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Hoje é sábado, 18 de maio de 2024

Liga Esportiva de Mariana faz preparativos para retorno do futebol amador

Curso de capacitação de arbitragem é a primeira medida prática da nova diretoria da Liga Esportiva de Mariana

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Instrutor do curso de capacitação, durante aula prática realizada no campo do Guarany F. C. – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz
A Liga Esportiva de Mariana (LEMA) promoveu, nos dias 06, 07 e 09 deste mês, um curso de capacitação de arbitragem, como etapa preliminar para a retomada das competições de futebol na cidade. Ministrado por Joel Tolentino da Mata Júnior, o curso teve duração de 7h30 de aulas teóricas e 3h de aulas práticas, com participação e aprovação de 31 árbitros e auxiliares, incluindo seis mulheres.

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Com a experiência de 23 anos como árbitro de futebol, oito dos quais integrando o quadro da CBF, Joel Tolentino é Diretor-Presidente da Escola de Arbitragem da Federação Mineira de Futebol (FMF) e instrutor técnico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), sendo o responsável pelos cursos de formação e de capacitação oferecidos pela FMF. Ele esclarece que, no caso das ligas amadoras filiadas, os cursos de capacitação são importantes para o desenvolvimento do esporte, ressaltando que também constituem oportunidade para a revelação de novos talentos na área. “A gente trabalha na formação dos árbitros, tanto no curso de formação, que é de meses, realizado em Belo Horizonte, como os cursos de capacitação, que nós damos como suporte para as ligas filiadas à federação. Na verdade, com a capacitação, a gente quer, principalmente, trazer para os árbitros como eles devem entender a regra, para ser aplicada dentro do campo de jogo. Se a gente for pedir a opinião de todo mundo, cada um tem uma. E se a gente pedir a opinião sobre regra, cada um tem uma e a regra não quer saber a nossa opinião, a regra tem uma maneira de se interpretar e de se aplicar. É isso que a gente traz. E, quem sabe, conseguimos resgatar um árbitro para poder levar para os quadros da federação e se tornar profissional”.

Mesmo com grande experiência, Joel mostrou-se surpreendido positivamente com o empenho da turma participante do curso, em mariana, ressaltando a presença das mulheres e seu empenho em ocupar também esse espaço. “Nos dois dias anteriores, eu acho que a participação foi muito boa, com grande interesse e muitas perguntas para sanar as dúvidas. Em relação às mulheres, nós temos aqui em Minas Gerais, uma árbitra e uma assistente FIFA [Fédération Internationale de Football Association ou Federação Internacional de Futebol]. E as mulheres, como se diz, estão ocupando seus espaços cada vez mais. E vale lembrar, lugar de mulher é onde que ela quer, não é? Se ela tiver competência, e todas estão tendo, vai estar dentro de campo, coordenando e administrando uma partida de futebol”, declarou Joel Tolentino à reportagem da Agência Primaz, antes de iniciar a aula prática.

Postura, relacionamento com os atletas, sinalização e posicionamento em campo

A aula prática foi iniciada com uma simulação da entrada em campo da equipe de arbitragem – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

A primeira atividade da aula prática foi direcionada à postura da equipe de arbitragem, tanto em termos de sua chegada ao local do jogo, quanto em relação à entrada em campo e aos procedimentos para o início da partida. Aspectos como a chegada conjunta do árbitro e auxiliares e à falta de necessidade de muita conversa preliminar foram bastante enfatizados. “Os jogadores vêm ao campo para jogar e sabem as regras, ou deveriam saber. Quanto menos conversa melhor. Chama os capitães, cumprimenta, deseja boa sorte, faz o sorteio e dá início ao jogo”, recomendou Joel Tolentino. Depois da entrada de 10 trios, o instrutor questionou o que havia faltado a todos eles e, em tom de brincadeira, questionou como eles teriam condição de dar início ao jogo, uma vez que nenhum trio havia entrado com a bola.

Joel Tolentino dedicou grande parte da aula prática simulando situações de jogo em diferentes partes do campo para instruir os participantes do curso sobre posicionamento, enfatizando a importância da distância a ser guardada em relação às ações com bola, bem como em termos de visualização dos auxiliares. Com a ajuda de alunos, detalhava diferentes situações, estimulando a participação de quem se colocava como árbitro, corrigindo as eventuais falhas cometidas, ressaltando a forma correta de deslocamento e de posicionamento para obter a melhor visão de cada lance, sem que interferir fisicamente na dinâmica do jogo.

Uma situação particular, a cobrança de pênalti, foi repetida diversas vezes, inicialmente deixando que os alunos assumissem a condução da jogada, mas finalizando com uma demonstração prática dos procedimentos e posicionamento correto.

