Entrevista Primaz – Evaristo Bellini

A edição nº 109 da Entrevista Primaz recebeu Evaristo Bellini para conversar sobre a trajetória da empresa Saneouro, os desafios enfrentados na implantação e os planos futuros de saneamento em Ouro Preto.
Confira a íntegra da entrevista clicando no link e leia alguns trechos de destaque do bate papo de Evaristo Bellini com o jornalista Luiz Loureiro.
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Trajetória profissional de Evaristo Bellini e desafios em Ouro Preto
Formado em engenharia mecânica, trabalhou 23 anos na Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, quando passou a atuar, por 15 anos, em um grande contrato de saneamento industrial, no município de Jeceaba. Após um período em São Paulo, na área de novos negócios, assumiu a superintendência da Saneouro, em Ouro Preto, em 2022, que havia assumido a concessão no município, em janeiro de 2020, enfrentando forte oposição política e popular desde o processo de licitação.
De acordo com Evaristo, o período foi “muito tenso“, com manifestações “Fora Saneouro“, sessões da Câmara Municipal focadas no assunto, e relatos de incidentes como veículos da Saneouro incendiados, resistência pública à hidrometração e estímulo à inadimplência.
Apesar do cenário adverso, Evaristo lembrou que a estratégia da Saneouro foi manter as operações e investimentos, seguindo o contrato de 35 anos, considerado “sólido e bem estruturado”, ocorrendo uma melhora do relacionamento com o Poder Público e com a população quando o prefeito Ângelo Oswaldo reconheceu publicamente que não seria possível anular a concessão “com uma canetada”, mas prometeu fiscalização rigorosa. A partir daí, na visão do superintendente, a população começou a reconhecer o trabalho da Saneouro, principalmente pela melhora na disponibilidade e qualidade da água.
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Investimentos, conquistas, desafios e avanços
Em termos de tratamento e disponibilização de água, Evaristo Belinni pontuou que, até o momento, a Saneouro investiu aproximadamente R$80 milhões no município de Ouro Preto, gerando 150 empregos diretos e atendendo mais de 66 mil clientes. Houve a implantação ou melhoria de 61km de rede de água e a perfuração de quatro poços profundos.
Com isso, assegurou Bellini, as metas de investimento em água foram superadas, com a operação amadurecendo e novas necessidades sendo identificadas e atendidas.
Entretanto, o avanço no tratamento de esgoto foi prejudicado por uma demora de 2,5 anos na obtenção da licença ambiental para a Estação Produtora de Água de Reuso (EAP), isso em um município que tratava apenas 0,7% do esgoto gerado, por meio de uma estação existente no distrito de São Bartolomeu.

Inicialmente não prevista no contrato de concessão como bem afetado, por solicitação da Prefeitura de Ouro Preto, a Saneouro estudou e revitalizou a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Parque da Lagoa, investindo cerca de R$1 milhão, reinaugurada no final de agosto, e que, junto com outra ETE existente e a futura ETE Maracujá, menor que o projeto original, vai atender a todo o distrito de Cachoeira do Campo, com potencial para suportar o crescimento populacional que se imagina naquela região.
Para atendimento à sede do município, a ETE Osso de Boi teve suas obras
iniciadas este ano, após a liberação da devida licença, com expectativa de que a primeira fase entre em operação até meados de 2026, por volta de julho/agosto, e a segunda fase em aproximadamente um ano depois.
Evaristo ressaltou o grande desafio representado pela complexa topografia de Ouro Preto, que exige a construção de 19 estações elevatórias de esgoto, praticamente todas necessitando de cuidados especiais porque precisam passar por áreas de Mata Atlântica e regiões protegidas por motivos históricos, exigindo licenciamentos detalhados e cooperação com órgãos como o IPHAN e o IEFA, por exemplo.
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Questão tarifária e percepção pública
Na entrevista, Evaristo Bellini também comentou sobre as situações relatadas anteriormente a respeito de contas consideradas elevadas, a partir da cobrança pelo consumo, destacando as ações Saneouro para esclarecimento e comunicação com os usuários, explicando as faturas e criando uma equipe para auxiliar moradores humildes na identificação e correção de vazamentos internos.
Em relação ao presente, o superintendente destacou a readequação das tarifas, a implantação de subsídios pagos pela Prefeitura de Ouro Preto e esclareceu como é feito o cálculo e como será a implantação gradual da cobrança pelo tratamento de esgoto.
Ao final, Evaristo garantiu que a Saneouro tem a intenção de cumprir o Marco Legal do Saneamento (atingir a universalização até 2033), com expectativa de antecipar alguns pontos, destacando que, atualmente, a coleta atinge entre 83-84%, das residências, com meta de chegar a 90%, com investimento total, previsto no plano de negócios, da ordem de R$170 milhões ao longo do contrato.
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