Quando a Mente Sofre: Descobrindo os Caminhos da Psicanálise

Os problemas de saúde mental no Brasil e no mundo têm sido chamados de “A doença do século”. O problema é alarmante, muito mais que talvez possamos imaginar e merece toda a nossa atenção.

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, cerca de 1 bilhão de pessoas (12% da população mundial) vivem com algum tipo de transtorno mental. Os transtornos mais comuns são a ansiedade e a depressão, custando à economia global cerca de US$ 1 trilhão por ano em perdas de produtividade e outros impactos econômicos. As pessoas com transtornos mentais graves morrem 10 a 20 anos mais cedo que a população geral.

No Brasil, quase 10% dos brasileiros (cerca de 21 milhões) declararam ter recebido diagnóstico médico de Transtorno de Depressão ou Ansiedade alguma vez na vida.

Além dos fatores de ordem genética, são fatores extremamente marcantes que contribuem para os Transtornos Mentais, a desigualdade social e a insegurança, o excesso de trabalho e cobrança, com jornadas longas, metas abusivas e pressão por produtividade, a falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, com o fenômeno do “Burnout” e o impacto das redes sociais. O brasileiro passa cerca de 09hs/dia conectado, gerando sobrecarga mental e dificuldade de desconexão emocional. Além disso são destaque também, o acesso limitado ao tratamento da saúde mental pública e o uso abusivo de álcool e drogas.

Estudos demonstram que os grupos mais atingidos com o problema de saúde mental são as mulheres, as crianças e adolescentes, os jovens com idade entre 18 e 29 anos, os idosos, as pessoas pobres, desempregadas, negras, indígenas, ribeirinhas e moradores de rua, os LGBTQIAPN+ e os profissionais da área de saúde.

Diante de tal quadro alarmante, é indiscutível que essa população precisa de atenção e tratamento adequado. Nesse sentido, a Psicanálise vem se destacando com uma forma de cuidado essencial para a saúde mental. Suas origens remontam ao século XIX, quando Freud, um médico neurologista austríaco, considerado o Pai da Psicanálise, foi trabalhar em uma grande clínica exclusiva para mulheres consideradas “loucas”, a Salpetiere, em Paris, na França. Lá ele descobriu que essas mulheres sofriam de vários problemas de ordem fisiológica, tais como enxaquecas, dores abdominais, problemas de locomoção, de visão, entre outros, sem nenhuma causa identificada, apesar dos vários exames realizados. Os médicos da época, diante de tal quadro, consideravam que esse era um problema do útero (hystéra em latim) típico das mulheres, daí o fato de elas serem chamadas de histéricas na época.

Freud se interessou pelo assunto, não concordou com esse diagnóstico e deu início a um tratamento inovador direcionado a elas na base da escuta analítica e descobriu que os problemas não eram realmente de origem fisiológica, mas sim relacionados à mente, originários de conflitos inconscientes traumáticos e reprimidos, conseguindo a melhoria do estado de saúde mental dessas mulheres. Daí nasceu a Psicanálise.

Durante o desenvolvimento de seus estudos, Freud dividiu a mente humana em três instâncias: o Consciente, o Pré-consciente e o Inconsciente. O Consciente é o que fazemos de forma proposital, com plena noção do que estamos fazendo. O Pré-Consciente é um nível intermediário entre o consciente e o inconsciente. Contém as informações e memórias que não estão ativamente na consciência, mas podem ser acessadas facilmente quando necessário.

O Inconsciente é a camada mais profunda da mente, inacessível diretamente à consciência de maneira natural. Contém a maior carga de informações relacionadas a desejos, memórias, traumas e impulsos reprimidos que foram excluídos da consciência por serem dolorosos, socialmente inaceitáveis ou conflitantes. Na grande maioria das vezes, esses problemas são gerados durante a infância e geram impactos traumáticos no nosso comportamento, levando aos transtornos mentais.

O tratamento psicanalítico atua nesses transtornos mentais, principalmente no inconsciente, através de uma técnica denominada Associação Livre, onde o paciente é levado a manifestar livremente tudo o que lhe vier à mente, sem censura e sem julgamentos. Isso inclui pensamentos, imagens, lembranças, emoções, palavras soltas, sonhos ou até ideias aparentemente sem sentido. O princípio básico é que, ao falar livremente, o inconsciente se manifesta, revelando desejos, medos e conflitos que normalmente são reprimidos. O simples fato de falar e sentir que está sendo ouvido sem nenhum tipo de censura e julgamento por um profissional especializado já alivia o problema. Mas a psicanálise não para por aí. O Psicanalista além de ouvir atentamente o paciente, ele observa os conteúdos que vão surgindo espontaneamente, analisa e conduz o paciente a um processo de autoconhecimento e ressignificação, contribuindo para a melhoria da sua saúde mental. Além dessa técnica, a psicanálise integrativa se utiliza de várias outras, agregando valor ao tratamento.

Se você quiser se aprofundar no assunto, é só retornar. Júlio César Vasconcelos, Psicanalista Integrativo – Especialista em Perdas e Luto e Terapia de Casais. (31)99345-0515.