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Hoje é domingo, 19 de maio de 2024

Câmara discute planejamento habitacional com mineradoras

Reunião contou também com a participação de secretários municipais de Mariana

A reunião foi agendada atendendo ao Requerimento n⁰ 348/2023, de autoria do vereador Juliano Duarte, para discutir alternativas de construção de um planejamento habitacional para o município
A reunião foi agendada atendendo ao Requerimento n⁰ 348/2023, de autoria do vereador Juliano Duarte. Foto: Matheus Camargos/Agência Primaz

Com o objetivo de discutir um planejamento habitacional a longo prazo em Mariana, ocorreu, na manhã desta quarta-feira (8), no plenário da Câmara, uma reunião entre representantes das mineradoras Vale, Samarco e Cedro Mineração, com integrantes dos poderes Executivo e Legislativo. O vereador Juliano Duarte (Cidadania) autor do requerimento que originou o encontro, apresentou sugestões relacionadas à concessão de terrenos para fins habitacionais e a criação de um fundo de investimentos para viabilizar a construção de moradias.

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A primeira proposição de Juliano Duarte, a partir de uma análise do Plano Diretor, aprovado pela Câmara Municipal de Mariana, foi propor ao Executivo a concessão de áreas possíveis de crescimento habitacional e populacional às mineradoras atuantes na cidade, possibilitando que elas se responsabilizem pelo desenvolvimento dessas áreas, como foi feito pela Vale na década de 80, com a construção da Vila Maquiné.

Ainda propôs a criação de um fundo de investimentos para que as mineradoras criem condições para que os funcionários que chegam a Mariana, para atuar na mineração, possam construir suas residências. Essa providência, segundo o parlamentar, evitaria que os imóveis disponíveis para alugar na cidade sejam oferecidos, por valores muito elevados, somente às empresas. “Hoje todo mundo quer alugar casa para quem? Para as mineradoras, já que elas pagam bem. É mercado”, afirmou Juliano.

Representantes do poder Executivo participaram das discussões
Representantes do poder Executivo participaram das discussões - Foto: Matheus Camargos/Agência Primaz

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Realidade dos marianenses

O que nós estamos vivenciando é que o marianense está sendo empurrado para para as periferias da cidade. Muitos, muitas vezes, alugam suas casa e se mudam de cidade, em virtude da especulação imobiliária e do alto custo de vida que está hoje em Mariana”, declarou Juliano Duarte, ao se referir a um dos problemas causados pela expansão das atividades mineradoras no município.

A secretária de Desenvolvimento Social, Daniely Alves, relatou que esse movimento migratório da população para as áreas de risco, faz com que a Secretaria atenda, atualmente, 342 famílias através de um programa de aluguel social, no valor de R$300. De acordo com Daniely, o valor é muito baixo, mas a demanda elevada por esse auxílio impede que o valor seja aumentado.

Em janeiro, cerca de 500 famílias estavam sendo assistidas pelo programa. “Se a gente considerar que R$ 300,00 é um valor em Mariana que a gente fala que não aluga nem garagem para uma bicicleta, como Assistência [Social], entendemos que não estamos conferindo nenhuma proteção a essas famílias com esse auxílio, mas é o que cabe no orçamento da Secretaria”, explicou a secretária.

Além do problema dos aluguéis, a secretária trouxe ao conhecimento dos representantes das mineradoras outros problemas ocasionados pelo crescimento da população flutuante na cidade. Segundo Daniely, de 2015 a 2022, 1.421 famílias fizeram a transferência, para Mariana, do CadÚnico – central de informações que o Governo utiliza para saber a situação das famílias de baixa renda no Brasil. “A gente, numa cidade do interior, há pouco tempo atrás, tinha o costume de brincar na rua. A realidade mudou, e com isso cresceu tanto a violência infantil, a violência doméstica, a violência sexual contra a mulher”, conclui a secretária ao analisar os impactos da mineração para sociedade marianense.

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Posicionamento das mineradoras em relação ao planejamento habitacional

Representantes das mineradoras também reconheceram a necessidade de um planejamento habitacional para Mariana
Representantes das mineradoras também manifestaram preocupação com a situação habitacional de Mariana - Foto: Matheus Camargos/Agência Primaz

Guilherme Louzada, analista de relacionamento institucional da Samarco, considera que a situação que Mariana se encontra hoje é, também, prejudicial à mineração. “Uma cidade sem infraestrutura, sem esgoto, com um trânsito caótico, uma cidade que vai ficando cada vez mais cara e sem qualidade de vida, ela deixa de ser atraente também para os trabalhadores”, declarou Louzada. Como maneira de auxiliar o poder público, no que se refere a expansão das atividades da mineradora na cidade, o representante da Samarco relatou que a empresa tem fornecido as informações necessárias para o melhor planejamento do Executivo.

Representando a Cedro Mineração, empresa que há menos de um iniciou as operações em Mariana, Marcus Mariani, disse compreender a complexidade social do município, afirmando que “não adianta gerar riqueza e não gerar desenvolvimento”, ressaltando a importância do diálogo entre as esferas pública e privada.

Devido à complexidade do tema, foi acordado que uma nova reunião será realizada no prazo de 20 dias, para prosseguimento das discussões iniciadas na manhã dessa quarta-feira.

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