- Mariana e Ouro Preto
Estudantes da UFOP protestam na reitoria por bolsa alimentação
Valor de 250 reais seria insuficiente para um mês de alimentação, reclama DCE.
- Gustavo Batista
- Supervisão: Lui Pereira

O Diretório Central dos Estudantes da UFOP (DCE) realizou hoje (04) uma Assembleia em frente à Reitoria da Universidade, reunindo entidades e movimentos estudantis para protestar contra os valores do auxílio-alimentação adotados pela instituição. Com a suspensão temporária dos Restaurantes Universitários durante o mês de abril, a universidade anunciou que oferecerá um auxílio-alimentação para bolsistas com vulnerabilidade socioeconômica de 250 reais.
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Os estudantes apontam que o valor seria baixo, insuficiente para se manter durante um mês. Dentre as reivindicações do protesto, as principais eram um auxílio de 400 reais para bolsistas da PRACE (com vulnerabilidade socioeconômica), auxílio de 200 reais para não bolsistas que dependem do restaurante, uma melhor comunicação por parte da universidade e a flexibilização de presença em avaliações presenciais enquanto durar a interrupção dos RUs.
Restaurantes suspensos e baixo valor de bolsa alimentação
Todas as polêmicas começaram quando na última sexta-feira (28), através de comunicado oficial, a UFOP anunciou uma suspensão temporária no funcionamento dos Restaurantes Universitários de Ouro Preto e Mariana. O atendimento dos restaurantes foram suspensos na última terça-feira (1) e o aviso com menos de uma semana de antecedência revoltou estudantes que dependiam da alimentação no espaço e levantou críticas sobre a transparência da instituição.
De acordo com o comunicado, a suspensão do serviço ocorreu por finalização do contrato de prestação de serviços de alimentação com a empresa terceirizada. A reitoria afirmou que o processo licitatório já estava em andamento quando a atual gestão tomou posse em fevereiro. Apesar de tentativas de negociações para extensão do prazo de funcionamento com a atual prestadora de serviço, a empresa decidiu não renovar o contrato, que acabou em 31 de março.
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A nova empresa contratada possui previsão para passar a operar apenas no início de maio, deixando um intervalo de um mês sem o serviço do restaurante universitário. A partir daí a instituição anunciou que ofereceria um auxílio financeiro em dinheiro a ser pago no mês de abril com valor de 250 reais.
Diálogo por parte da universidade deixou a desejar
Diante da interrupção do serviço, o DCE, em conjunto com o Conselho de Entidades de Base (CDEB), encaminhou questionamentos à reitoria sobre a interrupção do serviço e sobre o valor da bolsa a ser paga aos estudantes. Em resposta, a reitoria teria julgado como inviável um auxílio que atendesse a toda comunidade acadêmica e resolveu por priorizar as pessoas que mais dependiam do auxílio.
Em um primeiro momento, ventilou-se a possibilidade da entrega de marmitas, porém a universidade não teria encontrado um restaurante que comportasse as demandas necessárias. Além disso, o auxílio seria depositado na conta dos estudantes até 03 de abril, dois dias após a interrupção do funcionamento.
O DCE tentou sem sucesso convocar uma reunião dos Conselhos Superiores da instituição para discutir a flexibilização das atividades avaliativas das duas últimas semanas do período letivo. O motivo seria a impossibilidade de exigir atividades presenciais sem a garantia de alimentação aos discentes. A Secretaria de Órgãos Colegiados (SOC) entendeu que a realização dessas reuniões, com a urgência de uma semana necessária, não seria viável.

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Estudantes questionam o valor da bolsa
No ano de 2023, em situação semelhante (interrupção do serviço de restaurantes), os estudantes receberam uma bolsa de 400 reais, valor 60% maior que os 250 reais pagos durante a atual interrupção.
Outra reclamação dos estudantes foi o tempo de antecedência do aviso (menos de 1 dia útil) para anunciar a interrupção dos serviços. O aviso em cima da hora atrapalhou o planejamento dos estudantes que dependem da alimentação subsidiada. Apesar da proximidade do período de férias, que se inicia na próxima sexta-feira (12), quando boa parte dos estudantes retornam às suas cidades de origem, muitos estudantes em situação de vulnerabilidade econômica contam com a alimentação na universidade mesmo nesse período.
O momento de interrupção do serviço é crítico, pois coincide com semana de provas e avaliações finais, é o que aponta Letícia Bargas, estudante de Serviço Social e membra do DCE “Sexta-feira era dia 28 de de março, ninguém tinha recebido dinheiro nenhum ainda, ninguém recebeu salário, ninguém recebeu bolsa, todo mundo se planejando e contando com a alimentação no RU durante a semana seguinte, que é uma semana extremamente crítica para a gente dentro da universidade”, pontua.
Com a palavra, a reitoria
Durante a assembleia, o reitor Luciano Campos conversou com os manifestantes, segundo ele, sua gestão herdou um déficit de R$3,1 milhões da administração passada, além de uma previsão de mais R$7 milhões de déficit até o fim deste ano, o que justificaria a impossibilidade de ampliar o valor do auxílio, “nós vamos bater em Brasília, a ANDIFES (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) vai se mobilizar, o presidente vai sancionar a lei (LOA), todo mundo vai buscar, os sindicatos vão se mobilizar para que tenha a recomposição, isso tem que ser feito, mas quem assume tem que ter responsabilidade financeira”, explica.
Sobre o aviso da interrupção dos serviços, em cima da hora o reitor assumiu o erro pela falha na comunicação e se justificou pelo breve tempo à frente da instituição, “Eu não tenho problema de admitir nenhum tipo de fragilidade. Nós acabamos demorando um pouquinho para comunicar à comunidade. É complicado, porque eu teria que chegar para vocês e contar uma pilha de coisas que estão atrasadas, eu não queria fazer isso oficialmente, pois fica parecendo que a gestão chega pondo culpa em tudo que passou”, explica.

Terceiro RU mais caro de Minas Gerais
Atualmente, o Restaurante Universitário da UFOP, que atende os municípios de Mariana, Ouro Preto e João Monlevade, é o terceiro mais caro das universidades federais em Minas Gerais. Em levantamento feito pela Agência Primaz, usando os valores apontados nos sites de cada instituição, a UFOP fica atrás apenas da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) e da Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), que ultrapassam o valor de 13 reais.
Confira abaixo os valores:
Unifal – MG | 13,35 |
UFVJM | 13,14 |
UFOP | 7,06 |
Unifei | 6,75 |
UFTM | 6,50 |
UFMG | 5,60 |
UFV | 5,40 |
UFU | 3,00 |
Ufla | 3,00 |
UFSJ | 2,75 |
UFJF | 1,40 |