Simulação de cobrança de pênalti, com um aluno atuando como árbitro – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz
Joel Tolentino, como árbitro, exemplificando os procedimentos corretos na cobrança de pênalti – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

O terceiro ponto de destaque da aula prática foi a questão da sinalização, tanto para árbitros quanto para auxiliares, com várias repetições de como sinalizar corretamente as marcações, de modo a não deixar dúvidas, ressaltando como o a maneira correta dos gestos de mão e sinalizações com as bandeirinhas.

Avaliação da capacitação

A reportagem da Agência Primaz conversou com alguns participantes do curso e todos elogiaram a iniciativa, mesmo aqueles que já atuavam anteriormente como árbitros ou auxiliares. “É gratificante ter um curso desse na nossa cidade, porque quem é árbitro está tendo mais conhecimento, e cada dia a gente está aprendendo mais. E para quem [ainda] não é, o conhecimento, o aprendizado é muito interessante. Eu falo que todo ano a gente tinha que ter. É como fosse uma reciclagem para nós árbitros, porque a regra sempre está mudando. Todo ano a regra muda, e é sempre bom a gente ‘tá’ fazendo esse tipo de curso”, afirmou Henrique Modesto, que já participava, como auxiliar de arbitragem, dos campeonatos promovidos pela LEMA antes da pandemia.

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Também o presidente da LEMA. Aloísio Caburé, comemorou o sucesso do curso, lamentando apenas que alguns inscritos, por compromissos de trabalho ou estudo, não tenham participado da aula prática, revelando que vai ser estudada uma forma de complementação para eles e posterior aproveitamento pela entidade responsável pelo futebol amador na cidade. “Esse é o primeiro passo, a gente está arrumando a casa ainda. O nosso plano de trabalho foi aprovado, pela Prefeitura e a gente dar início às competições. E nesse primeiro curso de capacitação de arbitragem, eu fiquei muito satisfeito com a participação. Quase 40 pessoas estiveram participando, alguns não vieram hoje por causa de horário de trabalho e estudo, mas fiquei muito feliz com essa participação. Pela primeira vez nós tivemos mulheres inscritas e aprovadas”, comemorou.

Caburé também declarou que assumiu o compromisso de repetir a atividade a cada ano de seu mandato, prometendo que Mariana vai voltar a ter campeonatos bem-organizados, inclusive em categorias de base. “Isso é uma promessa que eu tinha feito: todo início de temporada nós vamos estar trazendo Joel, ou algum outro árbitro qualificado da federação. É um acordo que eu fiz com os clubes e, se Deus quiser, ano que vem, estaremos aí para fazer novamente a qualificação. e qualificando, que ganha só o futebol de Mariana. É esperar agora liberar a verba [da Prefeitura] e fazer os melhores campeonatos que Mariana merece e vai ter. Já temos reuniões marcadas para ter categoria de base e vamos fazer isso em parceria com a Secretaria de Esportes”, finalizou Caburé.

Participantes do curso de capacitação, instrutor e presidente da Lema, em registro após a realização da aula prática – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz
Aloísio Caburé e Joel Tolentino, comemorando o sucesso da iniciativa – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Repórter em campo

Das oito mulheres inscritas, seis completaram a capacitação. Entre elas, Hellen Perucci, repórter da Rádio Real FM, de Ouro Preto, apaixonada por esportes e, principalmente futebol. “Estou aqui para adquirir conhecimento, para poder agregar mais ao “Real Esporte Clube”. Eu acredito que o jornalista, em qualquer editoria, tem que ser versátil, ele tem que aprender a lidar com tudo. E não adianta eu ir para campo fazer coberturas de arbitragem e não fazer críticas com fundamento, né? E nada melhor que saber o regulamento para poder criticar”, esclarece.

Hellen Perucci, repórter da Rádio Real FM, atenta às demonstrações dos utilizados pela auxiliar de arbitragem – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Hellen fez elogios ao curso, desejando que sejam programadas novas edições. “[Gostei] demais [do curso], é uma estrutura impecável. A gente teve aulas teóricas muito completas. Fizemos a prova, aí sim viemos para a prática. Eu achei uma didática fantástica do Joel. E podia ter mais [cursos] aqui em Mariana, para as pessoas poderem aprender. Porque eu, por exemplo, como leiga e apaixonada por futebol, agora eu sei como criticar um árbitro e até quando eu achar que erraram eu vou pensar duas vezes”.

Mesmo aprovada com uma nota alta, Hellen descarta a possibilidade de atuar como árbitra ou auxiliar. “Aqui eu descobri que, como árbitra ou assistente, eu sou uma ótima jornalista. Definitivamente não é minha vocação. É muita responsabilidade! Aqui a gente pode repetir, perguntar. Mas o árbitro durante o jogo é sim ou não, é vai ou racha. No jornalismo a gente tem a possibilidade de rever o texto, exceto no “ao vivo”, mas a gente pode fazer uma errata, né? E no jogo não, é ali, naquele momento!”, finalizou.

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