- Mariana
VII Festeco atrai bom público na fase estudantil
Programação, que inicia a fase nacional nesta sexta-feira (29), vai até domingo (1º).
- Marina Ferreira
- Supervisão: Luiz Loureiro
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O Festival de Teatro Comunitário de Mariana (Festeco) teve início nesse domingo (24) com espetáculo alternativo “Fora de órbita”, do grupo Caminho do Sol, que abordou questões como saúde mental, preconceitos e uma reflexão acerca do “holocausto brasileiro”, episódio da história do Brasil assim denominado para descrever o que acontecia no maior hospital psiquiátrico do país. A peça contou com a presença do público no palco do Cine Teatro de Mariana, junto com os atores e as atrizes. Os primeiros dias de festival também foram marcados pela apresentação do Movimento TT1 e pelo espetáculo “Glória em Fim”, da turma do terceiro ano da Escola Estadual João Ramos Filho. A programação vai até domingo (1º) e está disponível no Instagram oficial do Festeco.
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Caos e agonia
Em “Fora de órbita”, o público não assistiu da plateia, mas fez parte do cenário em cima do palco, propositalmente caótico. A proposta do espetáculo é fazer os espectadores sentirem uma pequena parcela da agonia e da perturbação vividas pelas pessoas vítimas do “holocausto brasileiro”, que aconteceu no Hospital Colônia de Barbacena (MG), em 1979. O hospital psiquiátrico servia como um “campo de concentração” onde as pessoas eram enviadas à força, mesmo sem diagnóstico de transtornos mentais. O grupo “Caminho do Sol” buscou trazer o desespero e a prisão submetidos aos pacientes.




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Teatro e protesto
O segundo dia contou com apresentação do Movimento TT1 no musical de rap “Um som e um sonho”. Os integrantes do movimento encenaram um momento de descontração em uma roda de amigos a qual é interrompida por um enquadro policial, com a participação dos artistas Young Steve King e Dirry Black interpretando dois policiais e Edivandro Pires, mais conhecido como Bomblack, cantando suas músicas autorais “Um som” e “Descaso”.
A peça abordou temas como violência policial, preconceito racial e críticas à segurança pública. Bomblack participa do Festeco desde quando estudava na Escola Estadual João Ramos Filho, e afirmou que o musical “faz crítica à forma como os moradores de periferia e bairros discriminados da cidade são abordados” e que a experiência de trazer esse musical para o teatro foi inédita.
Lucas Bento, um dos integrantes do Movimento TT1 e participante da peça, também relatou seu sentimento de trazer esses assuntos para o teatro: “Retratar violência policial é arrancar a casquinha de um machucado, é relembrar algo que te magoou, que não te deixa nada confortável de falar sobre e eu acho que essa era realmente a intenção. Trazer isso ‘pro’ teatro foi tão importante, [porque] a gente mostra pra outras pessoas iguais a nós que a gente não merece isso”. Para ele, sua estreia na atuação foi algo “libertador e intimidador”, afirmou.




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Também aconteceu, no mesmo dia, uma homenagem ao artista das artes cênicas Osmar Vânio, apresentação do grupo de dança 021, recitação de poemas e o espetáculo “Glória em Fim”, da turma do terceiro ano da Escola Estadual João Ramos Filho. A peça, com várias cenas humorísticas, trouxe à tona temas acerca da violência doméstica e do machismo, roteirizada e encenada pelos próprios alunos da escola.




Sobre o Festeco
O Festival de Teatro Comunitário nasceu em 2017 a partir de uma parceria entre a Escola Ensino Médio do Bairro Cabanas e a Associação Cultural Dragão Verde e Amarelo e se consolidou como um espaço para a expressão artística de Mariana. Atualmente, ele é realizado pelo Clube Osquindô, Associação Cultural Pequeno Príncipe, Grupo Teatral Caminho do Sol, Escola Estadual João Ramos Filho e Prefeitura de Mariana.
A programação conta com as fases estudantil e nacional. A primeira tem foco nas apresentações de alunos do Ensino Fundamental e Médio das escolas da cidade; e a segunda reúne artistas de todo o país, tanto amadores quanto profissionais.
A partir desta sexta-feira (29) até domingo (1º), as apresentações acontecem em diversos locais da cidade, como a Escola Municipal Wilson Pimenta, auditório do ICHS, Sagarana, Jardim e Centro de Convenções, recebendo artistas de Conselheiro Lafaiete (MG), São João Nepomuceno (MG), Ubá (MG), Rio de Janeiro (RJ), Campinas (MG), Patos de Minas (MG), Belo Horizonte (MG) e muitas outras localidades. Além dos espetáculos, também vão ser realizadas oficinas entre 29 de setembro e 1º de outubro.
Confira a programação completa.