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Hoje é sábado, 8 de fevereiro de 2025

Fim de ano traz bons presságios?

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Olhos espantados. Não é a COVID-19. O teclado do bloco de notas salvou este vocábulo: COVID. Acidente terrível. Comoção e especulações, premonições evidentes. Não creio em adivinhações. Deus controla os desígnios. A ideia de Deus transcende. Sol esmaecido. Homens trabalham no esgoto a céu aberto. Um mau cheiro terrível me impede de passar finais de semana na casa de familiares. Meus pais foram pra Cima, no entanto, a casa de baixo é moradia nossa. Cantorias e vídeos nas redes sociais relembram a trajetória de Marília. Não conheci o feminejo. Sono, mas a insônia é imbatível. O homem do Planalto não tem salvação, é pilhérico. A cultura vai bem nas bandas de cá, por lá um caos. Quanta morte por acidentes assombram famílias no país? Ontem, não chorei, apesar do abatimento e cansaço. Abraçar o mundo com as mãos é desamor à saúde e apego ao desnecessário. Palavras e expressões fogem da memória. Sou triste, mas feliz, às vezes. Recolho textos dos meus diários. Escrevi à mão. Rasguei um punhado de anotações. O refazimento é o melhor caminho para aprimorar a escrita. Não sou apegada a determinados textos; coisas da rabugice… Tenho medo de assombrações e dos vivos. Umas terapias para abrandar a covardia, quem sabe? Sinto dores nas mãos. O médico me disse que tenho TOC. Achei que era Tik-Tok. Não sou fã de abreviações. TOC é Transtorno Obsessivo Compulsivo. Acho que todos têm um que de TOC, tristeza, e bipolaridade…. Dizem que fadas são meninas de asas. Dormirei no quintal de casa, depois de colocar pequenos travesseiros para as meninas de asas repousarem. Virão do céu. Pássaros recepcionarão esses seres de luzes. O sol aponta da montanha. Quisera participar do espetáculo da natureza, resta-me apenas a sina de testemunha. Quarto escuro, o dia me espera. Tenho a sensação de viver morosamente. Livro de escritor desfamado (não é difamado!) é pérola sem brilho e serventia ao passatempo. Caí, há algum tempo, no passeio obstaculoso do centro de Mariana, era noite clara. Outro tropeço mais à frente. Mais um membro para a turma do tombo, com certificado autenticado. Ondas de calor sobem pelo corpo. Uma criança me pediu brinquedo de Natal. O último mês do ano prenuncia dias melhores, mais leves, menos pandêmico? Só Deus sabe! Os adivinhadores não têm mapa do destino do mundo nem de ninguém. Frases incompletas deixam margem para complementações absurdas. Não me deixem ir embora… Embora do show! Um dia, vou para Barerema. É terra das fadas; elas vêm de lá. Aqui não é o melhor dos mundos possíveis, é ensaio para a esperança. Novos tempos? Não creio. Mais máquinas e fome. Mais desemprego e doenças. Encontrarão a máquina da longevidade? Meio máquina, meio homem. Se a máquina enguiçar, o corpo fenece. Se o corpo morrer, o corpo vira robô. A tela de minha televisão não tem brilho. Pudera, as notícias não são alvissareiras. Sinto muito pela passagem prematura da famosa, sinto muito pelas vítimas de acidentes, fome, injustiça, comorbidades… Sinto um dó danado dos esquecidos… Será mesmo que fim de ano traz bons presságios?

Picture of Andreia Donadon Leal
Andreia Donadon Leal é Mestre em Literatura, Especialista em Arteterapia, Artes Visuais e Doutoranda em Educação. Membro da Casa de Cultura- Academia Marianense de Letras, da AMULMIG e da ALACIB-MARIANA. Autora de 18 livros
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