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Hoje é quarta-feira, 16 de julho de 2025

Celso Cota firma acordo e encerra processos por improbidade

Ex-prefeito de Mariana pagará mais de R$ 5 milhões em acordo com o Ministério Público que põe fim a ações judiciais e investigações cíveis acumuladas ao longo de décadas.

Celso cota preocupado por ter que pagar
A multa de R$ 5 milhões será parcelada até 2028 - Foto: Lui Pereira/Arquivo Agência Primaz

O ex-prefeito de Mariana, Celso Cota Neto, firmou um Acordo de Não Persecução Cível (ANPC) com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), comprometendo-se a pagar R$ 5 milhões para pôr fim a todas as ações e investigações por improbidade administrativa que pesavam contra ele. O acordo marca o encerramento de um extenso histórico judicial que acompanhou diferentes mandatos do político, que anunciou recentemente sua saída da vida pública.

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A medida tem efeito sobre oito ações civis públicas e uma investigação cível, arquivando-as definitivamente após homologação judicial do acordo. As ações envolviam supostos atos de improbidade cometidos durante os mandatos de Celso Cota à frente da Prefeitura de Mariana.

O pagamento será realizado em parcelas, sendo a primeira, no valor de R$ 2 milhões, já prevista para quitação. As demais parcelas, que somam pouco mais de R$ 3 milhões, terão vencimento semestral até junho de 2028, com correção monetária conforme a tabela do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

“Consciência tranquila” e encerramento de um ciclo

Em publicação nas redes sociais, Celso Cota comentou o desfecho do processo com tom de alívio. Segundo ele, o acordo representa o fim de um ciclo de 25 anos marcado por disputas judiciais:

“Foi um acordo onde encerramos todos os nossos processos e desbloqueamos todos os nossos bens junto à Justiça. O processo mais significativo começou em 2001, já são 25 anos… E como já deixei claro que encerrei minha vida pública, quero encerrar também qualquer pendência judicial. Os valores são altos, mas são decisões tomadas pelo Ministério Público e pela Justiça, e nós acatamos. Graças a Deus temos a consciência tranquila de que não houve desvio de dinheiro público nem pagamento de propina. Isso me traz uma tranquilidade muito grande”, desabafa o ex-prefeito.

Celso esteve à frente do executivo municipal em 3 oportunidades, entre 2001 e 2008, entre 2013 e 2015 (quando teve o mandato cassado), e entre 2024 e dezembro de 2025, quando anunciou sua aposentadoria da vida pública.

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O histórico judicial: duas décadas de ações por improbidade

O processo mais antigo, citado por Cota, tramitava sob o número 0054955-40.2002.8.13.0400, e foi ajuizado ainda em 2002. Tratava-se de uma Ação Civil Pública por improbidade administrativa, instrumento jurídico utilizado para apurar violações aos princípios da administração pública, como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Esse processo resultou, inclusive, na suspensão dos direitos políticos de Cota por sete anos, penalidade já cumprida, mas que dificultou sua posse após vencer as eleições de 2020. O novo acordo não visa a punição com perda de direitos, mas sim o ressarcimento ao erário e o encerramento de litígios ainda ativos.

O longo percurso processual foi marcado por diversas decisões liminares, recursos e agravos. Em 2020, a defesa de Cota chegou a invocar a Súmula 405 do Supremo Tribunal Federal (STF), que trata da validade de liminares em casos de julgamento desfavorável. À época, seus advogados alegaram que, independentemente das decisões provisórias, o prazo de suspensão dos direitos políticos já havia sido cumprido, o que fundamentava sua tentativa de registro de candidatura.

A celebração do Acordo de Não Persecução Cível representa uma saída alternativa ao julgamento tradicional. Regulamentado pela Lei nº 13.964/2019 (o chamado “Pacote Anticrime”) e por resoluções do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o ANPC permite que o réu se comprometa com o ressarcimento do dano e com outras obrigações legais, em troca da extinção das ações judiciais, desde que não haja dolo específico de enriquecimento ilícito ou lesão grave ao patrimônio público.

Foto de Lui Pereira
Jornalista, fotojornalista e contador de histórias. Cronista do cotidiano marianense.