- Mariana
Mariana inicia obras de restauração da Capela de Santana
Projeto de restauração prevê etapas voltadas à recuperação da capela e de seus elementos artísticos, em imóvel tombado pelo IPHAN

A Prefeitura de Mariana assinou a ordem de serviço das obras de restauração do templo e deu início à restauração da Capela de Santana, localizada no bairro Cruzeiro do Sul. O investimento total é de R$2,1 milhões, sendo R$1,5 milhão provenientes do PAC Cidades Históricas, do Governo Federal, e cerca de R$570 mil do Fundo Municipal de Patrimônio Cultural (FUMPAC), vinculado à Prefeitura. A capela, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), será restaurada pela empresa Cantaria Conservação e Restauro Ltda.
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Reforma estrutural
De acordo com o secretário municipal de Patrimônio Cultural e Turismo, Eduardo Batista, a restauração terá sua primeira fase das obras corresponde apenas à parte estrutural nesse momento. “Esses R$570 mil vêm do FUMPAC, que é alimentado com recursos do ICMS Cultural. Todas as destinações precisam de aprovação do Conselho de Patrimônio antes da execução”, explicou.
O secretário afirmou que, após essa etapa, será realizado o levantamento dos elementos artísticos para uma segunda fase, com orçamento estimado em torno de R$600 mil. Esse valor pode vir de recursos próprios, de novas captações ou da combinação de diferentes fontes, a exemplo do que ocorreu na etapa inicial.
Eduardo destacou que o prazo contratual inicial é de seis meses, mas, considerando as particularidades de um bem histórico, a previsão é de aproximadamente um ano para a conclusão da fase estrutural.
Entre os problemas já identificados estão a necessidade de drenagem adequada devido à proximidade do cemitério, infestação de cupins em peças estruturais e infiltrações. Segundo o secretário, essas particularidades aumentam a complexidade da intervenção.
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Capela está fechada desde 2022
Segundo o padre Geraldo Buziani, pároco e reitor da Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção, a Capela de Santana está fechada desde setembro de 2022, quando uma parede lateral ruiu em função de deterioração. Desde então, as celebrações foram transferidas para um salão comunitário na Rua Zenaide Braga.
O padre afirmou que desde o fechamento da Capela, a logística das celebrações sofreu alterações. “Aquela capela é muito importante para aqueles bairros, toda aquela área próxima à Capela. Então, as celebrações já não puderam mais ser ali realizadas. As missas eram realizadas sempre aos sábados às 5:30 da tarde, né? Tem a festa de Santana, que é muito importante no dia 26 de julho. Então, depois disso, as celebrações tiveram que ser transferidas para o salão comunitário”, explica.
Segundo ele, essa mudança das celebrações causa um grande impacto na comunidade do bairro. “A Capela tem seu significado simbólico, como coração da comunidade, casa da comunidade. Aí de repente você já não pode estar ali naquele espaço que é seu. E ver o espaço ruindo com trincas, os cupins, comendo as peças todas, o problema da infiltração, então causa uma tristeza”, lamenta.

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História da Capela de Santana
O sacerdote lembrou que a capela, erguida na primeira metade do século XVIII, já abrigou um hospital e foi vinculada à Ordem Franciscana. Ressaltou também o valor artístico da edificação, que possui altar-mor em estilo joanino, forros característicos e um cemitério anexo que marca a tradição de orações pelos falecidos.
O padre destacou ainda que um dos maiores desafios técnicos é a drenagem. A inclinação do terreno do cemitério faz com que a água das chuvas se acumule na parte posterior da capela, provocando infiltrações. “Organizar o fluxo de água do solo para que tenha um movimento adequado e não vá umedecendo a construção. Porque como ali tem o cemitério atrás, e é inclinado, toda a água do cemitério, nas grandes chuvas, vem por trás da capela, infiltra em alguns túmulos e aquela umidade permanece ali na área da capela. Não adianta você restaurar as outras partes se o chão continuar úmido ali e aquilo prejudica toda obra”.
As obras envolvem recuperação estrutural, intervenções de drenagem, reparos elétricos e tratamento de madeiramento afetado por cupins. Em etapa posterior, deverão ser restaurados o altar, o forro e outros elementos artísticos. Ainda não há previsão de reabertura da capela.
Para o padre, a restauração é não apenas física, mas também espiritual. “A restauração do templo deve ser sempre acompanhada com a restauração da fé, da comunidade e dos laços que unem os aos outros” afirma.

Restaurações em Mariana
O secretário informou que além da Capela de Santana, a Prefeitura também conduz outras frentes de restauração. Entre elas está o Casarão dos Moraes, em obra desde julho deste ano, com previsão de entrega em 12 meses e investimento de aproximadamente R$1,8 milhão.
O plano de restauro abrange ainda o casarão do Centro de Atendimento ao Turista (CAT), a Igreja do Rosário em Padre Viegas (incluindo a imagem de Nossa Senhora do Rosário) e um casarão na Rua Direita, onde foi montado o Presépio Piripau em dezembro de 2024, destinado a se tornar o futuro Museu da Mineração, anexo ao Museu de Mariana.

Participação da comunidade
Eduardo ressaltou que a comunidade poderá acompanhar o andamento da obra de restauro da Capela de Santana por meio de informações expostas nos tapumes da capela, que incluirão dados sobre custos, prazos e empresa responsável. As ações incluem ainda atividades de educação patrimonial, como contrapartida exigida pelo PAC Cidades Históricas.
O secretário também destacou o papel do Iphan como parceiro técnico e a importância de relacionar o patrimônio material ao imaterial, ou seja, à vivência da comunidade. “O patrimônio material só tem sentido quando é vivido pela comunidade que nele se reconhece”, disse.
Padre Geraldo reforçou essa perspectiva, destacando a responsabilidade coletiva na preservação do patrimônio. “Todos são responsáveis pelo cuidado. É preciso atenção com pequenas ações, como observar trincas, infiltrações e goteiras, para que os problemas sejam resolvidos em tempo hábil”, explica.
A expectativa é que, ao final da restauração, a Capela de Santana retome sua função religiosa e comunitária. “São inúmeros os aspectos positivos para dentro da realidade da reforma do espaço, mas que se convergem num único valor, que é a valorização do patrimônio material e o senso de pertencimento”, concluiu o secretário.
