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Hoje é sábado, 2 de agosto de 2025

Mariana recebe ato em defesa da soberania nacional

Mobilização responde à sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos

Na foto se vê manifestantes durante ato que exige a soberania no Brasil.
Manifestantes em Mariana se reúnem em ato pelo fortalecimento da soberania nacional diante da sobretaxa imposta pelos Estados Unidos - Foto: Lui Pereira/ Agência Primaz

Movimentos populares, centrais sindicais, partidos de esquerda e entidades estudantis realizam nesta sexta-feira (01), às 16h, no Terminal Turístico de Mariana, o Ato em Defesa da Soberania Nacional. A atividade integra a mobilização convocada por organizações sociais em todo o país contra a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo governo dos Estados Unidos, que estava inicialmente prevista para entrar em vigor nesta data.

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A mobilização em Mariana faz parte de um conjunto de atos em diversas cidades brasileiras, organizados por partidos, sindicatos e movimentos estudantis, em articulação com o calendário aprovado no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), realizado em julho na Universidade Federal de Goiás.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) aprovou uma mobilização nacional para o dia 1º de agosto. A deliberação ocorreu durante o 60º Congresso da entidade (Conune), realizado entre os dias 10 e 14 de julho, na Universidade Federal de Goiás. A mobilização tem como eixos centrais a defesa da soberania nacional e o enfrentamento ao extremismo político.

A convocação dos atos foi motivada pelo anúncio do governo dos Estados Unidos sobre a imposição de tarifas de até 50% a produtos brasileiros. A UNE considera que a medida representa um ataque à soberania do país e um boicote a setores estratégicos da economia brasileira.

Segundo Patrícia Ramos, presidente do diretório municipal do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), um dos organizadores do ato, a decisão dos EUA “trata-se de um evidente ataque do imperialismo sobre a soberania e independência nacional”, que tem por objetivo “aprofundar a dominação dos EUA sobre o Brasil, aumentando as vantagens das empresas estadunidenses que super exploram os trabalhadores e saqueiam nossas matérias-primas”. Para a dirigente, a sobretaxa também carrega uma dimensão política, pois “vem com a justificativa de defender o ex-presidente golpista Jair Bolsonaro, numa explícita interferência no processo político nacional”.

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Manifestações em Mariana

A escolha de Mariana como palco da manifestação foi considerada estratégica, já que a cidade está diretamente ligada à economia mundial pela mineração. Patrícia explica que o ato busca pressionar o governo a reagir, mas também ultrapassa essa dimensão. Para ela, enfrentar o imperialismo passa por medidas como a proibição das remessas de lucros de multinacionais e a revisão dos subsídios concedidos à mineração.

O partido acredita que a mobilização pode fortalecer a indignação popular contra a medida norte-americana e reforçar a necessidade de um projeto que defenda os interesses da população local. “Nossa expectativa é dialogar ao máximo com a população para aumentar a pressão em defesa da soberania nacional”, destacou.

A presidente também ressaltou a importância da cooperação entre diferentes organizações sociais, estudantis e sindicais na construção do ato. O PSTU defende a união em torno da luta contra o imperialismo, mantendo a independência política e de classe.

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A realidade de cidades como Mariana e Ouro Preto, profundamente impactadas pela mineração, também se conecta à pauta nacional. Ainda segundo Patrícia Ramos, as grandes empresas transnacionais levam riquezas e deixam “baixos salários, devastação ambiental e subsídios financiados pelo próprio povo”. Nesse sentido, a defesa da soberania inclui discutir um novo modelo de exploração mineral, que priorize a gestão coletiva das riquezas por trabalhadores e comunidades.

A participação da juventude estudantil e dos sindicatos locais também é vista como fundamental. A aliança entre esses setores, segundo o PSTU, fortalece a resistência, já que os efeitos da tarifa podem impactar tanto a vida cotidiana — com aumento da carestia — quanto áreas estratégicas, como educação e mineração. O calendário inclui ainda atos em frente ao Banco Central, protestos pelo Dia do Estudante, em 11 de agosto, e um plebiscito popular por justiça fiscal e social.

Para Ramos, o recado da mobilização precisa ser firme diante da ofensiva norte-americana: “Fora Trump do Brasil! Bolsonaro na prisão!”, conclui.

Mobilização prevê articulação com movimentos sociais

A UNE anunciou que os atos de 1º de agosto devem contar com a participação de organizações sociais, entidades estudantis e movimentos populares. A entidade citou a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo como parceiras na convocação. As manifestações devem ocorrer em diversas cidades do país.

Na última semana de agosto, a UNE ainda coordena um mutirão nacional de mobilização e votação do Plebiscito Popular por Justiça Fiscal e Social. O resultado da consulta será entregue ao Congresso Nacional e ao governo em setembro.

Foto de Larissa Antunes
Larissa Antunes é graduanda em Jornalismo na UFOP e estagiária na Agência Primaz de Comunicação. Possui interesse por jornalismo cultural, radiojornalismo, audiovisual, fotojornalismo, movimentos político-sociais e expressões artístico- culturais.