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Hoje é domingo, 19 de maio de 2024

Perigos para motoristas e pedestres na Rua Diamantina, bairro Cabanas, em Mariana

Vereadores cobram providências da Secretaria de Obras e Gestão Urbana

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Desníveis entre o asfalto e as grelhas dos bueiros causam incômodos e dificuldade de tráfego, podendo provocar problemas mecânicos e prejuízos – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz
A Rua Diamantina, principal via de acesso ao conjunto de bairros conhecido como “Cidade Alta” de Mariana, convive com o problema dos desníveis entre o piso asfáltico e as grelhas dos bueiros de coleta da água pluvial, causando transtornos e exigindo cuidados dos motoristas para evitar danos aos veículos. Na última reunião da Câmara Municipal, realizada na segunda-feira (07), o assunto foi tema de veementes reclamações dos vereadores, com fortes críticas à Secretaria Municipal de Obras e Gestão Urbana.

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Ao final do expediente formal da última reunião ordinária da Câmara de Mariana, o vereador Manoel Douglas (PV), também conhecido como “Preto”, levantou a questão, reclamando da promessa não cumprida pelo Secretário de Obras, Marcelo Henrique Pinto, desde setembro de 2021. “(…) Um outro tema que eu queria falar rapidamente, é uma cobrança ao Executivo, aproveitando que o Secretário de Governo está aí na Câmara, ‘pra’ fazer uma cobrança que é uma grande reclamação aqui, que é sobre essas grelhas do escoamento, os interceptores de água da rede pluvial aqui do bairro Cabanas. Essa cobrança está muito frequente aqui em cima, e é de tão grande importância que dois vereadores apresentaram a indicação. E eu quero dizer que o Secretário de Obras subiu comigo de carro, no mês de setembro 2021, e falou que na semana seguinte estaria resolvendo esse problema. E até hoje, nada!”, reclamou o vereador.

O povo aqui está revoltado, já teve gente quebrando os carros, teve gente caindo de moto. Teve caminhão de gás, que um dia voltou e quase provoca uma tragédia aqui (Manoel Douglas)

De acordo com edil, a situação já foi denunciada muitas vezes, já tendo ocorrido incidentes que causaram problemas mecânicos em veículos e, até mesmo, uma situação que poderia ter resultado em tragédia. “O povo aqui está revoltado, já teve gente quebrando os carros, teve gente caindo de moto. Teve caminhão de gás, que um dia voltou e quase provoca uma tragédia aqui. Então, eu acho que só vai tomar uma solução aqui ‘pra’ essa demanda aqui do bairro Cabanas, só na hora que acontecer a tragédia. E ninguém vai poder falar que não tinha ciência”, finalizou Manoel Douglas.

A manifestação foi apoiada pelos vereadores Tikim Mateus (Cidadania) e Maurício da Saúde (Avante), também em tom de crítica à demora para a solução do problema. “Parabéns, Preto [vereador Manoel Douglas] pela iniciativa aí. A realidade que essa grelha já está enchendo é o ‘saco’ de todos aí. O meu gabinete também é na Rua Diamantina, eu já cansei de falar, ‘tô’ falando ‘pro’ secretário Marcelo de novo, a máquina veio ‘pra’ arrumar aqui, eu tive aqui no domingo acompanhando, a máquina que entrou e nunca mais voltou. Então o negócio é o seguinte, tudo que começa tem que acabar. O secretário, juntamente com o pessoal que mexe com asfalto, eles [falaram que] não iam aumentar grelhas, iam chanfrar o asfalto ‘pra’ dar a mesma estrutura do asfalto, entendeu? Eles não iam levantar a grelha”, afirmou Tikim.

