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Hoje é segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Refúgio ou regressão? A Psicologia por trás da infantilização de adultos

“Amadurecer absolutamente não é só crescer em tamanho e idade cronológica, mas em pensamentos, palavras, comportamentos e atitudes”. (Vasconcelos, 2025)

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A infantilização de adultos pode afetar a sociedade e os indivíduos, levando a transtornos mentais e comportamentos regressivos

Ouça o áudio de "Refúgio ou regressão? A Psicologia por trás da infantilização de adultos", do colunista Júlio Vasconcelos:

No nosso artigo publicado anteriormente fizemos uma abordagem sobre a Adultização de Crianças e suas consequências. Em uma espécie de contramão do fenômeno, trazemos agora uma abordagem sobre a Infantilização de Adultos que, também da mesma forma, traz nefastas consequências para as pessoas e para a sociedade.

Recentemente, chamou a atenção nas mídias uma imagem do jogador de futebol Neimar, todo sorridente, com uma chupeta na boca, talvez influenciado pela mídia chinesa, que a partir de 2020 vem apresentando uma série de celebridades utilizando esse adereço e também por influenciadores. Muito além das curtidas que isso pode ter gerado nas mídias sociais por parte de seguidores levianos e fanatizados, é importante lembrar que esse fenômeno, aparentemente inconsequente, pode evoluir ou mesmo caracterizar um transtorno mental, dependendo da evolução, do contexto e do tipo de personalidade envolvida.

A infantilização de adultos é um fenômeno social e psicológico em que pessoas imaturas, incapazes de assumir responsabilidades próprias da vida adulta, são tratadas ou se colocam em posição de dependência ou de excesso de autoridade e de imaturidade. Esse processo pode ser reforçado tanto pelo meio social quanto pelas próprias escolhas individuais, funcionando como uma forma de evitar responsabilidades, frustrações e limites que fazem parte da vida.

Na prática, a Infantilização de Adultos aparece em várias situações do cotidiano. Na família, são aqueles adultos cujos pais continuam resolvendo todos os seus problemas tais como pagar contas, decidir relacionamentos e interferir no trabalho, impedindo que o indivíduo desenvolva autonomia. Vale lembrar que o Neimar, como divulgado nas mídias, é notoriamente acompanhado e protegido pelo pai, que gerencia sua carreira e intervém nas diversas situações embaraçosas que ele acaba se metendo.

No trabalho, a Infantilização se processa com funcionários inseguros, que se comportam de maneira dependente, sempre esperando ordens detalhadas para cada tarefa ou se esquivando de assumir erros e repetindo posturas infantis com brincadeiras despropositadas, em vez de agir com responsabilidade.

Nos relacionamentos afetivos, são casais em que um dos parceiros espera do outro cuidados semelhantes aos de uma mãe ou de um pai, como organizar tudo da vida doméstica, tomar decisões, pagar suas contas e cuidar do próprio asseio, presos a uma dinâmica de dependência total e imatura.

Na vida social e digital, a Infantilização se manifesta com a divulgação massiva de futilidades, com a necessidade constante de aparecer, de aprovação, de curtidas e de validação nas redes sociais, refletindo uma busca permanente por atenção típica da infância.

Conforme comentamos anteriormente, todos esses comportamentos, se não devidamente tratados, podem levar à uma série transtornos mentais tais como Transtorno de Personalidade Dependente – TPD, caracterizado pela dificuldade extrema em tomar decisões sem a aprovação de outros, medo de ficar sozinho e necessidade de cuidados constantes; Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAG, caracterizado por uma insegurança constante e preocupações excessivas, com medo de assumir responsabilidades; Transtorno de Personalidade Borderline – TPB, caracterizado pela imaturidade emocional, pela dificuldade em lidar com frustrações, pela dependência afetiva e por crises intensas de humor. Não poderia deixar de ser citado também o Transtorno de Personalidade Narcisista – TPN, caracterizado por  um sentimento de grandiosidade e de autoimportância, pela necessidade excessiva de admiração, pela falta de empatia  e atitudes e comportamentos arrogantes e insolentes. São os donos do poder, presos a um narcisismo primário típico da infância e caracterizado por Freud, que se dizem enviados de Deus, salvadores da pátria e paladinos da justiça e que vivem brigando entre si, levando o País à bancarrota!

Vale lembrar que a Infantilização não deve ser confundida com a preservação da espontaneidade, com a criatividade ou a com a capacidade lúdica, que são aspectos considerados saudáveis. O problema realmente surge quando a recusa em amadurecer limita a autonomia, gera sobrecarga em quem assume responsabilidades alheias, enfraquece a capacidade de lidar com a própria realidade ou, no outro extremo, exacerba o sentimento de poder, de onipotência, trazendo discórdia, ódio e violência.

O fenômeno da Infantilização de Adultos nos convida a refletir até que ponto essa nossa sociedade contemporânea com o uso distorcido e abusivo da tecnologia e das mídias sociais e a busca desenfreada por aparecer e por status está colaborando para a permanência de adultos em um estado de infância prolongada, com comportamentos regressivos em situações de influência e de poder.

Quem tem ouvidos, que ouça!

Se você quiser se aprofundar no assunto, é só retornar: Júlio César Vasconcelos – Psicanalista Integrativo (31) 99345-0515 (Whatsapp)

Foto de Júlio Vasconcelos
Júlio César Vasconcelos, Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas
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