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Hoje é domingo, 19 de maio de 2024

Aldravia pode virar Patrimônio Histórico, Cultural e Imaterial de Minas Gerais

Movimento de Arte Aldravista, criado em Mariana, é reconhecido como a primeira forma de poesia genuinamente brasileira.

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Uma das criadoras da Arte Aldravista, Andreia Donadon no lançamento da Arte Aldravista na exposição ALDRAVINTURAS, no Espaço Cultural do Superior Tribunal de Justiça
Uma das criadoras da Arte Aldravista, Andreia Donadon no lançamento da Arte Aldravista na exposição ALDRAVINTURAS, no Espaço Cultural do Superior Tribunal de Justiça – Foto: Reprodução

O Projeto de Lei nº 381/2023, de autoria do deputado estadual, Thiago Cota (PDT), em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), declara a Aldravia, primeira forma de poesia brasileira, criada em Mariana, Patrimônio Histórico, Cultural e Imaterial de Minas Gerais. O projeto foi recebido pela Consultoria Jurídica da União (CJU) e agora aguarda designação de relator em comissão.

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O Movimento de Arte Aldravista nasceu na Primaz de Minas, em outubro de 2000, a partir do Jornal Aldrava Cultural, criado por Gabriel Bicalho, JB. Donadon-Leal, Andreia Donadon Leal, José Sebastião Ferreira, Lázaro Francisco da Silva e Hebe Rôla, intelectuais e poetas marianenses, que tinham o intuito de democratizar o acesso à literatura e às artes plásticas, seja para produção, seja para leitura.

Para Andreia Donadon, a possibilidade da sua criação se tornar patrimônio do Estado foi recebida de braços abertos, com muita alegria: “Recebemos a notícia da iniciativa do deputado Thiago Cota de propor um projeto de lei que eleva a Aldravia ao status de Patrimônio Imaterial de Minas Gerais com muita alegria. Entendemos que o deputado é atento aos movimentos culturais de Mariana, seu berço político, e comprometido com a valorização da cultura e do patrimônio marianense, visando à sua projeção estadual”, afirmou em entrevista à Agência Primaz.

Criação das Aldravias

Poetas criadores da aldravia em lançamento de livro na Casa de Cultura- Academia Marianense de Letras (da esquerda para a direita, J.S. Ferreira, Gabriel Bicalho, Andreia Donadon Leal e J.B. Donadon-Leal)
Poetas criadores da aldravia em lançamento de livro na Casa de Cultura- Academia Marianense de Letras (da esquerda para a direita, J.S. Ferreira, Gabriel Bicalho, Andreia Donadon Leal e J.B. Donadon-Leal) – Foto: Reprodução

Em setembro de 2010, os poetas criaram as aldravias, uma nova forma de poesia batizada a partir da junção de aldrava, um acessório comum em portas antigas que servia para trancar, bater e abrir as portas, com “vias”, como um caminho a ser seguido. As poesias são minimalistas, compostas por até seis versos univocabulares, sem contar com vírgulas para pausas. Essa forma de poesia foi apresentada em oficinas de criação poética pelos poetas aldravistas em todas as escolas do município de Mariana, em casas de cultura, academias de letras e universidades de vários estados brasileiros, Portugal, França, Espanha e Chile.

Importância da Aldravia

A aldravia é reconhecida como a primeira forma de poesia brasileira pela Academia Mineira de Letras, pela União Brasileira de Escritores e pelos programas de pós-graduação em Letras da Universidade Federal de Viçosa, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Federal de Pernambuco e Cefet-MG.

Além disso, a arte aldravista também é reconhecida no exterior, sendo aclamada pela Academia de Letras de Portugal, pela Academia de Mérito e Devoção Francesa, pela Divine Académie Français de Arts, Science et Culture, pelo Ateneo Literário de Madri, pela Sociedade de Poetas do Chile e pela Câmara de Vereadores de Funchal – Ilha da Madeira.

Segundo a poeta, a aldravia é uma referência cultural brasileira que deve ser ressaltada: “Um projeto de lei que propõe a aldravia como patrimônio imaterial de Minas Gerais é, por si só, um ato de reconhecimento da relevância dessa forma de poesia. Vale ressaltar que é a primeira forma de poesia genuinamente brasileira, e essa primazia torna a aldravia uma referência cultural brasileira. Por isso, Minas Gerais, através do reconhecimento legislativo, propondo um projeto de lei, salvaguarda essa forma de poesia – a aldravia – tornando-a oficialmente, se aprovado o projeto de lei, Patrimônio Mineiro”.

Palestra sobre o Movimento de Arte Aldravista na Academia de Letras do Rio de Janeiro
Palestra sobre o Movimento de Arte Aldravista na Academia de Letras do Rio de Janeiro – Foto: Reprodução

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Aldravia como ferramenta educacional

J.B. Donadon, Andreia Donadon e Gabriel Bicalho em oficina de aldravias na Escola Municipal Paracatu de Baixo
Oficina de aldravias na Escola Municipal Paracatu de Baixo – Foto: Reprodução

O movimento aldravista também proporciona a produção de dezenas de projetos pedagógicos de incentivo à leitura, à escrita criativa, à arteterapia e à ressocialização de detentos, em Mariana, em Minas Gerais, e em outros estados brasileiros.

Em 2022, A Prefeitura de Mariana, em parceria com as Secretarias de Educação e Cultura, assinou o termo de fomento do Projeto do Movimento Arte Aldravista de Mariana, que implementou a arte em todas as escolas da rede municipal de ensino, fomentando a cultura e educação no município através da poesia.

Propósito e expectativas do Projeto de Lei

Segundo o texto do projeto, o propósito da lei se dá “pela consolidação da aldravia como a primeira forma minimalista de poesia genuinamente brasileira, que amplificou a abrangência do movimento aldravista de Mariana para além da promoção das artes plásticas e literárias marianenses, e pela relevância estética e científica dessa forma de poesia, este projeto propõe a declaração da aldravia como patrimônio histórico, cultural e imaterial do Estado de Minas Gerais, como forma de reconhecimento por representar inovação na área da literatura brasileira”.

Thiago Cota, autor do projeto de lei, afirmou contar com o apoio da comissão para a aprovação.

A expectativa agora é de que o Projeto de Lei nº 381/2023 seja aprovado pela comissão: “As nossas expectativas são as de que o projeto de lei seja aprovado pelas comissões legislativas, pelo plenário da Assembleia e sancionado pelo governador do Estado. O Brasil esperou 510 anos para ver nascer a sua primeira forma de poesia, por isso o status de patrimônio é merecido”, destacou Andreia Donadon.

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