ***
Toda essa essência familiar vem da história do próprio bar. Fundado pelo Seu Nonô pai de Wagner há mais ou menos 47 anos e passado para o filho há 21 anos, o trabalho em família permanece. “Aí meu pai aposentou, tava cansado disso já e falou: ‘Eu tenho que passar isso para alguém’. Nós somos cinco filhos, aí o único que interessou mais foi eu. Aí eu acabei pegando e que bom que eu peguei que passei a gostar mais ainda agora”.
Com cadeiras de plástico e caixas de cerveja empilhadas o boteco se aventurou pela competição a comando de Carolina e Debiane, filha e esposa de Wagner, inclusive com a escolha do quitute participante. A língua foi escolhida por ser um aperitivo tradicional do espaço, assim como a recepção dos clientes que torna tudo acolhedor. Tudo se completa com a música ao vivo, com um repertório de samba na voz e violão.
Comida de Bar, Boteco e Botequim
O Festival Botecando – Comida de Bar, Boteco e Botequim – não é apenas uma disputa gastronômica, mas uma “celebração da identidade marianense, reunindo sabores, histórias e tradições que refletem a hospitalidade e o modo de viver de seu povo”.
O evento, que vai de 5 de novembro a 7 de dezembro de 2025, visa fortalecer a economia local, impulsionar o turismo e valorizar o patrimônio cultural de Mariana. A competição transforma os bares em “verdadeiras vitrines da cultura popular”.
Nesta primeira edição são 14 estabelecimentos participantes, cada um com seu tira-gosto de livre escolha (tradicional ou inédito), com preço máximo de R$60,00. O público tem a palavra final na votação, que acontece via aplicativo “Conecta Mariana” ou QR Code nos bares, entre os dias 6 de novembro e 3 de dezembro.
Os prêmios são um incentivo e tanto: R$10 mil para o primeiro colocado, R$7 mil para o segundo e R$5 mil para o terceiro. Há ainda um prêmio de R$3 mil para o “Bar Mais Visitado”, recompensando aquele que conquistar o maior público.
O encerramento do Festival Botecando está marcado para 7 de dezembro, na Praça Gomes Freire, com uma grande festa que contará com atrações musicais, apresentações artísticas e a entrega das premiações.
Graduanda em jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e estagiária na Agência Primaz. Possui grande atração por gênero, cultura e politica.