- Mariana
Superação tradição e emoção em duas rodas no Iron Biker 2025
Mais do que quilometragem e pódios, a competição revelou histórias de superação, paixão e herança familiar que atravessam gerações.
- Joyce Campolina
- Larissa Antunes
- Supervisão: Lui Pereira

Mariana recebeu, no último fim de semana, o maior evento de mountain bike da América Latina, o Iron Biker. As maratonas ocorreram entre os dias 13 e 14 de setembro e tiveram como arena a Praça Gomes Freire (Jardim), com um total de 1.600 atletas inscritos. A prova, que valoriza o cenário natural e histórico de Minas Gerais, promove o intercâmbio entre ciclistas de diversas regiões do Brasil e do exterior.
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O evento reuniu atletas de todo o país em percursos desafiadores. No sábado (13), os ciclistas enfrentaram até 81 km de trilhas, enquanto no domingo (14) o trajeto somou 62 km. As largadas, como já é tradição, aconteceram no coração do Centro Histórico de Mariana, em meio à torcida que transformou as ruas da cidade em arquibancada.
Neste ano, a maratona teve como campeões: Diogo do Nascimento Castro, de Manhuaçu, na categoria Elite Masculino, e Gabriella Pereira Ferolla de Belo Horizonte, na categoria Elite Feminino.
Determinação e superação
O Iron Biker é capaz de despertar paixões que vão além das trilhas. O ciclista carioca Carlos Augusto é prova disso, depois de tantas participações, no aniversário de 30 anos do Iron Biker, o presente já era uma certeza: eternizar no próprio corpo a marca da prova. A tatuagem que carrega na coxa direita é símbolo do quanto o evento se tornou parte de sua identidade, lembrança viva de cada desafio superado ao longo dos anos.“O Iron é a minha vida no esporte. Eu quis marcar isso na pele porque é algo que faz parte de quem eu sou”, contou. E quando perguntado se viria na próxima edição, ele deixou claro, “eu só não vou vir aqui no Iron Biker no dia que eu morrer”, revela.

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A atleta Valéria Rosa Coelho também representa bem o espírito do Iron. Mesmo com clavícula fraturada, contrariando todas as recomendações médicas de não competir, ela fez questão de estar em Mariana. Para ela, o que está em jogo vai além de qualquer resultado: é a energia única da prova, a liberdade que só o pedal oferece e a sensação de pertencer a uma comunidade movida pelo mesmo ideal. “O médico disse que não era pra eu participar, mas eu não podia deixar de vir. Participar do Iron Biker é a verdadeira representação de vida e liberdade pra mim”, disse emocionada.

O casal Alex Belotti e Nívea Costa, fizeram a participação em dupla pela primeira vez. Alex participa do evento pela 16º vez, e relata sobre o grau de dificuldade da prova: “Foi bem sofrido. Por causa do trajeto, muita subida, tivemos elevação de quase 35º de inclinação, descidas alucinantes, mas gostoso. Foi bom!”, afirma.
Sílvia Magalhães, de Campo dos Goytacazes, participou da competição pela primeira vez, em dupla com seu marido e afirma que já esperava uma prova “dura”. Segundo a ciclista, “O tempo nos ajudou, então conseguimos controlar e conseguimos concluir. E para mim foi uma superação, né? Foi meu primeiro Iron Biker em dupla com meu marido, né? Então, foi dura, mas foi satisfatória!”. O marido de Sílvia comemora: “A gente chegou bem, cansado, óbvio, mas feliz até por ter completado, né? Não ter caído”.
Tradição que atravessa gerações
Mais do que uma competição, o Iron Biker se transformou em herança afetiva. Em muitas famílias, o evento passou a marcar o calendário anual, sendo vivido como preparação, torcida e, principalmente, como legado que une pais e filhos em torno do esporte.

