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Hoje é segunda-feira, 30 de junho de 2025

História do coletivo Mães da R(E)xistência inspira documentário

“R(E)EXISTIR: do amor à luta”, produzido pelo Ori N’oro, retrata a luta do coletivo pelos direitos LGBTQIAPN+.

Integrantes do Mães da R(E)xistência e diretores do Ori N'oro no lançamento do documentário “R(E)EXISTIR”.
Integrantes do coletivo e diretores do documentário na exibição do documentário no auditório do ICSA - Foto: Maria Eduarda Marques/Agência Primaz

O Coletivo Ori N’oro, dedicado à promoção da diversidade e inclusão por meio de projetos culturais, sociais e audiovisuais, lançou, na última sexta-feira (27) no auditório do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), o documentário “R(E)EXISTIR: do amor à luta”. A produção conta a história do Coletivo Mães da R(E)xistência, que dá voz à resistência LGBTQIAPN+ na região dos Inconfidentes. 

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O lançamento coincidiu com a celebração da semana do orgulho LGBTQIAPN+, com um evento comemorativo realizado no último sábado (28) pelo Coletivo Mães da R(E)xistência, o Pride Walk”.

Documentário “R(E)EXISTIR: do amor à luta”

O documentário “R(E)EXISTIR: Do Amor à Luta” nasceu do encontro entre a força transformadora do Coletivo Mães da R(E)xistência e o olhar sensível do Coletivo Ori N’oro. Já envolvidos na militância e na vivência LGBTQIAPN+, os jovens diretores Aléxia e Marcos se sentiram tocados pela história das mães que, além de acolherem seus filhos, também lutam por seus direitos.

A ideia do documentário se consolidou, então, a partir do Edital da Política Nacional Aldir Blanc, que provocou a dupla a escrever um projeto que dialogasse com as ideias do Ori N’oro. “O gesto de Teresa [co-fundadora do Mães da (R)Existência], ao abrir as portas da própria casa, também abriu caminho para que essa história fosse contada”, conta Aléxia, que documentou a atuação contínua do único coletivo LGBTQIAPN+ na região dos Inconfidentes.

Teresa não escondeu a gratidão de todo o coletivo com o reconhecimento. “Quando tivemos a ideia de criar o coletivo, a gente não pensava que ia acontecer isso tudo. Então, quando a Aléxia e o Marcos nos procuraram, foi uma surpresa enorme. Esperamos que, com o documentário, as pessoas consigam entender a nossa luta por igualdade, respeito e dignidade”, conta esperançosa. 

Teresa abraça integrante do Mães da R(E)xistência.
Momentos de emoção e acolhimento são frequentes no coletivo - Foto: Maria Eduarda Marques/Agência Primaz

Após a exibição do documentário, o coletivo foi à frente para uma sessão de perguntas, que resultou em um importante debate sobre políticas públicas e direitos das pessoas LGBTQIAPN+. Estiveram presentes a vice-diretora do ICSA, Cristiane Márcia dos Santos, professores dos cursos de serviço social, administração e economia, além de estudantes. 

Ilidio Ribeiro, estudante do curso de jornalismo na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), já conhecia ambos os coletivos e foi prestigiar o lançamento. “Achei o documentário interessante pela diversidade de vozes e poder contar essa história com várias pessoas e identidades, também é muito importante para a história de Mariana”, explica. 

O coletivo também anunciou duas importantes conquistas: o processo de formalização como uma associação sem fins lucrativos, o que vai fortalecer ainda mais sua atuação política e comunitária. Além disso, o coletivo vai contar com um espaço físico permanente para acolhimento de famílias LGBTQIAPN+ na cidade, no Sindicato Metabase. Os dias e horários de atendimento ainda vão ser divulgados. 

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Coletivo Ori N’oro

O Ori N’oro é um coletivo formado por dois amigos, a Aléxia Leles, graduada em História pela UFOP, e Marcos Vinícius, graduando de Relações Públicas na PUC Minas. 

Os dois, além de amigos de longa data, também fizeram uma pesquisa sócio-histórica juntos, que se transformou no documentário “Conhecendo as memórias do engenho”, lançado no início de 2024. Depois, também produziram o “Vozes Ancestrais”, realizado a partir de um edital da prefeitura de Itabira, terra natal de Aléxia, localizada à cerca de 30 minutos de Santa Maria de Itabira, onde nasceu Marcos. 

Após o segundo documentário, resolveram se organizar como coletivo e, assim, foi criado o Ori N’oro, que significa cabeça pensante em iorubá. “A ideia do Ori N’oro é ser uma janela pensante, que faz com que as pessoas que estão dentro de suas próprias casas e de suas próprias mentes possam ver o mundo lá fora. Nosso objetivo sempre será mostrar novas realidades e abrir a mente para aceitação delas”, conta Aléxia. 

O  “R(E)EXISTIR: do amor à luta” é o quarto documentário feito pelos amigos, que atuam como diretores executivos do coletivo, e o primeiro que não foi gravado na região de Itabira, como os documentários já mencionados e o “A Quadrilha”, lançado em abril.

Marcos Vinícius e Aléxia Leles, diretores do documentário, apresentam o filme ao lado da bandeira do coletivo.
Marcos e Aléxia apresentam, orgulhosos, o documentário - Foto: Maria Eduarda Marques/Agência Primaz

Por serem cabeças que não param de pensar, a dupla ainda pretende exibir o novo documentário em mais espaços e tirar outras ideias do papel. “Podem esperar muitas outras realidades que são silenciadas sendo mostradas. A gente costuma mostrar o que ninguém quer ver, mas que na verdade está na frente de todos”, afirmam os diretores.

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Assista ao documentário “R(E)EXISTIR: do amor à luta”

Sinopse: Em Mariana, onde a LGBTQIAPN+fobia ainda faz vítimas e o preconceito tenta calar vozes, um coletivo de mulheres transformou dor em força e amor em luta. “R(E)EXISTIR: do amor à luta” conta a história das Mães da Resistência – mulheres que se uniram para proteger, acolher e lutar ao lado da comunidade LGBTQIAPN+ da cidade. A partir do olhar sensível de quem vive e constrói essa história todos os dias, o documentário revela os desafios, as vitórias e a urgência de resistir. Um tributo a quem, com coragem, abre caminhos onde só havia silêncio.

Aléxia e Marcos têm esperanças de que o documentário toque positivamente os telespectadores. “Espero que as pessoas vejam o documentário não só como a história do coletivo, mas uma oportunidade também das mães amarem seus filhos independente de gênero e sexualidade, e que ele reverbere em outras famílias, principalmente de pessoas LGBTs que não tem acolhimento dentro de casa”, declara o diretor executivo. 

Assista abaixo ao documentário “R(E)EXISTIR: do amor à luta”:

Foto de Maria Eduarda Marques
Maria Eduarda Marques, nascida em João Monlevade (MG), é aluna do 7º período de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.