- Mariana
Inflação de Mariana atinge quase o triplo do índice nacional
Levantamento inédito de indicadores consta da primeira edição do Boletim Econômico do município
Em evento restrito, realizado nessa terça-feira (18), na Casa do Empreendedor, a Prefeitura de Mariana, por meio da Secretaria de Diversificação Econômica, Tecnologia e Inovação apresentou, nessa terça-feira (18), a primeira edição do Boletim Econômico de Mariana, produto derivado da atuação do Observatório Econômico municipal, que tem a participação de professores e alunos do curso de Economia da UFOP, via projeto de extensão universitária. Um dos principais indicadores apresentados no boletim é o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de Mariana, que atingiu 3,19%, no acumulado de maio a outubro deste ano, o que corresponde a mais de 2,6 vezes o resultado do IPCA do Brasil, no mesmo período. O boletim, cuja íntegra vai ser divulgada na próxima segunda-feira (24), vai permitir a obtenção e análise de dados concretos sobre a economia local, o custo de vida e os impactos da expansão da mineração e da população flutuante, possibilitando o desenvolvimento de políticas públicas baseadas em evidências palpáveis e diretamente conectadas com a realidade do município.
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Observatório econômico
Criado para gerar indicadores e fatores reais que afetam diretamente a vida dos cidadãos de Mariana, o Observatório Econômico integra uma das ações do plano “Avança Mariana”, lançado oficialmente em abril deste ano, visando a coleta e análise de dados sobre crescimento econômico, geração de emprego e qualidade de vida.
“De experiência em tudo que eu busquei, é a primeira vez que um município, no Estado, faz uma apresentação [do tipo] que nós vamos trazer aqui hoje. A gente não tem nada assim feito por nenhum prefeito, nenhuma Prefeitura, então isso aqui é a responsabilidade de uma gestão inovadora, traduzindo uma realidade prática na vida de cada um”, destacou o secretário Pedro Mol, no início de sua apresentação, informando que a coleta de dados em mais de 700 estabelecimentos, em parceria com o Instituto Mineiro do Desenvolvimento Socioambiental, permitiu um retrato preciso do panorama econômico do município.
“Nós somos uma cidade que tem uma peculiaridade econômica muito atípica das demais e isso traz a necessidade de a gente entender quais são os históricos, quais são as interferências de cada perfil econômico na matriz de trabalho nosso do dia a dia, o que interfere na questão de aluguel e de fatores que representam no curso a vida de cada pessoa”, acrescentou o secretário.
Um dos fatores mais importantes para o entendimento da economia local, considera Pedro Mol, é a questão populacional, uma vez que o Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (9IBGE) registrou, no Censo de 2022, 65.506 habitantes, sendo que a estimativa real é de aproximadamente 100 a 115 mil pessoas, devido ao alto índice da população flutuante.
Para o secretário, essa pressão externa sobrecarrega os serviços públicos – principalmente saúde e educação – e influencia negativamente o cenário econômico local, não sendo uma falha do Executivo, mas uma consequência do crescimento descontrolado. Independentemente disso, ressalta Pedro Mol, uma evolução crítica, entre 2010 e 2022, mostra o achatamento da população jovem (15 a 19 anos) em queda de 19,2%, e um aumento acentuado da população acima de 65 anos (50%), indicando uma população ativa mais velha e uma futura crise de mão-de-obra.
Esse indicador é preocupante, uma vez que a construção civil e os serviços são os principais motores da economia local e embora tenha havido uma baixa na mão de obra devido à desmobilização de empresas terceirizadas da Fundação Renova, já está acontecendo um novo crescimento, com expectativas de aumento exponencial devido a investimentos futuros da Samarco (R$9 bilhões) e Vale (R$4 a R$5 bilhões). Com isso, mais de mil vagas de emprego ficam em estoque semanalmente no CIE, mas há um fator crítico de qualificação da mão de obra, com muitos jovens não sendo absorvidos no mercado de trabalho formal.
