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Hoje é quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Projeto “TEAR” fortalece debate sobre espectro autista

Projeto de extensão da UFOP busca articular movimentos e ampliar o diálogo sobre direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Grupo que participou do evento de apresentação do projeto de extensão TEAR, da UFOP.
A primeira ação do projeto TEAR cumpriu sua proposta de criar uma rede de apoio e formação baseada na reflexão - Foto: Maria Eduarda Marques/Agência Primaz

Na manhã dessa terça-feira (19), o projeto de extensão “TEAR – Espectro Autista, Relações Sociais e Emancipação Humana”, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), promoveu um debate sobre o apoio e a defesa dos interesses das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) da região. O projeto TEAR é vinculado ao programa de extensão Coletivo Anticapitalista, coordenado pelo professor André Mayer, do curso de serviço social da UFOP, unindo a luta diária por direitos e a conscientização sobre a neurodiversidade.

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O encontro de apresentação do projeto, aprovado recentemente pela Universidade, reuniu comunidade acadêmica, familiares de pessoas com TEA, e psicólogos, além de representantes de associações locais, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Mariana. 

A discussão trouxe à tona a importância de articular as lutas de indivíduos e entidades que lidam com o TEA, uma das principais propostas do TEAR. Nesse sentido, foram abordadas questões como o capacitismo na sociedade, a sobrecarga que as famílias enfrentam para suprir a falta de apoio do poder público, a carência de profissionais da educação especializados e os possíveis desafios de ingresso no mercado de trabalho. 

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TEAR - Espectro Autista, Relações Sociais e Emancipação Humana

O projeto de extensão “TEAR – Espectro Autista, Relações Sociais e Emancipação Humana”, surgiu da iniciativa do Coletivo Anticapitalista em fortalecer o diálogo com o movimento de Pessoas com Deficiência (PCD). Após reflexões internas, o grupo definiu como ponto de partida uma aproximação de debate sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Dessa forma, o TEAR pretende ser um ponto de referência para aglutinação dos movimentos, entidades e pessoas que lidam com a questão do TEA. Além disso, também pretende promover encontros de formação e planejamentos de ações de apoio e defesa, aliado a debates sobre as relações sociais na ordem do capital. 

O encontro de terça-feira trouxe à tona discussões sobre a importância de articular as lutas de indivíduos que lidam com o TEA. A gente precisa conhecer a realidade de onde vivemos, como todo o enfrentamento na busca por direitos e políticas sociais que se faz hoje nas áreas de saúde e educação, das mulheres, idosos, LGBTs, PCDs, entre tantos outros. Que tipo de sociedade é essa?! Quais são as possibilidades de direitos e políticas sociais realmente se efetivarem?!”, questionou o coordenador do projeto André Mayer.

A estudante de serviço social, Maria Eduarda, é integrante do Coletivo Anticapitalista desde janeiro deste ano, atuando como bolsista do projeto “Defesa da Educação Federal Pública”. O interesse pelas questões relacionadas ao TEA é também pessoal, já que tem dois primos autistas não verbais. “Então, participar desse tipo de projeto é incrível, porque faz você crescer não só como profissional, mas também como pessoa. Crescer mesmo como ouvinte e aprender a lidar com situações que facilmente você entraria em crise se você não tivesse um conhecimento básico”, explica.

Para a bolsista, iniciativas como o TEAR têm um grande potencial de transformação dentro da UFOP. “Toda ação feita na universidade englobando o TEA tem potência para se tornar algo maior. Acho que o importante é começar, ver se existe alguém pensando sobre aquele assunto. Na reunião, a maior parte das pessoas não eram da universidade, foi uma pequena faísca que surgiu no local, que vai chamar outras pessoas que têm realidades parecidas”, completa.

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Coletivo Anticapitalista

Também coordenado pelo professor André Mayer, o Coletivo Anticapitalista tem como objetivo articular seis projetos de extensão de apoio às lutas dos movimentos sociais, criar ações que tensionam a ordem do capital, construir propostas junto aos movimentos e entidades e, por fim, realizar debates sobre o movimento do capital na cena contemporânea.

O projeto de extensão TEAR faz parte do "Coletivo Anticapitalista" da UFOP.
O Coletivo Anticapitalista evidencia o interesse da comunidade acadêmica nas discussões sobre o TEA - Foto: Maria Eduarda Marques/Agência Primaz

Os projetos de extensão articulados são “Mineração e Luta de Classes na Região da UFOP”, em parceria com o Sindicato Metabase Inconfidentes; “A Luta dos Atingidos por Barragens”, em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); “Defesa da Educação Federal Pública”, em parceria com Sindicato das/dos docentes da UFOP (ADUFOP); “A Luta da Classe Trabalhadora na UFOP”, em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos da UFOP (ASSUFOP); “Equipe Comuna de Paris” e “TEAR – Espectro Autista,  Relações Sociais e Emancipação Humana”.

O Coletivo cria espaços de reflexão sobre as várias temáticas dos projetos, como mineração, educação federal, atingidos por barragens e espectro autista. A partir disso, a equipe participa de assembleias, debates, atos públicos, cursos, visitas, vivências e outras ações demandadas pelos movimentos. 

Para acompanhar os trabalhos desenvolvidos pelo Coletivo Anticapitalista, basta acessar perfil no Instagram ou o site do projeto de extensão.

Foto de Maria Eduarda Marques
Maria Eduarda Marques, natural de João Monlevade (MG), é graduanda do curso de Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto, com interesse em pautas culturais e fotojornalismo.