Uma das bandeiras que mais tremulam no jornalismo esportivo brasileiro é a da continuidade do trabalho. Jornalistas, ex-jogadores, comentaristas, enfim, todos os envolvidos no cenário futebolístico do país clamam por isso. Na última quarta-feira, o relacionamento entre Mano Menezes e o Cruzeiro chegou ao fim. Após 1.108 dias no cargo, 235 jogos, sendo 112 vitórias, 69 empates e 54 derrotas e dois títulos da Copa do Brasil, o técnico gaúcho, em comum acordo com a diretoria celeste, entregou o cargo.
A relação da torcida celeste nunca foi a melhor possível com Mano Menezes. O futebol praticado pelo Cruzeiro, austero, que pensa primeiro em não sofrer do que em marcar gols, irritou parte da torcida ao longo de toda a passagem do treinador. Diversas vezes, durante o Brasileirão, a cabeça de Mano foi desejo de alguns torcedores. E o treinador sempre deixou claro a sua preferência pelas competições eliminatórias. Os títulos maquiavam a insatisfação que esteve sempre presente.
As crises minam o relacionamento. Querendo ou não, mesmo tentando blindar o elenco, o momento conturbado internamente afeta o desempenho da equipe em campo.
Mas Mano não pode ser isentado do momento complicado. O Cruzeiro passou de um elenco que tinha como principal característica a saída em velocidade, no contra-ataque, de forma fatal, que aproveitava as poucas oportunidades ofensivas que tinha, por questão de característica, a um time de futebol pobre, apático e pouco efetivo. Falta confiança. Não tem construção de jogo, jogada ensaiada, não sabe o que fazer com a bola nos pés. Isso irrita o torcedor, e com razão.
Mano saiu no momento correto, com tempo de salvar o time que se encontra na zona da degola e que precisa de novos ares. Tanto ele, como o clube. Foram três bonitos anos. Vitoriosos, que entram para a história do clube como um capítulo a ser lembrado.
João Vitor Nunes, 22 anos, jornalista no Jornal Tribuna do Leste e Rádio Manhuaçu, criador do twitter.com/lacancha_fc