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Índice de inflação de Mariana
A maior concentração da população nas classes C, D e E (até dois salários-mínimos), em Mariana, torna o custo de vida ainda mais impactante e, seguindo metodologia similar à adotada pelo IBGE, o desenvolvimento do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de Mariana, tem como principais grupos Alimentação e Bebidas (maior peso), Habitação, e Transporte e Comunicação.
De acordo com os dados coletados, Mariana apresenta uma inflação acumulada de 3,19%, de maio a outubro de 2025, contrastando drasticamente com a inflação acumulada do Brasil no mesmo período, que foi de 1,22%. A análise desses índices demostrou que a habitação é o principal fator de pressão inflacionária, contribuindo com 2,54% para o IPC, impulsionada pela população flutuante e pela alta demanda por aluguéis.
Pedro Mol destacou que o valor médio de aluguel para um imóvel de dois quartos subiu da faixa de mil a R$1.200,00, em 2015, para um patamar entre R$1.800,00 a R$2.500, 00 atualmente, muito acima da correção inflacionária esperada, que faria os valores situarem-se entre R$1.600,00 e R$1.800,00.
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Políticas de mitigação dos efeitos da inflação
Tanto para Pedro Mol quanto para o prefeito Juliano Duarte (PSB), a observação atenta dos dados coletados para a 1ª edição do Boletim Econômico de Mariana mostra a importância do programa Tarifa Zero. Com 17,34% de participação no IPC de Mariana, o segmento “Transporte e Comunicação” contribuiu com um freio inflacionário em Mariana, apresentando -0,11% de variação em outubro. Isso significa que, mensalmente, os trabalhadores marianenses economizam aproximadamente R$143,00, o que representa R$1.723,00 rem 12 meses, ou, em outras palavras, um 14º salário para a classe de renda mais baixa, além de aumentar a circulação de pessoas na cidade, incentivando o comércio e a economia local e facilitar o acesso a serviços essenciais como saúde, educação e cultura.
Outro importante instrumento destacado por Pedro Mol foi a Lei da População Flutuante (Lei 3.937), sancionada pelo prefeito Juliano Duarte, considerada essencial para controlar o impacto dessa parcela da população, constituindo-se no maior desafio do município, uma vez que há 598 alojamentos catalogados, muitos deles repúblicas de trabalhadores, que disputam moradias com famílias locais, elevando os preços dos aluguéis.
Adicionalmente, segundo Pedro Mol, a recente conquista da implementação do programa “Minha Casa, Minha Vida”, em Mariana, é crucial para combater o déficit habitacional e a alta nos aluguéis, sendo uma política pública de mitigação dos problemas causados pela mineração.
Concluindo sua apresentação, Pedro Mol afirmou que o Boletim Econômico passa a ser uma política contínua, com atualizações periódicas para monitorar a evolução dos indicadores, permitindo que a gestão municipal tenha acesso a informações precisas para identificar onde agir e como investir o orçamento para melhorar a qualidade de vida da população.
Parceria com a Universidade Federal de Ouro Preto
Além do Instituto Mineiro de Desenvolvimento Socioambiental (IMDS), o funcionamento do Observatório Econômico de Mariana conta com o apoio e suporte do programa de extensão “Elos do Desenvolvimento”, coordenado pelos professores Luiz Mateus e Chrystian Mendes, do Departamento de Economia do ICSA/UFOP.
“Muita gente fala, há muitos anos, dos problemas da cidade, inflação, custo de vida, problemas habitacionais, mas a gente não vê uma divulgação de dados para isso. Então, hoje a gente, através de um projeto de extensão, oferece dados socioeconômicos, juntamente com uma parceria do IMDS, que é o Instituto Mineiro de Desenvolvimento Socioambiental, que também colabora dentro desse projeto de extensão com a UFOP”, esclareceu o professor Luiz Mateus, que acompanhou a apresentação feita pelo secretário Pedro Mol.
“Tanto para o Observatório quanto para o Boletim, nós damos apoio técnico no sentido de avaliar o conteúdo e dar uma orientação geral no sentido de produzir algo que seja realmente de qualidade e venha transmitir à população a realidade dos dados socioeconômicos e socioambientais do município”, concluiu o professor universitário, cujo programa de extensão conta também com a participação de estudantes voluntários do curso de economia da instituição.