Referindo-se à outra possibilidade de acesso ao Cabanas e outros bairros, Tikim Mateus comparou a situação da Rua da Cartuxa com a da Rua Diamantina e usou sua própria experiência profissional para ilustrar os perigos que podem ser causados pelo desnivelamento das grades dos bueiros, em relação ao asfalto da via. “O exemplo está dado, se você descer na avenida da Cartuxa, lá na rua principal, você não vê esse declive como tem aqui. Então, já passou da hora de ser arrumado mesmo. Porque, na hora que o ônibus das Cabanas sobe, igual o Preto falou aí, na hora que o ônibus engolir fogo assim, embalar, ele vai voltar ‘pra’ trás. Eu dirijo caminhão, eu sei como é que é, já dirigi caminhão pipa. Então esse caminhão aí que sobe com 50, 40 toneladas, na hora que engasgar, ele vai voltar ‘pra’ trás. Porque ele é obrigado a parar nesse buraco aí com a toneladas e toneladas d’água, igual Preto falou, joga até ‘pra’ cima. Então, passou foi da hora. Parabéns, e tem que cobrar mesmo, já passou da hora, porque só quem mora aqui, passa aqui no cotidiano, sabe como é que ‘tá’ perigoso isso aí”, concluiu.

Maurício da Saúde reforçou as palavras dos colegas, lembrando que se trata de uma rua com tráfego intenso, com grande movimentação de veículos pesados, ressaltando que o assunto já havia sido motivo de indicações de pelo menos dois outros vereadores. “Quero deixar aqui o meu apoio a essa reivindicação do vereador Manoel Douglas. Temos a indicação também do vereador Pedrinho Salete, e do Presidente desta casa, vereador Ronaldo Bento. Realmente nós estamos no dia a dia, né? Passo com o carro, trânsito com o veículo todos os dias nessa via. É uma via de fluxo intenso, é uma via de fluxo de veículos pesados, e realmente precisa de ter uma solução. Eu acreditei que realmente iria ser resolvido esse problema, a máquina esteve [no local], teve um problema mecânico, e depois não voltou para dar continuidade”, informou o vereador.

Às vezes falam ‘não podemos colocar quebra-mola porque é inseguro’, mas a grade de escoamento ‘tá’ muito mais inseguro, causando muito mais transtorno aos pedestres, aos motoristas, do que realmente uma lombada (Maurício da Saúde)

Maurício aproveitou para cobrar providências relacionadas à sinalização da Rua Diamantina, fazendo ainda uma comparação entre os perigos causados pelo desnível nos bueiros e os que poderiam ser ocasionados por quebra-molas. “Então o que a gente pede aqui é em prol da população do bairro Cabanas, ‘pra’ que se possa resolver esse problema. (…) Não adianta aguardar e esperar acontecer algo pior não. Temos que prevenir. Porque são vidas que estão ocorrendo risco. Temos também a questão da sinalização da rua Diamantina, que é preciso fazer o mais rápido possível. (…) Então, que se faça essa análise, que se faça esse estudo, e resolva essas duas questões. Porque, realmente, os ônibus quando trafegam, a gente observa que eles dão aquela falha pior do que o quebra-mola. Às vezes falam ‘não podemos colocar quebra-mola porque é inseguro’, mas a grade de escoamento ‘tá’ muito mais inseguro, causando muito mais transtorno aos pedestres, aos motoristas, do que realmente uma lombada”.

Seguiram-se manifestações dos vereadores Marcelo Macedo (MDB), Fernando Sampaio (PSB) e Zezinho Salete (MDB) sobre o assunto, inclusive com indicações de que a solução deve passar pela retirada das camadas de asfalto que teriam sido sobrepostas, de modo a suavizar a transição entre o revestimento da rua e as grades dos bueiros.

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Acessos à “Cidade Alta”

Situada na região sul da zona urbana de mariana, a chamada “Cidade Alta” é composta pelos bairros Cartuxa, Cabanas, Vale Verde, Santa Rita de Cássia e Santa Clara, com duas possibilidades de acesso ou ligação com as demais regiões: Rua Diamantina ou pelas ruas, Capitão Lúcio, Cartuxa e Ouro Preto, atingindo o ponto onde um grande paredão de pedra estabelece o limite final do conjunto de bairros. Entretanto, exceto talvez pelo bairro Cartuxa, a alternativa mais conveniente e utilizada seja mesmo a Rua Diamantina, devido à pouca largura das ruas Capitão Lúcio e Cartuxa, que permitem tráfego em mão-dupla e são bastante sinuosas e muito íngremes em quase toda a extensão.

