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Hoje é quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Milton Hatoum participa de palestra durante o Fórum das Letras

O escritor amazonense discutiu literatura, história e violência, destacando o papel ético e estético da escrita

O livro “Dança de Enganos” fecha a trilogia de “O Lugar Mais Sombrio”, mas Milton Hatoum revelou no Fórum das Letras que ainda há mais um volume, um romance à parte.
O livro “Dança de Enganos” fecha a trilogia de “O Lugar Mais Sombrio”, mas Milton Hatoum revelou no Fórum das Letras que ainda há mais um volume, um romance à parte - Foto: Eduarda Belchior/Agência Primaz

Na última terça-feira (04), o escritor Milton Hatoum esteve em Mariana para participar da palestra “Literatura, História, Violências”, no ICHS (Instituto de Ciências Humanas e Sociais), durante a edição XX Fórum das Letras da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). Mediado pela professora Mônica Gama, o encontro abordou temas como memória, violência, ética e o processo de criação literária, além do lançamento do livro “Dança de Enganos”, o último da trilogia “O Lugar Mais Sombrio”, de Hatoum.

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Um dos maiores nomes da literatura brasileira no Fórum das Letras

Milton Hatoum nasceu em Manaus, em 1952. Estreou na ficção com Relato de um certo Oriente (1989), vencedor de um Prêmio Jabuti de Melhor Romance. Na sequência, publicou Dois Irmãos (2000), que ganhou adaptações para TV, teatro e quadrinhos. Além desses, outros ilustres lançamentos que conquistaram o mundo, fazendo com que o autor recebesse prêmios como o Prêmio Roger Caillois (Maison de l’Amérique Latine/ PEN Club – França). 

Com essa trajetória consolidada, o escritor falou ao público sobre a força da literatura para lidar com a memória e a história. “Eu acho que a beleza, aspecto formal do romance é fundamental, porque não é apenas o que contar, o que narrar, mas como narrar. A frase, o ritmo, a sonoridade e a carnalidade da palavra, do som, tudo isso é importante”, comentou.

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Para Hatoum, a forma literária é inseparável da experiência, seus romances têm como pano de fundo a ditadura militar brasileira, ao ser questionado sobre essa escolha, ele diz que poderia escrever sobre coisas mais amenas, mas que testemunhou muitas coisas violentas no Brasil. “Eu acabei elegendo esse período de fundo dos meus romances, mas sem falar diretamente do período da ditadura. Faz parte da minha vida essa experiência, não é um uma tradução direta, mas é a memória que a gente transporta para a linguagem”, contou.

O autor ainda destacou no Fórum das Letras, que o último volume da trilogia é ambientada em Ouro Preto, cidade que frequentava durante os anos 70 na época do Festival de Inverno, memórias que lhe são muito caras. Além disso, parte dessa decisão na hora da escrita vem também da leitura apaixonada de autores mineiros, como Drummond e Murilo Mendes.

O público celebra o escritor

Após o encerramento, Hatoum permaneceu no espaço para uma breve sessão de autógrafos no Fórum das Letras
Após o encerramento, Hatoum permaneceu no espaço para uma breve sessão de autógrafos - Foto: Eduarda Belchior/Agência Primaz

O auditório G-20 do ICHS ficou lotado para receber Milton Hatoum, em um dos momentos mais aguardados da programação do Fórum das Letras. Estudantes, professores e leitores acompanharam atentamente a conversa e, ao final, o aplaudiram de pé em reconhecimento à relevância de suas obras.

Foto de Eduarda Belchior
Eduarda Belchior é graduanda de Jornalismo na UFOP e estagiária na Agência Primaz de Comunicação, com interesse em jornalismo cultural, político e de gênero.