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Hoje é quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Gravação de clipe anima Praça Minas Gerais

A composição de Aquiles, O Poeta, e Lil Tim faz parte da trilha sonora do curta “Tudo que é sólido desmancha no ar”

A produção distribuiu salgadinhos e água para os presentes
O curta e o clipe são mais formas de divulgar o trabalho de Aquiles - Foto: Ana Beatriz Justino/Agência Primaz

Aconteceu nessa quarta-feira (22), a gravação do clipe da música tema do curta “Tudo que é sólido desmancha no ar”. O chamado para integrar o filme como figurante aconteceu pelo instagram e a gravação foi feita nas “Duas Igrejas”, em Mariana. A trilha oficial da obra foi produzida por Aquiles, O Poeta, e Lil Tim, dois artistas da Região dos Inconfidentes.

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Gravação do clipe

Antes do início das gravações, marcado para 19h, a equipe do curta montou a iluminação e organizou a turma da figuração, entre eles alunos do rapper Aquiles cuja presença deu grande animação ao espaço, que aproveitaram a praça e seus arredores para brincadeiras. 

O clipe vai integrar uma cena do filme, além de ser disponibilizado nas plataformas digitais - Foto: Ana Beatriz Justino/Agência Primaz

No início a produção teve problemas técnicos, o que foi avisado de antemão aos presentes, mas logo foi solucionado. Como parte dos figurantes estavam nomes do rap de Mariana, como Gaudêncio e Bomblack. Os diretores foram organizando a galera até que tudo ficasse satisfatório, enquanto os figurantes elevavam o astral, entoando os versos de Aquiles.

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A trilha sonora do curta

A composição de Aquiles e Lil Tim foi inspirada no estilo boombap dos anos 90 e o novo álbum do artista FBC, além de criticar as tensões do território. “A mineração, a falta de incentivo cultural por parte do poder público e nas vivências, minha família é atingida, eles são de um distrito de Barra Longa que chama Gesteira e eu sempre quis fazer um som sobre isso, nesse lugar” relata o compositor sobre a oportunidade de integrar a trilha sonora do filme. 

O artista relata que a composição veio fácil, já que seus ideais estavam conectados com o dos diretores da obra. “Eu me sinto muito feliz de estar participando desse projeto, porque eu já queria fazer um som sobre isso, é uma questão familiar, é uma questão que afeta muito eu, os meu parentes, as pessoas que vieram antes e até as pessoas que vão vir depois, os filhos e tal” expõe o artista sobre a casa familiar que perdeu com o rompimento.

Eu sempre quis fazer um som sintetizando essa raiva, essa revolta, essa tristeza mesmo, como se fosse algo para ficar registrado porque a gente sente que isso é encoberto”, completou Aquiles, destacando que a trilha sonora, além de ser um local de resistência para o artista, é também uma possibilidade de trabalhar com pessoas que ele admira.

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O curta

A obra audiovisual é o trabalho de conclusão de curso de Anthony Christian e Laura Borges, contemplado com recursos da Lei Paulo Gustavo de Mariana. O filme ficcional acompanha a vida de Carlos, um trabalhador minerário que vive no distrito fictício de Antônio Borba. O jovem registra, com sua câmera, os impactos ambientais e sociais da mineração e do acontecimento que move o filme: a privatização do ar.

Como inspiração, os diretores utilizaram a própria mineração e o contato que se tem com ela morando ou não em Ouro preto e Mariana. “E falar sobre mineração, para quem vive em Minas Gerais, é falar sobre o próprio cotidiano”, diz o diretor. “Querendo ou não, criticando ou não, todos vivemos a mineração em Minas Gerais, independentemente do grau de aproximação com essa atividade,” completa a co-diretora.

A seleção de artistas para compor a obra veio de um lugar de criticar a mineração, que é o que o filme faz, de modo geral, mas utilizando a arte para amplificar essa crítica. Nesse sentido convidaram o artista visual Bruno Miné, do distrito ouro-pretano de Antônio Pereira, e Aquiles, O Poeta. “Convidamos Aquiles, um dos melhores letristas da região, para compor essa trilha e a faixa realmente traduz a alma do filme. Nosso curta não apenas repudia e critica a mineração predatória, mas propõe um manifesto cultural: usar a arte como arma “, comentam os diretores. 

O filme, para Antony e Laura, é também uma forma de apresentar outras perspectivas para os jovens que moram em cidades minerárias. “Percebemos que as mobilizações das pessoas atingidas vinham, em sua maioria, de mulheres adultas. A juventude, porém, ainda precisava se envolver, reivindicar seus direitos: ao trabalho, ao estudo, ao lazer. Os jovens das cidades mineradoras veem apenas uma alternativa para o futuro: a mineração. Mas isso não é a única realidade possível” 

Para mais informações acompanhe o Instagram do curta e dos diretores Anthony Christian e Laura Borges.

Foto de Ana Beatriz Justino
Graduanda em jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e estagiária na Agência Primaz. Possui grande atração por gênero, cultura e politica.