- Itabirito
Itabirito pode se tornar a Capital Nacional do Pastel de Angu
Projeto de Lei reconhece origem ancestral da iguaria e mira no fortalecimento do turismo e da identidade cultural mineira
Itabirito está prestes a conquistar um título de peso no cenário nacional: o de Capital Nacional do Pastel de Angu. A proposta está prevista no Projeto de Lei 3204/2025, apresentado pelo deputado federal Zé Silva (SD/MG) e já protocolado na Câmara dos Deputados. A iniciativa, que nasceu de uma demanda popular levada ao parlamento pelo ex-vereador Ricardo Oliveira, busca valorizar um dos pratos mais emblemáticos da culinária mineira e que carrega profundas raízes históricas e afetivas.
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Patrimônio nascido da resistência
Mais do que um sabor típico, o pastel de angu representa uma memória coletiva e uma herança cultural forjada pela resistência. Segundo registros históricos, o prato teria surgido no século XIX pelas mãos de duas mulheres escravizadas, Maria Conga e Philó, que criaram a receita ao transformar sobras de angu e carne em um novo alimento.
A combinação virou tradição e é reconhecida como Patrimônio Imaterial de Itabirito desde 2010. Com massa feita de fubá e recheios variados que vão de carne moída com umbigo de banana a rabada com geleia de jabuticaba. O pastel de angu traduz a inventividade popular mineira e reforça a força simbólica da culinária como forma de preservar identidades.
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Festa, memória e desenvolvimento
A tradição do pastel de angu não está apenas nos sabores, mas também nas celebrações. Desde o ano 2000, Itabirito realiza a Festa do Pastel de Angu, evento anual que reúne os “mantenedores” da receita e movimenta a economia local. Em 2023, a cidade deu mais um passo ao transformar um vagão ferroviário do Complexo Turístico da Estação em espaço gastronômico temático dedicado à iguaria.
Agora, com a proposta de tornar oficial o título de Capital Nacional do Pastel de Angu, o município pode abrir novas portas para o fortalecimento do turismo, da cultura e da economia criativa.
Além disso, a equipe técnica do Fórum de Diversificação Econômica (FRDE), classificou o pastel de angu como um dos produtos da região com potencial de receber o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG), ao lado da Geleia de Pimenta Biquinho de Bento Rodrigues, dos derivados de Jabuticaba de Cachoeira do Campo, do mel de Santa Bárbara, da goiabada cascão de Barão de Cocais, e do queijo artesanal de Conceição do Mato Dentro.
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Ações federais e impactos esperados
De acordo com o PL 3204/2025, a União, por meio dos Ministérios da Cultura e do Turismo, poderá apoiar ações para promover, preservar e difundir o pastel de angu tradicional. Entre as medidas previstas, estão a realização de oficinas, eventos temáticos, roteiros turísticos e investimentos em infraestrutura cultural.
O objetivo é impulsionar o comércio local, fomentar o empreendedorismo gastronômico e atrair visitantes interessados na autenticidade dos sabores e das histórias de Minas. O projeto também destaca o papel estratégico do pastel de angu como vetor de desenvolvimento sustentável, gerador de renda e elemento de valorização da cultura afrodescendente.
Reconhecimento que fortalece raízes
Caso seja aprovado, o projeto oficializará Itabirito como berço e guardiã do pastel de angu. O deputado Zé Silva defende que a proposta é uma homenagem justa às mulheres que criaram a receita, às famílias que mantêm viva essa tradição e ao potencial transformador da cultura na vida das pessoas. “O pastel de angu é muito mais do que comida. É resistência, é memória, é história contada com afeto e sabor”, destacou o parlamentar na justificativa do projeto.
A expectativa da população agora gira em torno da tramitação na Câmara. Caso a proposta avance, Itabirito poderá, oficialmente, se apresentar ao Brasil como a Capital Nacional do Pastel de Angu, uma cidade onde o passado inspira o presente e impulsiona o futuro por meio da cultura e da gastronomia.
