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Hoje é quarta-feira, 2 de julho de 2025

Encerramento da 20ª CineOP tem premiação e Chaplin

A 20ª edição exibiu 143 filmes, lançou mostra competitiva e destacou o papel da memória no audiovisual brasileiro

A documentarista com estudos em Geografia, Antropologia e Cinema, Ana Rieper foi a primeira vencedora da da Mostra Competitiva Contemporânea do CineOP - Foto: Larissa Antunes/Agência Primaz

A 20ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP) se despediu do público na noite desta segunda-feira, 30 de junho, com uma cerimônia de encerramento na Praça Tiradentes. A programação incluiu a entrega dos prêmios da Mostra Competitiva Contemporânea – Arquivos em Questão e a apresentação do cine-concerto O Garoto, de Charles Chaplin, com trilha sonora executada ao vivo.

A Cineop exibiu 143 filmes de seis países e 17 estados brasileiros em pré-estreias mundiais e nacionais em diversas mostras temáticas. A programação foi inteiramente gratuita e contou com 30 longas, 1 média e 115 curtas-metragens, produzidos em 10 estados brasileiros (MG, RJ, SP, PE, CE, ES, BA, AM, PR, RN) e 5 países (Brasil, Argentina, Colômbia, Chile e Estados Unidos). 

As exibições foram organizadas em 12 mostras: Histórica, Competitiva, Contemporânea Longas, Contemporânea Curtas, Educação, Valores, TV UFOP, Preservação, Mostrinha, Cine-Escola, Cine Concerto e Itaú Cultural Play.

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Os filmes foram projetados no Cine-Praça, na Praça Tiradentes, no Cine-Teatro, no Centro de Convenções, e no Cine-Museu, no Anexo do Museu da Inconfidência. Durante o festival, foram realizados seminários, debates, rodas de conversa e lançamentos de livros, atividades artísticas, exposições, apresentações musicais e festa junina. Além de uma série de atividades dos Encontros da Educação e dos Encontros de Arquivos, com o tema central “Preservação: a Alma do Cinema Brasileiro”.

Primeira Mostra Competitiva Contemporânea

Lançada nesta edição, a mostra competitiva reuniu cinco longas-metragens que utilizam imagens de arquivo como base para a construção de novas narrativas audiovisuais. As obras reafirmam o papel da montagem, da curadoria e da memória na criação cinematográfica contemporânea.

Os filmes selecionados foram: “Itatira”, de André Luís Garcia, sobre fenômenos culturais e sobrenaturais; “Ruminantes”, documentário de Tarsila Araújo e Marcelo Melo; “Um Olhar Inquieto: O Cinema de Jorge Bodanzky”, de Jorge Bodanzky e Liliane Maia; “Paraíso”, documentário de Ana Rieper; e “Meu Pai e Eu”, documentário de Thiago Moulin, uma investigação íntima sobre relações familiares.

O júri oficial, composto por Alex Calheiros, diretor do Museu da Inconfidência de Ouro Preto, Minas Gerais, Marcus Mello, programador e editor da revista Teorema, Rio Grande do Sul e Sheila Schvarzman (Universidade Anhembi Morumbi), escolheu o documentário “Paraíso”, de Ana Rieper,  como vencedor do Troféu Vila Rica.

Paraíso propõe uma reflexão sobre as heranças da condição colonial brasileira na vida cotidiana. Com uma narrativa construída a partir de músicas populares e do uso de imagens de arquivo de diversas origens, o filme percorre as relações históricas forjadas pela posse de terras e pessoas. A obra forma uma sinfonia visual e sonora que entrelaça violência, resistência, força e afeto.

A cineasta Ana Rieper levanta o troféu Vila Rica no encerramento da CineOP, o troféu premia o melhor longa contemporâneo da mostra, Paraíso.
“Foram muitos anos de luta para fazer esse filme, de dedicação, de conflitos internos, de batalhas" - Foto: Larissa Antunes/Agência Primaz

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Ao receber o prêmio de melhor filme da Mostra Competitiva Contemporânea da 20ª CineOP, Ana Rieper se emocionou e destacou o percurso desafiador da produção. A cineasta agradeceu ao festival por proporcionar um espaço de encontro entre o cinema e os temas do arquivo e da preservação, e prestou homenagem aos profissionais da área: “Que dedicam as suas vidas, suas trajetórias, a sua história, para que a gente possa se encontrar com a nossa história através desses arquivos”, destacou. 

Rieper também reconheceu o trabalho coletivo da equipe e exaltou a importância dos arquivos públicos brasileiros, como o Arquivo Nacional, CTAV, Lupa e a Cinemateca Brasileira, que foram fundamentais para a realização do filme: “Graças a esses arquivos públicos brasileiros, que existem e e que trabalham para que a gente possa se encontrar com a nossa memória, possa se entender, possa saber quem a gente é, em qual mundo que a gente quer viver”, comemourou a cineasta.

Durante o evento, o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, relembrou as duas novidades anunciadas durante o CineOP: a sala de cinema do Museu da Inconfidência passará a se chamar Joaquim Pedro de Andrade, em homenagem ao cineasta, e a aceleração da recuperação do Cine Vila Rica e o avanço na implantação do curso de cinema na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

As musicistas posam para fotogrfaia após apresentação musical no encerramento da cineop,
As musicistas mineiras Natália Barros, Isabela Alencastro e Jennifer Cunha, estudantes da Escola de Música - UEMG - Foto: Larissa Antunes/Agência Primaz

Encerramento com cine-concerto

A cerimônia foi encerrada com o cine-concerto O Garoto, com música ao vivo executada pelas musicistas Natália Barros, Isabela Alencastro e Jennifer Cunha. A apresentação combinou a trilha original composta por Chaplin com elementos da música brasileira, especialmente o choro, reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil.

A organização anunciou também a próxima etapa do programa Cinema sem Fronteiras: a 19ª CineBH e o 16º Brasil CineMundi, que acontecerão entre 23 e 28 de setembro, em Belo Horizonte.

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Foto de Larissa Antunes
Larissa Antunes é graduanda em Jornalismo na UFOP e estagiária na Agência Primaz de Comunicação. Possui interesse por jornalismo cultural, radiojornalismo, audiovisual, fotojornalismo, movimentos político-sociais e expressões artístico- culturais.