- Ouro Preto
Saberes do Rosário se tornam Patrimônio Cultural do Brasil
Seis guardas mantêm viva a tradição do Rosário na cidade de Ouro Preto.

Os saberes do Rosário de Minas Gerais foram reconhecidos como Patrimônio Cultural do Brasil na última terça-feira (17), durante a reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), contemplando os Reinados, Congados e Moçambiques de Ouro Preto. Esse reconhecimento nacional dos saberes do Reinado em Ouro Preto se soma a outras iniciativas locais que valorizam a cultura afro-brasileira e indígena. Exemplo disso aconteceu em abril deste ano, com a criação de uma data oficial para celebrar essas heranças em Mariana.
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Patrimônio Cultural do Brasil
Seis guardas estão em atividade em Ouro Preto, sendo quatro delas na sede, como a Guarda de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia, Guarda de Congo de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia, Congado de Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Graças e Congado de Nossa Senhora Aparecida e Manto Azul do Santa Cruz.
Já o Congado de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito está localizado no distrito de Santo Antônio do Salto e, por fim, o Congado de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia em Miguel Burnier.
Kedinson Geraldo, diretor de Igualdade Racial de Ouro Preto, é um dos fundadores e capitão da Guarda de Moçambique, criada em 2015. “Nós fundamos com o intuito de guardar a memória do nosso reinado, porque na tradição reinadeira a Guarda de Moçambique é responsável por guardar o trono coroado, que são as coroas de Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia e São Benedito”, explica.
Nesse contexto, o reconhecimento nacional é de grande importância para a preservação das manifestações afro-brasileiras no país, uma vez que a partir da decisão, fica a dever do Estado proteger e salvaguardar esse bem cultural.
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Festa do Rosário: Patrimônio de Ouro Preto
Vale lembrar que a Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia e São Benedito, que acontece em janeiro, já é registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do município de Ouro Preto desde 2019.

O reinado celebra a coroação de um rei negro, sob a proteção de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia, que remete ao tempo da escravidão e transforma a ordem instituída pela monarquia portuguesa, que reinava no Brasil colonial.
Segundo a tradição oral, ainda no século XVIII e depois de alforriado, Chico Rei, que havia sido rei no Congo antes de ser vendido como escravo, conseguiu alforriar seu filho e outros membros da nação, organizando-os em torno da Irmandade do Rosário e de Santa Efigênia.
No dia de Reis, 6 de janeiro, Chico Rei e sua família foram conduzidos em um grande Cortejo festivo pela irmandade e coroados na capela de Santa Efigênia.
Após a coroação, ele e sua família desfilaram pelas ruas de Vila Rica, embaixo de um pálio e escoltados por uma guarda de moçambicanos. Desse modo, foi criada a Festa do Reinado em Ouro Preto, posteriormente sendo reproduzida em várias cidades de Minas Gerais.
Kedinson ainda comenta sobre a importância de garantir que esses saberes continuem vivos. “Nós da Guarda de Moçambique recebemos a notícia do reconhecimento com sentimento de esperança, porque é com isso que a gente consegue salvaguardar os grupos com recursos, apoio e mais valorização por meio do poder público”, comemora o capitão da Guarda.