Foi assim com o ciclista Fernando Aparecido Francisco, de Santa Rita Durão, que trouxe o filho Luan, de 14 anos, para a prova. Se para o pai o Iron é sinônimo de superação, para o jovem a experiência é determinante: ele já enxerga no evento um caminho que pretende seguir ano após ano. “Eu gosto bastante do iron e pretendo estar aqui até não aguentar mais”, finalizou Luan, sob o olhar orgulhoso do pai.
Entre os rostos que se repetem ano após ano no Iron Biker está o da família Melo. Marta Melo, de 50 anos, veio de Volta Redonda (RJ) para acompanhar o marido, Pedro Melo, competidor que carrega uma ligação antiga com a prova. A relação dele com o evento começou cedo: ainda adolescente, aos 13 anos, conquistou o título da corrida e, desde então, o Iron se tornou parte da história familiar.

Hoje, já são quatro participações consecutivas em Mariana, e o compromisso vai além do preparo físico. Para Pedro, estar no Iron significa um ano inteiro de dedicação, enquanto Marta assume o papel de apoio e torcida, vibrando a cada chegada. A tradição não para por aí: antes dele, o pai, Alberto Melo, já havia disputado a prova em 1993. “É toda uma história com o Iron Biker. Eu venho com ele para acompanhar, receber e torcer a cada chegada”, disse Marta.
Turismo e economia
O evento destaca Mariana no cenário nacional, ao trazer turistas de todo o Brasil, movimentando o comércio local nos setores de hotelaria, bares e restaurantes. Além das maratonas, o Iron Biker também contou com uma programação cultural, envolvendo shows no Jardim durante todos os dias de evento.
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Para Liege Walter, atleta de mountain bike e comerciante local classificada em segundo lugar na categoria Elite Feminina, “O primeiro dia foi bem desafiador. Eu sabia que a altimetria ia ser bem desgastante, a gente subiu 3.000 de acumulado e por mais que a gente poupa no início, o final ainda é sofrido, mas foi muito bom, o Iron Biker é sempre especial aqui na cidade”, relatou a atleta.

Além disso, a ciclista destacou que o evento impulsiona o comércio local de diversas formas. “Eu que sou do ramo da bike, é uma época muito boa. O movimento aumenta bastante, a gente trabalha até tarde lá, atendendo ciclistas. As vendas melhoram bastante e é sempre especial, a gente vê aqui. A rede hoteleira está cheia, não é só o comércio de bike, né? Mas o comércio de modo geral fica bem agitado aqui durante o Iron”, comemora.
A emoção de competir em casa
Para os marianenses, estar no Iron tem um significado especial. A atleta Liege Walter, do Grupo 3T, acumula 16 participações na prova e traduz esse sentimento: “Já peguei pódio em outros anos e é uma alegria por ser da cidade. A torcida vibra mais e competir em casa é maravilhoso”, se orgulha.

Entre suor, torcida e histórias que ficam na memória, o Iron Biker Brasil reafirma, a cada edição, por que é mais que um evento esportivo: é um encontro de gerações movido pela superação e pela paixão pelo ciclismo. “Aqui é uma prova diferenciada, uma prova que une o Brasil, a gente vê gente do Brasil inteiro, do norte ao sul, é uma tradição”, completa Sânio Lages, competidor assíduo em seu nono ano no evento.
A história do Iron Biker Brasil
O Iron Biker Brasil surgiu em 1993, idealizado por Gilberto Canaan, a partir de sua experiência na organização de provas de motociclismo off-road e mountain bike desde 1983. Inspirado em provas internacionais, rapidamente se consolidou como a maior competição de mountain bike da América Latina. Nos primeiros anos, os trajetos ligavam Ouro Preto a Belo Horizonte. Em 2003, Mariana entrou no roteiro e, desde 2013, a cidade se tornou a sede oficial da prova.
A prova enfrentou obstáculos nos primeiros anos, sobretudo para atrair atletas amadores que receavam não concluir o percurso. A organização investiu em comunicação para mostrar a viabilidade da participação. Em 1998, o convênio com o Iron Bike da Itália trouxe intercâmbio internacional. O italiano Marzio Deho foi o primeiro estrangeiro campeão da competição.
Desde 2013, Mariana tem contrato com os organizadores para sediar o evento, transformando-o em instrumento de fortalecimento econômico e turístico. Mais de três décadas depois, o Iron Biker consolidou-se como plataforma esportiva e referência mundial na modalidade.