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Hoje é sábado, 16 de agosto de 2025

Freud e a interpretação dos sonhos

"O sonho é a realização disfarçada de um desejo reprimido." (Sigmund Freud)

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Freud e a Interpretação dos sonhos

Ouça o áudio de "freud e a interpreteação dos sonhos", do colunista Júlio Vasconcelos:

Certamente, ao longo de toda a sua vida, você já teve vários sonhos noturnos, alguns até recorrentes, que te deixaram encucado com relação aos seus significados. Na verdade, realmente eles têm um importante significado para a sua vida e vale a pena serem analisados com foco no campo da Psicanálise.

Sigmund Freud, considerado o Pai da Psicanálise, em sua obra clássica “A Interpretação dos Sonhos”, dois volumes com mais de 600 páginas, afirma que os sonhos são uma forma de expressão do inconsciente, com o afloramento simbólico de desejos reprimidos, conflitos internos e impulsos que não podem se manifestar diretamente na vida consciente e que, se devidamente analisados, contribuem fortemente para a melhoria da saúde mental.

Segundo Freud, todo sonho é uma espécie de realização de um desejo, sentimento ou pensamento reprimido, geralmente inconsciente. Mesmo aqueles sonhos que parecem angustiantes ou sem sentido contêm, em seu núcleo, algo frequentemente relacionado à infância. Para Freud, o conteúdo dos sonhos pode ser classificado de duas formas: uma denominada de Conteúdo Manifesto, que está relacionado com o enredo, com as imagens, com as sensações e com os sentimentos que a pessoa lembra e relata. A outra denominada de Conteúdo Latente que contém o significado oculto e simbólico, relacionado a desejos e conflitos inconscientes. A tarefa do Psicanalista, conjuntamente com o seu Paciente é, partindo do Conteúdo Manifesto, chegar gradativamente ao Conteúdo Latente, decodificando o sonho. O significado é construído entre o Psicanalista e o Paciente durante as sessões de psicanálise e depende da história e do contexto de cada indivíduo. Não se deve interpretar os símbolos por dicionários prontos. Existe uma censura psíquica que atua no sonho, reprimindo conteúdos que seriam inaceitáveis à consciência. Essa censura é responsável pelos disfarces simbólicos, transformando desejos perigosos em cenas aparentemente absurdas ou irrelevantes.

Freud ainda afirmava que o “trabalho do sonho” envolvia quatro mecanismos principais. O primeiro deles é um fenômeno denominado Condensação, onde vários pensamentos, desejos ou pessoas se fundem em uma única imagem ou cena. Assim sendo, uma imagem do sonho, na verdade pode ser a consolidação de várias imagens que ficaram marcantes na vida do paciente em uma única imagem, bem como uma pessoa também pode estar representando várias pessoas que também foram marcantes na sua vida.  O segundo mecanismo é o Deslocamento, onde o foco emocional ou afetivo se desloca de uma ideia importante para outra secundária, como forma de disfarce. Se, por exemplo, no conteúdo latente há um forte desejo hostil contra um parente próximo inaceitável em sã consciência, no conteúdo manifesto essa hostilidade pode aparecer deslocada para um vizinho, um estranho ou até um objeto. O terceiro mecanismo é a Dramatização ou Figurabilidade, onde os pensamentos abstratos e os desejos inconscientes são convertidos em imagens visuais, como se o sonho fosse um teatro. Podemos citar como exemplo o caso de uma pessoa que está ansiosa porque teme ser julgada e humilhada em público. Na dramatização ela sonha que está no palco de um teatro, sem roupas, diante de uma plateia que ri. O palco dramatiza o sentimento de estar exposto. A nudez simboliza vulnerabilidade. A plateia rindo encena o medo do ridículo.

 O quarto e último mecanismo é a Elaboração secundária que ocorre quando ao acordarmos, a mente tenta dar uma lógica ou coerência ao sonho para torná-lo narrável, completando lacunas. Podemos também citar como exemplo o caso de um paciente que, antes da elaboração secundária seu sonho teria cenas soltas onde ele era uma criança na cozinha da avó, de repente está falando com seu chefe, depois está num campo aberto com o amigo. Após a elaboração secundária, com a criação de conexões pela mente, o relato poderia se transformar em algo semelhante a um relato do tipo: “Eu estava na casa da minha avó preparando um bolo para levar a uma reunião de trabalho, mas percebi que não tinha os ingredientes. Então fui pedir ajuda ao meu amigo, que me levou até um campo onde poderíamos encontrar tudo.” A sequência ganha coerência, mesmo que seja absurda, graças à elaboração secundária.

Enfim, a interpretações dos sonhos pode trazer vários benefícios para a saúde mental tais como autoconhecimento, entendimento de conflitos psíquicos que causam sofrimento, liberação de tensões emocionais e de voz a sentimentos inconscientes, reflexão sobre padrões de comportamento, escolhas de vida, relacionamentos e repetição de ciclos negativos, transformação de pensamentos e comportamentos automáticos superando resistências internas, diminuição de tensões internas, melhoria do equilíbrio psicológico e estímulo a criatividade, entre outros. Com certeza, a Psicanálise poderá ajudá-lo a usufruir desses benefícios.

Se você quiser se aprofundar no assunto, faça contato conosco. Júlio César Vasconcelos, Psicanalista Integrativo (31)99345-0515.

Foto de Júlio Vasconcelos
Júlio César Vasconcelos, Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas
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