Notícias de Mariana, Ouro Preto e região

Hoje é domingo, 19 de maio de 2024

Baias construídas na mancha da barragem Doutor são demolidas em Antônio Pereira

A ação é de responsabilidade da Defesa Civil, com o apoio da Vale

Compartilhe

Sobre fundo branco, a logomarca da Agência Primaz, em preto, e a logomarca do programa Google Local Wev, em azul, com linhas com inclinações diferentes, em cores diversasde cores diversas
Baias construídas na mancha da barragem Doutor são demolidas em Antônio Pereira
Pelo menos três baias estão sendo demolidas em Antônio Pereira pela Defesa Civil, nesta quarta-feira (17) | Foto: Reprodução/ WhatsApp
A comunidade de Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto, foi surpreendida na manhã de quarta-feira (17), com uma operação da Defesa Civil e da Guarda Municipal, com apoio da Vale. Houve a remoção de pelo menos três edificações que estavam localizadas dentro da Zona de Autossalvamento (ZAS). A ação foi feita em cumprimento a uma ordem judicial feita pela Comarca de Ouro Preto.

*** Continua depois da publicidade ***

*** 

Um vídeo publicado por Gislene Costa, que teve uma baia demolida pela operação, viralizou nas redes sociais. Ela condenou o modo como a Justiça concedeu o direito de demolir sua edificação. “Desde a primeira mancha, a baia do meu esposo constou que estava na mancha. A Vale nunca removeu a gente. Simplesmente, queria levar os cavalos do meu filho embora. A gente não concordou. Aí a Vale mandou virem aqui demolir a casa, demolir as baias, os capins que meu esposo plantou para tratar dos cavalos. Não tem cabimento da Justiça ser tão falha assim”, comentou no vídeo.

Confira:

Joicilaine Lorrayne também teve uma baia derrubada pela operação. O local abrigava oito cavalos, dois cômodos com geladeira e colchão, e uma horta. Ela contou que estava na edificação, junto dos seus três filhos, dois meninos (um com sete e outro com um ano de idade) e uma menina (quatro anos), quando a Defesa Civil chegou junto da Guarda Municipal. “Não nos avisaram que viriam. Nós estávamos aqui de manhã cedo para cuidar da horta e levamos um susto vendo um monte de gente. A Vale não deu uma explicação satisfatória ainda, só falou que não tínhamos ordem para construir e ontem a Defesa Civil e a fiscalização vieram nos vizinhos próximos, que têm as baias deles há mais de dois anos. Ontem eles vieram, deram a multa para os vizinhos, mas não nos avisaram e hoje chegaram para tirar”, relatou à Agência Primaz

Segundo Joicilaine, seu marido recebe um auxílio da Vale cujo valor é de um salário mínimo. Ela mora com a família em uma residência próxima à baia que está sendo derrubada, em Antônio Pereira. De acordo com a moradora do distrito, eles possuem a edificação desde 2013, e construíram, recentemente, mais um cômodo. 

As novas construções, feitas após a evacuação, estão sendo derrubadas para que não sejam ocupadas novamente. De acordo com a Defesa Civil, tais pessoas não têm relação com o grupo que morava ali anteriormente e que está sendo indenizado. 

Eles sabem que é proibido, é um local onde já evacuamos uma família anteriormente e eles insistem em fazer baias para poder criar cavalo. A área foi desapropriada há mais tempo. Nós passamos para a fiscalização notificar, mas eles estão errados por dois motivos: construíram dentro da ZAS e está a menos de 50 metros do leito do rio, o que também é proibido”, relatou Neri Moutinho, chefe da Defesa Civil de Ouro Preto, à Agência Primaz

Para Neri, a notificação prévia não cabe neste caso, pois se trata de uma área onde já houve remoção e que os donos das baias já possuem conhecimento da proibição de construções no local. “É uma área que eles já têm conhecimento e já está em processo de indenização da Vale. Eles aproveitaram os finais de semana e os feriados prolongados para construírem dentro da ZAS. Eles fizeram essas construções no fundo, de um modo que ninguém visse”, justificou.

O que diz a Vale

Por meio de nota encaminhada à Agência Primaz, a Vale esclareceu que a ação está alinhada com o que está previsto na legislação e em determinação judicial, para contribuir com a segurança das pessoas e dos imóveis evacuados na ZAS da barragem Doutor. “A ação é coordenada da Fiscalização de Patrimônio Obras e Postura, Guarda Civil Municipal, Polícia Militar e Defesa Civil Estadual e Municipal, com o apoio da Vale, para a liberação de áreas que estão indevidamente ocupadas em Antônio Pereira”.

A Vale ainda informou que, após a evacuação, haverá o cercamento do entorno com barreiras físicas para impedir invasões. O fechamento integral da ZAS vai acontecer gradativamente. O trecho da MG-129 que está dentro da ZAS permanecerá liberado para tráfego.

***