A alternativa de acesso à “Cidade Alta” é composta por ruas estreitas, sinuosas e de mão-dupla de tráfego – Imagem: Reprodução/Google Maps

Em visita ao local, nesta terça-feira (08), por volta das 15h, a reportagem da Agência Primaz observou o intenso tráfego de veículos particulares, ônibus, micro-ônibus, vans e caminhões de diversos tipos, mesmo fora dos considerados períodos de pico.

Na subida, o micro-ônibus precisa praticamente parar para passar pelo desnível da grelha do bueiro – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz
Muitos veículos particulares e vans, juntamente com caminhões e ônibus, transformam a Rua Diamantina em via de grande fluxo de tráfego – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Além da intensidade do tráfego de veículos, foi possível observar a dificuldade dos motoristas para transpor as depressões entre o asfalto e as grelhas dos bueiros existentes em três pontos da Rua Diamantina (à altura dos números 648, 660 e 790), especialmente na subida. Além disso, confirmando a hipótese levantada pelos vereadores, em muitos pontos o capeamento da via está praticamente no nível do meio-fio, demonstrando que sucessivas camadas de revestimento foram superpostas.

Além disso, em um dos bueiros, a grelha de um dos bueiros apresenta ruptura total de alguns elementos e desnível entre as chapas. No primeiro caso, existe o risco de rompimento da estrutura, podendo ocasionar acidente com sérios danos aos veículos e, até mesmo aos seus ocupantes, enquanto a ponta da chapa pode rasgar um pneu ou provocar a queda de pedestres. Não bastasse isso, o mesmo bueiro apresenta um vão entre a grelha e a superfície da via, com dimensões suficientes para produzir queda e fratura em transeuntes. Confira as imagens na galeria:

Profissionais do volante

A Agência Primaz conversou com algumas pessoas que transitavam pelo local, mas ninguém concordou em falar publicamente sobre o problema, a não ser para informar que a situação ocorre há muito tempo. Mas, por telefone, ouvimos a opinião de dois motoristas profissionais, acostumados a trafegar no local. Sob condição de não serem identificados e não serem citadas as empresas em que trabalham, ambos afirmaram que a situação é muito preocupante e que apresenta grande potencial de acidentes, bem como exige perícia ao volante, para evitar problemas mecânicos e incômodos aos passageiros. “Na subida, principalmente com lotação cheia, é muito complicado. A gente sobe com o turbo ligado e é obrigado a colocar primeira [marcha] ‘pra’ não quebrar o feixe de molas e não dar solavanco nos passageiros. Mas aí, ‘pra’ arrancar é difícil. E a gente perde o embalo, produzindo lentidão do trânsito morro acima”, afirmou um dos entrevistados, motorista de van.

Nossa outra fonte cita ainda a questão da descida, alertando para o risco de colisão traseira caso haja uma freada brusca provocada por alguém distraído ou que não tenha conhecimento do problema. “A gente conhece o problema e desce com cuidado, desce ‘travado’. Mas uma vez quase bati o ônibus na traseira de um carro de passeio que, por desatenção, ou por não saber da depressão na pista, pisou forte no freio bem na minha frente”, lembrou o motorista de ônibus.

Secretaria de Obras não se manifesta

No mesmo dia da visita à Rua Diamantina, a Agência Primaz encaminhou pedido de informações à Secretaria de Obras, por intermédio da assessoria de Comunicação da Prefeitura de Mariana, questionando a existência de estudos e ações para solucionar o problema. Entretanto, até o momento do fechamento e publicação desta matéria, nenhuma resposta foi apresentada, mesmo tendo decorrido quase 72h do encaminhamento do pedido.

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