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Hoje é sexta-feira, 17 de maio de 2024

“A população reagia negativamente” à concessão, diz ex-concorrente da Saneouro à CPI

Gestor da Águas do Brasil afirma que forte reação contrária da população foi um dos motivos para desistir de enviar proposta

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Gestor da Águas do Brasil diz que impressões negativas com a licitação se confirmaram ao ver Acampamento Fora Saneouro. Foto: Marcelo Sena/Agência Primaz
Gestor da Águas do Brasil diz que impressões negativas com a licitação se confirmaram ao ver Acampamento Fora Saneouro. Foto: Marcelo Sena/Agência Primaz
Na última semana, a CPI da Saneouro realizou três reuniões, mas colheu apenas um depoimento. Enquanto na quarta-feira, as duas testemunhas faltaram às oitivas, a comissão ouviu, na quinta-feira (23), João Luiz de Siqueira Queiroz, responsável legal pela empresa Águas do Brasil. A empresa de Queiróz se interessou em participar do processo licitatório vencido pela Saneouro, mas não chegou a fazer proposta. De acordo com o depoente, o motivo principal dessa desistência foi a forte reação popular contrária à concessão do saneamento básico de Ouro Preto para a iniciativa privada.

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“Na fase de apresentar proposta, nós sentimos. A gente almoçou, jantou, ficou em hotel, pousada e sentiu que existia uma reação [negativa] muito grande da população para esse serviço.” Essas palavras foram ditas por João Luiz de Siqueira Queiroz, durante seu depoimento à CPI da Saneouro, como justificativa por não ter apresentado proposta ao processo licitatório que concedeu a gestão do saneamento básico para a iniciativa privada.

Questionado sobre o desinteresse da empresa na participação do processo licitatório no município, o depoente afirmou haver inúmeros motivos, dentre eles a insatisfação da população com a vinda de uma empresa privada para a prestação dos serviços, o que assustou a empresa, e a incerteza sobre a tarifa. “Tinha uma recomendação que aquela outorga deveria ser usada como uma redução tarifária para ficar uma tarifa com maior modicidade […] como você consegue fazer uma proposta que você nem sabe quanto você vai receber?”, respondeu Queiróz.

O gestor da Águas do Brasil afirmou que a empresa tem experiência em cidades históricas e regiões tombadas, o que gerou um interesse inicial em concorrer ao processo licitatório de Ouro Preto. No entanto, diante da negativa da população à ideia, desistiu de apresentar proposta. “A população reagia negativamente a esse tipo de serviço. Esse foi um dos fatores que nos levou a não fazer a proposta. Não tinha atratividade suficiente”. 

Quanto à outorga, Queiróz disse que ela beneficiaria a população, com uma economia na tarifa, e que o Tribunal aceitou a proposta. Também como decisão do TCE, o valor da outorga deveria ser revertido em modicidade tarifária, a ser feita pela Agência reguladora, que ainda não existia em Ouro Preto. Indagado se era importante a presença da agência, “eu acho que a agência é fundamental, ela tem que existir. Você só vai conseguir ter   continuidade no processo, seriedade, acompanhamento, acompanhando desde a obra à reajustes”, respondeu.

“Por si só a gente já viu que o projeto não era um bom projeto”, diz depoente sobre o edital de licitação do serviço de água em Ouro Preto. Foto: Facebook/CMOP
“Por si só a gente já viu que o projeto não era um bom projeto”, diz depoente sobre o edital de licitação do serviço de água em Ouro Preto. Foto: Facebook/CMOP

Perguntado pelo relator se a indecisão quanto a modicidade tarifária predidicaria o edital e a concorrência com outras empresas, Queiróz disse que sim e que várias empresas se interessaram na concessão mas apenas uma apresentou a proposta,  “por si só a gente já viu que o projeto não era um bom projeto”, completou.

Zoroastro também perguntou se a Águas do Brasil havia feito questionamento em relação ao edital para a Comissão Especial de Licitação. A testemunha disse que a empresa fez impugnações administrativas, que não foram aceitas, e posteriormente foram ao Tribunal de Contas a fim de tentar melhorar o projeto. “Naquele momento a gente enxergou que tinham algumas coisas que não estavam de acordo. A gente tentou melhorar esse edital, para que pudesse vim fazer parte desta licitação, entramos com um embargo junto ao município, que não teve impugnação, não teve efeito, e fizemos uma consulta ao TCE, que resolveu em partes algumas questões que nós havíamos levantado”.

Sobre seu não comparecimento na 14ª reunião, Queiróz afirmou que “de forma nenhuma foi desrespeito à Casa, foi uma questão só de agenda e muito em cima da hora”.

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Ausências de depoente marcam o início da 16ª semana de CPI, em Ouro Preto

A sessão dupla da Comissão Parlamentar de Inquérito de quarta-feira foi marcada por mais duas ausências de depoentes. Flávio Luiz Silva, dono do Portal Transporte Ltda, que participaria como testemunha da 16ª sessão, apresentou atestado médico, concedido pela UPA Dom Orione no dia 21 de setembro, informando o afastamento de 3 dias do convocado por motivos de doença. Já Simão da Cunha Pereira, ex-diretor do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento (IBD), que seria ouvido na 17ª reunião, alegou não ter tomado conhecimento da CPI a tempo de comparecer. A mesma justificativa usada por Simão, foi usada na semana passada por João Luiz de Siqueira Queiróz, da empresa Águas do Brasil, que seria ouvido na 14ª Reunião.

Amostra de água contaminada é apresentada durante a 17ª reunião da CPI. Foto: CMOP
Amostra de água contaminada é apresentada durante a 17ª reunião da CPI. Foto: CMOP

No final da reunião, o vereador Kuruzu (PT) apresentou uma amostra de água recebida no Acampamento Fora Saneouro, instalado na Praça Tiradentes. De acordo com o vereador, a população reclama que a água que chega às caixas possui aspecto de conter traços de fezes. O material foi encaminhado para análise junto à Câmara.

De acordo com o Termo de Intimação do setor jurídico da Câmara Municipal, as ausências podem ser justificadas. As reconvocações foram marcadas para a segunda-feira (27), em uma sessão dupla com início às 13h, ouvindo Flávio Luiz Silva e logo em seguida, às 16h, com o depoimento de Simão da Cunha Pereira. No entanto, a sessão com o ex-diretor do IBD foi cancelada porque nenhum representante do instituto foi localizado para receber a nova intimação.

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