- Mariana
Escola de Ofícios Tradicionais oferece curso de pedreiras
Com 20 vagas, o curso tem alunas de 30 a 78 anos

A Escola de Ofícios Tradicionais de Mariana (EOTM) oferece pela primeira vez o curso “Pedreira – mulheres em construção”, que tem como objetivo a formação e qualificação da mão de obra feminina para construção civil. As aulas acontecem às terças e quintas, das 18h às 22h. As alunas têm aulas teóricas e práticas e aprendem sobre segurança no trabalho; planejamento e acompanhamento de obras; leitura e interpretação de projetos; manuseio de máquinas, ferramentas e equipamentos; instalação de marcos de portas e janelas; fôrmas simples de madeira, dentre outros temas ligados à profissão.
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O curso de pedreiras

A ideia de oferecer um curso de pedreiras exclusivo para mulheres veio do desejo do Gerente de Ensino, Ney Nolasco, de fortalecer essa área na Escola de Ofícios, combinado com a realização de uma palestra da Mestra em Arquitetura e Urbanismo, Carina Guedes, a respeito de sua experiência com o projeto “Arquitetura na Periferia”, que reúne e capacita mulheres, permitindo que conquistem a independência necessária para reformar e construir suas próprias casas.
O curso tem duração de quatro meses e conta com aulas teóricas, ministradas pelo professor Sérgio Norberto Costa Gonçalves, formado em Conservação e Restauro e estudante de Arquitetura na UFOP, e aulas práticas, coordenadas pelo mestre Geraldo Cornélio Lioncio.
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Para o professor Sérgio Norberto, as aulas estão sendo de grande aprendizado para as alunas e professores, pela possibilidade de troca de experiências. “Para mim é uma troca muito bacana. Acho que eu aprendo muito mais com elas do que elas comigo. Antes eu dava o curso de Sistemas Construtivos aqui na escola e era um curso misto, [com] homens e mulheres, e as meninas estão de parabéns, elas são super empenhadas, super frequentes, superatentas. Todas elas participam efetivamente das aulas”.
A turma foi aberta com 20 vagas, mas a EOTM recebeu 65 inscrições. A turma é bem unida, embora as mulheres tenham idades, ocupações, vivências e objetivos diferentes. Entre elas, algumas personalidades como a senhora Elizabeth Gonçalves dos Reis, de 78 anos, que está fazendo seu segundo curso na EOTM. A aluna é uma das mais animadas no curso de pedreiras e diz se sentir feliz aprendendo novos ofícios e conhecendo pessoas novas. “A tendência nossa agora é viver mais, então vamos fazer da melhor maneira possível. Parar de fazer exercício dói tudo, então tem que ficar ativa. Graças a Deus, toda vida tive que me virar”, declarou.

Outra personalidade já conhecida da Escola de Ofícios é Sidilene Maria Ramos, que está para terminar o último dos cinco cursos oferecidos (Cantaria, Carpintaria, Forjaria, Pintura e Pedreira), e acha que agora encontrou o que estava procurando.
“Eu fiz todos, porque um vai abrangendo o outro, mas esse aqui é o que eu queria. Apareceu esse aqui, e era o que eu estava procurando (…) Só de estar aprendendo fazer, ‘pra’ mim já ‘tá’ ótimo. Eu sempre gostei de fazer as coisas e, se você não tiver o conhecimento mínimo, você não consegue fazer”, declara.
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Interesse das alunas no curso de pedreiras
As motivações para a procura do curso são tão diversas quanto as alunas. Para Gabriele Carolina Silva, 30 anos, uma das mais novas do curso, o objetivo principal é aprender uma função nova e fazer amizades. Recém-chegada a Ouro Preto, Gabriele encontrou na turma um jeito de conhecer pessoas diferentes e aprofundar laços. “Eu acho que no próprio dia da apresentação, ali mesmo, já teve uma empatia quando algumas mulheres foram falando dá vontade de arrumar a sua casa, terminar uma obra que começou. E, ali mesmo, no primeiro dia, já começou: ‘Vamos, quando a gente aprender, a gente já faz os mutirões’, essa possibilidade de sair da escola e fazer coisas umas para as outras, né? Eu acho que ali já teve o primeiro pontinho que viria uma união do grupo e, a cada dia, que passa a gente se aproxima mais, a gente fica mais íntimo, né?”, comemora Gabriele.

Para o mestre Geraldo, o importante é capacitar ainda mais mulheres, seja com a repetição do curso ou com o aprofundamento. “É uma coisa muito importante esse trabalho, ‘tá’ precisando muito de mão de obra qualificada, não está tendo mão de obra qualificada. O que está tendo de gente procurando, se eu aguentasse trabalhar ainda eu trabalhava noite e dia. Mas aí eu acho que tem que descansar um pouco, tem que dar oportunidade para os outros. Agora, essa turma, são muito bacanas, prestativas, prestam muita atenção”, afirma.

