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Hoje é sexta-feira, 9 de maio de 2025

Os homens que infernizaram a vida do Papa Francisco

“Se a Igreja não sai de si mesma para evangelizar, ela adoece. O Papa deve ser um homem de oração que conduz a Igreja ao mundo, com os olhos fixos em Cristo.” (Papa Francisco, antes do Conclave de 2013)

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Papa Francisco

Ouça o áudio de "Os homens que infernizaram a vida do Papa Francisco", do colunista Júlio Vasconcelos:

Às 7hs35mins do dia 21 de abril de 2025, no horário de Roma, morre na Casa Santa Marta, no Vaticano, Jorge Mário Bergoglio, o Papa Francisco, aos 88 anos de idade. A causa oficial da morte foi um acidente vascular cerebral (AVC) que levou a uma insuficiência cardíaca irreversível. ​

​Foram inúmeras as manifestações de pesar no mundo inteiro, reforçando a imagem do Papa como um dos maiores líderes espirituais e carismáticos e talvez o maior dos últimos tempos. No entanto, durante o seu pontificado, inúmeras notícias circularam abertamente pelas mídias, com manifestações de seus ferrenhos adversários, não só de fora da Igreja Católica, mas dentro do próprio clero, contrários às suas ideias progressistas, chegando a colocar em risco a sua própria permanência no cargo. São afirmações de arrepiar o cabelo! Diante do quadro com que nos deparamos com a escolha do novo Papa no Conclave recentemente, vale a pena conhecer alguns deles para entender o enorme desafio com que ele se defronta!

O primeiro deles é o Arcebispo Carlo Maria Viganó, Ex-Núncio apostólico nos EUA que chegou negar a autoridade papal, acusando o pontífice de tiranismo. Em dezembro de 2023 chegou a afirmar que o Papa estava a serviço do demônio, após Francisco permitir a bênção a casais formados por pessoas do mesmo sexo. Afirmou ainda que o Papa queria normalizar a sodomia – prática do sexo anal – e todo o tipo de perversão sexual. Viganó foi excomungado por “recusa da sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja que lhe estão sujeitos”, que caracteriza o delito de “cisma”.

O segundo é o Cardeal Raymond Burke dos Estados Unidos que afirmou em 2016, após a publicação da Encíclica Amoris Laetitia, que nenhum Papa podia mudar a doutrina da Igreja e se tentasse fazê-lo, ele estaria se afastando do mandato que recebeu de Cristo. Afirmou ainda em 2017 que existia uma grande confusão na Igreja e que essa confusão provinha da ambiguidade de certas palavras e atos do Papa Francisco e que era preciso resistir ao erro, mesmo quando ele vinha do mais alto cargo da Igreja. Em 2018, ele divulgou que a Igreja estava diante de um falso pastor que protegia lobos em vez de ovelhas e que o Papa Francisco deveria renunciar, porque ele traia os fiéis e danificava a credibilidade da Igreja.

O terceiro é o ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé Cardeal Gerhard Müller que, em 2015 criticando outra Encíclica do Papa, a Laudato Si, afirmou que a Igreja não era uma ONG do clima, nem uma organização político-social. Em 2019, com foco nas declarações papais, afirmou ainda que a fé católica não era uma ideologia progressista e a Igreja precisava de clareza doutrinal, não de ambiguidades pastorais.

O quarto foi o Cardeal australiano George Pell, falecido em 2023, uma das figuras mais influentes e também controversas da Igreja. Em um memorando anônimo revelado após sua morte, teria afirmado que o pontificado de Francisco era um desastre em muitos ou na maioria dos aspectos, uma catástrofe.​

Por fora das hostes clericais, Steve Skojec, um teólogo conservador, cofundador e diretor da publicação católica One Peter Five, afirmou que os ensinamentos modernos do Papa sobre as famílias e divorciados católicos eram um sacrilégio e podiam justificadamente ser considerados hereges.

Um outro Steve, Steve Bannon, um ex-estrategista de Donald Trump afirmou que o Papa Francisco era um homem que falava como um marxista e se parecia mais com um político globalista do que um líder espiritual e, além disso, era o chefe de uma Igreja que tinha perdido sua conexão com os fiéis.

Ben Shapiro, um famoso comentarista conservador norte-americano, após a morte do Papa Francisco, publicou em suas redes sociais que o Papa Francisco não era um farol de fé e que ele era uma praga para a religião.

No meio desses ataques acirrados, vale destacar que nenhum bispo brasileiro ativo criticou publicamente o Papa, como acontece em setores da Igreja nos EUA ou Europa. O Brasil é hoje um dos países com maior alinhamento pastoral e político com o Papa Francisco. A CNBB tem um perfil fortemente social, voltado aos pobres, à justiça e ao diálogo, em sintonia com o Papa.

Infelizmente muitos outros ataques à atuação do Papa Francisco já circularam pelas mídias e vão continuar circulando, principalmente agora que temos um novo Papa eleito. No entanto, com o maior respeito à todas as opiniões em contrário, rogo para que o Divino Espírito Santo realmente ilumine esse novo Pontífice para que dê continuidade ao trabalho revolucionário desenvolvido pelo seu iluminado antecessor.

Quem tem ouvidos, que ouça!

Foto de Júlio Vasconcelos
Júlio César Vasconcelos, Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas
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